segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Morre Campineiro, o pai do Cruzeirão

Jornal Cruzeiro do Sul
Rodrigo Gasparini

Newton Corrêa da Costa Júnior foi um dos mais ilustres esportistas da cidade



Sorocaba perdeu ontem um de seus mais ilustres esportistas. Newton Corrêa da Costa Júnior, o Campineiro, faleceu aos 89 anos de idade. Entre os vários feitos que realizou no esporte da cidade, ele foi o responsável pela criação do Torneio Aberto de Futsal Cruzeiro do Sul, o Cruzeirão, em 1960. A competição, que neste ano foi disputada pela 55ª vez, é considerada a mais importante e tradicional da modalidade em toda a região.

Conhecido como o "pai do Cruzeirão", Campineiro deixou sua marca também em outras modalidades esportivas. Foi ele, por exemplo, quem introduziu no basquete sorocabano a técnica do jump, que consiste em executar o arremesso durante o salto, com a bola sobre a cabeça. Suas histórias estão relatadas no livro que lançou em 2007: Sorocaba / Votorantim - capitais do basquete feminino no Brasil.

Foi justamente o fato de ser um jogador de basquete que trouxe Campineiro a Sorocaba. Nascido em São Paulo e criado em Campinas, ele ganhou o apelido porque iniciou a carreira no Clube Campineiro. Contratado posteriormente pelo Corinthians, conquistou títulos individuais como jogador e passou a treinar as equipes infantis, juvenis e feminina.

Suas atuações chamaram a atenção de Edélsio Del Santoro, atleta que o indicou ao então prefeito Gualberto Moreira para reforçar a equipe que disputaria os Jogos Abertos de 1950. Contratado, Campineiro assumiu também o cargo de técnico do time feminino, que passaria a ganhar a maioria das competições que disputou.

Campineiro tinha a fama de ser exigente e perfeccionista com suas atletas e seu próprio trabalho. Na preleção antes dos jogos, sempre detalhava o time adversário, destacando o ponto forte de cada uma das jogadoras. "Ele montava nossas jogadas para desmontarmos o adversário", conta Neide Sagges, que foi treinada por ele na seleção sorocabana e no CA Votorantim. "Ele sempre foi um apaixonado pelo esporte. Tinha tanta visão que, na época, Sorocaba era a única cidade do Brasil que tinha uma equipe montada somente com atletas locais."



A preocupação de Campineiro com o esporte ia além dos resultados dentro de quadra. Com o objetivo de difundir a prática do basquete, ele e as atletas faziam clínicas da modalidade em escolas da cidade. As crianças que se destacavam eram convidadas a treinar no ginásio municipal. Ficaram conhecidas como as "minhoquinhas" do treinador. "Essa iniciativa dele em Sorocaba passou depois para o Brasil todo. Ele era um coração de ouro", resume Neide. "Só posso agradecer o que esse homem fez. Foi a melhor época da minha vida."





"Pai do Cruzeirão"





Em 1960, Campineiro era diretor municipal de Esportes e queria difundir ainda mais a prática esportiva pela cidade. Foi quando teve a ideia de criar campeonatos de várias modalidades e batizar cada um deles com o nome de um órgão de imprensa. Surgiam assim a Prova Ciclística Diário de Sorocaba, o Torneio de Trios de Basquete Folha Popular, os Jogos Infantis Rádio Cacique, o Torneio Regional de Vôlei Rádio Vanguarda, a Prova de Pedestrianismo Rádio Clube de Sorocaba e o Torneio Aberto de Futsal Cruzeiro do Sul. A estratégia era garantir, ao mesmo tempo, a revelação de novos talentos e a divulgação das competições.



Destes, apenas o Cruzeirão sobreviveu e foi ganhando força ao longo do tempo. Em 1998, numa entrevista ao Cruzeiro do Sul, Campineiro revelou o motivo do sucesso: "O torneio de futsal foi preservado porque teve destaque, apoio financeiro e político. As outras modalidades, que iniciaram na mesma época, não vingaram e acabaram relegadas. Se tivessem continuado, certamente revelariam novos e grandes valores para Sorocaba."



O "pai do Cruzeirão" permaneceu à frente da organização do torneio até 1968. No ano seguinte, a incumbência passou a Rubens Peres Martins, o Panhó, que assumia o cargo de diretor de Esportes. Os dois, assim como Manoel de Souza Oliveira (Neco), Moacir Volpe Filho (Ize) e Noely Monteiro emprestam seus nomes aos troféus transitórios que são disputados ao longo de cada uma das edições do Cruzeirão. Campineiro era a última pessoa viva dos cinco homenageados.





Sepultamento





O corpo de Campineiro será sepultado hoje, às 15h, no Jardim Cemitério Pax -- mesmo local onde ocorre o velório.

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