Jornal Cruzeiro do Sul
José Antônio Rosa
Motivo é a falta de informações sobre pagamento de verbas rescisórias
Ontem, os funcionários fizeram um manifesto na frente do hospital municipal e depois foram à Prefeitura - ADIVAL B. PINTO
Os cerca de 150 funcionários da Santa Casa
de Votorantim decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado a
partir da próxima terça-feira, dia 23, caso não saibam pelo menos quem
deverá assumir a responsabilidade pelo pagamento de suas verbas
rescisórias.
A partir dessa data, a gestão do hospital
passará a ser feita pelo Instituto Moriah, organização social que venceu
o chamamento público aberto pela Prefeitura da cidade no final do ano
passado. Na prática, portanto, os trabalhadores terão o vínculo com a
instituição extinto, mas aqueles que quiserem continuarão a prestar
serviços ao novo gestor.
O presidente do sindicato da
categoria, Milton Sanches, afirmou que o problema é que o ressarcimento
dos direitos trabalhistas correspondentes ao período anterior à mudança
ainda não ocorreu. O impasse acabou por criar situação curiosa: os
profissionais têm praticamente assegurada a continuidade no emprego, mas
correm o risco de precisar reclamar judicialmente para receber o saldo
que lhes é devido. "Temos três alternativas, mas nenhuma quer dar conta
de nos atender", reclamou a fisioterapeuta Elaine Costa. Por contrato, o
Instituto não tem a obrigação de arcar com o pagamento; a Santa Casa
alega não dispor de recursos financeiros e o governo, de acordo com o
prefeito Erinaldo Alves da Silva (PSDB), não poderia usar dinheiro
público sem autorização legal. Calcula-se que o valor necessário à
quitação das obrigações trabalhistas seja de aproximadamente R$ 1,2
milhão.
Até que tudo se resolva, todos aguardam a designação
de audiência no Ministério Público do Trabalho em Campinas. A assessoria
de imprensa do órgão informou que o caso foi distribuído ao procurador
Bruno Augusto Ament, que deverá convocar as partes para a reunião nos
próximos dias. Até lá, os trabalhadores realizarão assembleias diárias,
sempre às 14h, no hospital.
Passeata
Ontem, um grupo de funcionários saiu às ruas e foi até a Prefeitura
acompanhado dos dirigentes sindicais e dos vereadores Marcos Aves, o
Marcão "Papeleiro" e João Queiroz (ambos do PT). Eles foram recebidos
pelo prefeito que, no entanto, não permitiu o acesso dos parlamentares
ao gabinete, mas conversou com funcionários e sindicalistas. "Não tem
problema", disse Joãozinho Queiroz. "Nossa intenção era somar na
discussão e encaminhar, dentro do que nos compete, medidas para apoiar
os trabalhadores. Vamos, agora, e isso já estava acertado antes mesmo de
hoje (ontem) discutir o assunto na Câmara e propor a abertura de uma
Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar possíveis
irregularidades que tenham ocorrido", comentou.
O repasse da
gestão da Santa Casa ao Instituto aconteceu, conforme a administração
municipal, diante da impossibilidade de novo aditamento do contrato com a
instituição. Com a medida, a Prefeitura deverá repassar à entidade R$
861,7 mil mensais. Quando a mudança foi anunciada, a Secretaria da Saúde
informou que não haveria alterações no atendimento prestado pelo
hospital municipal.
O atendimento na Santa Casa cobre as
áreas de clínica médica em internações e cirúrgica, internações em
pediatria e maternidade. Há também cinco leitos de UTI adulto, cujas
vagas têm a supervisão da Central de Regulação de Oferta dos Serviços de
Saúde (Cross), sob gestão estadual. A maternidade também atende as
cidades de Araçoiaba e Tapiraí.

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