O filme "O Clube", de Allan Ribeiro, abre a mostra Sexualidade e gênero em curtas contemporâneos, com curadoria de Rafael Romão - DIVULGAÇÃO
Exposições fotográficas e de pôsteres, palestras, rodas de conversa, exibição de curtas-metragens, performance teatral, além da apresentação oral de trabalhos constam na programação do I Simpósio de Estudos de Gênero e Diversidade Sexual/ IV Semana do Orgulho LGBT da UFSCar, que começa na próxima segunda-feira (6) e segue até quinta-feira (9), em parceria com o Conselho Regional de Psicologia (CRP-Sorocaba). As atividades serão realizadas no edifício ATLab do Campus Sorocaba da UFSCar, localizado no quilómetro 110 da rodovia João Leme dos Santos (SP-264), estrada que liga Sorocaba a Salto de Pirapora. O evento é aberto a toda comunidade e interessados no tema, voltado especialmente para estudantes universitários, militantes de movimentos sociais, pesquisadores e professores da rede pública de ensino. As inscrições vão até o dia de início do evento, 6 de outubro, e o interessado deve preencher formulário disponível no site http:// simposioegds.blogspot.com.br. A programação completa pode ser conferida nesta mesma página.
O evento traz o tema Identidade, corpo e política e, de acordo com a professora Viviane Melo de Mendonça, uma das idealizadoras, é resultado de debates e pesquisas sobre gênero, feminismos e diversidade sexual realizados no grupo de Estudos e Pesquisa sobre Feminismos, Sexualidade e Política; e dos coletivos Mandala (Movimento da UFSCar - Sorocaba na luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero) e Liga Feminista da UFSCar. Esses coletivos são formados não apenas por professores e alunos da universidade, mas também por artistas.
Na segunda-feira, o evento começa às 16h com a exposição fotográfica interativa Devir-Mulher, da jornalista e fotógrafa Tatiana Plens, uma criação artística a partir das imagens produzidas das atrizes e moradoras - e também da carnavalesca Kaká Lorraine, organizadora da escola de samba do Bairro da Chave - , ao longo de cerca de três anos de atuação do Coletivo Cê no Bairro da Chave em Votorantim. "A proposta é que a composição dessas fotografias-recortes possam tecer outras potências para as imagens como matéria de experimentação, provocar um enredamento entre essas figuras e também possibilitar outros olhares para as mulheres, alimentando e dialogando com o processo criativo do Coletivo Cê atualmente em Cunhãntã", defende a artista.
Ainda na segunda, às 19h30, a docente Vanda Aparecida Silva coordena a mesa-redonda Das palavras não ditas e das coisas esquisitas: sociedade, gênero e homofobia.
Na terça-feira (7), às 16h, acontece a mostra Sexualidade e gênero em curtas contemporâneos, com curadoria de Rafael Romão, responsável por selecionar filmes que discutem o assunto, a partir de referências apresentadas em festivais que tratam da diversidade sexual e da mulher. "A ideia com a mostra é tentar provocar reflexões", fala sobre as obras pinçadas em diversos locais do Brasil e de Marrocos também. A programação contará com a exibição das seguintes produções: O clube, de Allan Ribeiro e que abre a mostra na terça, às 16h, seguido por Pryings, de Vito Aconti; Voltando pra casa, de Thiago Kristenmacker, será exibido na quarta-feira (8); Trans*lúcidx, de Tamiris Spinelli, e Quem tem medo de Cris Negão?, de René Guerra, serão apresentados no dia 9. "Destaco, entre eles, O clube, do Allan, em que as fronteiras entre documentário e ficção se misturam. E tem essa questão da vida como performance e da militância."
Rafael Romão também está à frente de outro evento que faz parte da semana, mas ocorre fora do campus, em dois locais: a Exposição sexual que acontece no quinta-feira (9), a partir das 21h, no espaço Quintal Livre e, na sexta-feira (10), no coletivo Txai. "Esse evento reúne 25 artistas de Sorocaba, Rio de Janeiro e Brasília, apresentando a arte erótica em performances, instalações e bandas. Vamos fazer em dois coletivos culturais pois a ideia é que eles conversem mais entre si."
Ainda na programação artística do evento, na quarta-feira, às 19h, o Coletivo Cê apresenta o espetáculo teatral Cunhãntã, no campus da universidade.
Debate
Como explica a professora Viviane, a ideia do evento (que deve ocorrer de dois em dois anos) surgiu este ano com as seguintes propostas: discutir com pesquisadores, feministas e militantes LGBT de Sorocaba e outras regiões as temáticas que eles têm estudado e pesquisado nestes grupos, "e trazer para Sorocaba estas discussões de modo mais ampliado". "É uma atividade que se fundamenta na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, que é um dos princípios da UFSCar, e, por esta razão, tem apoio importante da Pro-reitoria de Extensão, e também do Departamento de Ciências Humanas e Educação e da Pós-graduação em Educação, ambos do recém-criado Centro de Ciências Humanas e Biológica do campus Sorocaba da UFSCar."
A expectativa é que mais de 100 pessoas participem do evento, que recebeu inscritos de São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Rio de Janeiro, Pará e Minas Gerais, e mais de 30 artigos de pesquisadores.
O objetivo, aponta, é contribuir para o fortalecimento do debate sobre relação entre os estudos da diversidade sexual, corpo e gênero, os movimentos sociais, políticas públicas e as políticas identitárias e pós-identitárias. Para tanto, foram convidados para as mesas-redondas e rodas de conversa, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de Minas Gerais, Unicamp e USP, além de representantes do Conselho Regional de Psicologia, e pesquisadores, artistas e militantes da região de Sorocaba.
Entre os palestras, debates e mesas-redondas, destacam-se: As muitas fobias que circulam na mídia, que será apresentado por Iara Beleli, da Unicamp, na segunda, a partir das 19h30 e, Silenciamento das questões de gênero e orientação sexual no Plano Nacional de Educação, apresentado no mesmo dia pela Deputada Federal Iara Bernardi.
Na terça, às 16h30, acontece a roda de conversa Militância LGBT: Desafios e perspectivas, com mediação de Thais Rodrigues da UFSCar e participação do coletivo Mandala, de Sorocaba e coletivo Trá, de São Carlos. No mesmo dia, às 19h, Neusa Mendes Gusmão, da Unicamp, apresenta a palestra Tensões e conflitos na escola: a utopia das diferenças.
Na quarta-feira, às 16h30, a roda de conversa será Ciberativismo e direitos LGBT, com mediação de Daniel Rodrigues da UFSCar. Já à noite, às 19h30, haverá a mesa-redonda Tecnologias de silenciamento das diferenças: Um debate sobre as terapias de conversão, coordenado por Marcos Garcia, também da UFSCar.
No último dia, às 16h30, a roda de conversa discutirá o ativismo trans e, às 19h, o tema da mesa-redonda será Religiosidades, corpo e sexualidades, coordenado por Viviane Melo de Mendonça, da UFSCar.
"É notória a negação dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no Brasil e também há muita resistência para o debate dos direitos LGBT e, consequentemente, para suas conquistas. Portanto, a universidade precisa promover este debate por meio de ações de gestão, ensino, pesquisa e extensão, para que também possa contribuir para superação da discriminação e violência contra a população LGBT." Viviane apontou como bom exemplo desse movimento a aprovação pelo Conselho Universitário (ConsUni) da UFSCar, por unanimidade, em agosto, da regulamentação que assegura o direito de uso do nome social a estudantes, servidores ou qualquer outra pessoa transexual ou travesti que tenha vínculo temporário ou estável com a universidade. "Esta é uma conquista de direitos LGBT, mas precisamos continuar avançando em todos os espaços da sociedade."

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