terça-feira, 2 de dezembro de 2014

VOTORANTIM: a Musa dos Poetas

Votorantim a Musa dos Poetas
Manoel Peres Sobrinho*
 
Se as relíquias fornecem um corpo para o passado da cidade, são as memórias que fornecem sua alma – uma rede invisível e tácita que se esconde por trás das caprichosas curvas do tempo – Elias Thomé Saliba.
Um pouco de pesquisa, nos leva à compreensão mais detalhada do significado da palavra "musa" que usamos neste texto. Para os gregos eram nove as musas que inspiravam cada uma das Artes ou Ciências: 1. Terpsícore (dança), 2. Erato (poesia lírica), 3.  Euterpe (música), 4. Polímnia (música sacra), 5. Melpômene (tragédia), 6. Tália (comédia), 7. Calíope (Eloquência), 8. Clio (História) e 9. Urânia (Astronomia). A palavra grega mousa significa "canção" ou "poema". As musas habitavam no templo Museion, termo que deu origem à palavra "museu" definido como o local de preservação das artes e ciências. A palavra "música" também é derivada de musa, do grego musiké téchne que significa "a arte das musas".
Castro Alves, em sua obra "Espumas Flutuantes" descreve a faina do poeta em sua inspiração e composição: "O Poeta trabalha!... a fronte pálida/ Guarda talvez fatídica tristeza.../ Que importa? A inspiração lhe acende o verso/ Tendo por musa – o amor e a natureza!
Para nós todos que gostamos de escrever, Votorantim é a nossa musa encantada que acende nosso verso para dizermos como a amamos e como queremos descrever sua História e sua Natureza.
Devemos, então, começar por nosso poeta maior, Lecy de Campos que nasceu em Sorocaba, em 11 de outubro de 1913, e nos deixou como herança a letra e a música do Hino de nossa cidade. Nas três estrofes e seu estribilho, a poesia é uma louvação caprichosa e candente de um amor intenso por sua terra. O Autor tece em minúcias todos os seguimentos da cidade do seu coração. Não escapa nada ao seu olho clínico de poeta apaixonado. A sua musa é a bela perfeita que o satisfaz. Descrevê-la é um ato de rendição aos seus encantos. Em seus versos busca lembrar aos pósteros, aos desatentos e, quem sabe, àqueles que a rivalizam com outras, que ela é sem igual, insubstituível e será sempre a sua amada, digna de sua admiração e verve poética. Na frase, "Minha terra tem encantos", da primeira estrofe, é uma síntese, da qual todo o resto poético é o corpo descritivo. Começa de forma retumbante e apoteótico, para deixar claro que sua visão de Votorantim é de total encantamento. E, claro, todos nós concordamos com isso. Da mesma forma e de outras maneiras, outros poetas seguiram as marcas do Presbítero Lecy de Campos.
João Modesto em sua poesia "A Nossa Praça" também se rende aos encantos de sua cidade. Assim descreve a sua terra: "Eu amo Votorantim/ Como se fosse um jardim/ cheio de rosas em botão/ uma cidade querida/ onde eu passo minha vida/ sempre de cabeça erguida/...
Em pesquisa, na Biblioteca Municipal, encontrei alguns textos muito sugestivos para o nosso propósito.
Temos Carlos Donisete de Oliveira que brinca com os nomes dos bairros de Votorantim ao descrever a cidade com o que ele chamou de "Epopeia Votorantinense". Diz-nos o poeta: "Sobre um Mirante dos Ovnis/Clarice avistava um plano Serrano/De uma Vossoroca enorme/Uma Vila Nova, num Green Valley.// Santo Antonio e Santa Helena saíram passear/e encontrar o Novo Mundo/.../ Foram abordados por Lúcifer... O resto da história é só ler o texto completo. Muito interessante, imaginativo e quem sabe, picaresco.
Nilson Santucci, em "Tributo aos Nativos" faz um retorno aos nossos primeiros moradores, e descreve de forma virtual os nossos primórdios: /.../ Voturaty – os nativos/ No calendário da história/ chamavam a queda d'água/ De espumas brancas forjada./.../ Às margens banharam casas/das casas banharam vilas/ e das vilas, a cidade. Finaliza seu trabalho dizendo: "Votorantim alcunhou-se/ As terras da cachoeira/ Terras que um rio banha/ Rio que vem das águas/Águas de espumas brancas/ Chamadas Voturaty.
Paulo Martins de Souza, poeta que dedica seu trabalho à Votorantim onde deseja viver até o fim de seus dias. Em seu texto poético "Votorantim em Glória" deixa claras suas intenções com a cidade que elegeu para amar e decantar em versos: "Votorantim, tu és para mim uma dama/E terra que todo ama/Com amor e emoção/ Como se fosse uma cabocla brejeira/ Nas festas de São João. O seu texto é autobiográfico, lembrando Lima Barreto em seus romances. Com um tom bucólico deixa escapar um arfar de melancolia no seu desconsolo em não ser entendido na sua aventura amorosa com a cidade. Diz o Autor: "E sobre os montes/Nesta terra esparramada/ As casinhas são moradas/ dos que amam isso aqui/ E numa delas/ Mora esse poeta louco/ que acha que é muito pouco/ Gostar de Votorantim.
Como todo mundo escreve, achei que podia fazê-lo também. Assim, saíram alguns textos sobre Votorantim. Da cidade, mesmo, tenho as poesias "A imagem de Votorantim", "Votorantim musa querida", "Votorantim minha paixão" e o poemeto "Votorantim tem folhas verdes". Ainda, os textos poéticos sobre girassóis "Girassóis de Votorantim", e sobre a cachoeira "Fui à Cachoeira" e "Cachoeira da Chave".
Com certeza, deve ter muita gente, que não conhecemos, escrevendo sobre Votorantim. Gente que ama esta terra e que aprendeu que é aqui onde moramos, onde fizemos a nossa vida, onde nos formamos intelectualmente, onde pudemos crescer e vislumbrar tudo o que é possível fazer como pessoa humana.
Nossa cidade merece esse carinho!
(*O Autor é Mestre em "Educação, Arte e História da Cultura" pela Universidade Presbiteriana Mackenzie).

http://mpfragmentos.blogspot.com.br/2014/12/votorantim-musa-dos-poetas.html
 

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