domingo, 4 de janeiro de 2015

Vendaval soma estragos em 25 casas

Jornal Cruzeiro do Sul
Carolina Santana


A família de Fernando Luís já gastou R$ 1,5 mil em materiais para os reparos da casa

Vinte e cinco casas foram atingidas pelo vendaval que castigou o bairro São Matheus, em Votorantim, na tarde de sexta-feira. Segundo a Defesa Civil do município são cinco os imóveis mais atingidos, sendo um sobrado em construção que desabou parcialmente e outras quatro casas no seu entorno. Nenhuma delas foi interditada por comprometimento na estrutura mas, pelo menos duas dessas residências, não estão habitáveis por falta de telhado. Os desabrigados passaram a noite na casa de parentes e a única vítima, uma mulher de 20 anos que teve rompimento no ligamento do joelho direito, teve alta médica na manhã de ontem.

Secretário de Mobilidade Urbana, que engloba a Coordenadoria de Defesa Civil do município, Milton Moreira, afirma que as famílias foram cadastradas pela Secretaria da Cidadania e que a Prefeitura disponibilizou máquinas e caminhões para a retirada dos entulhos do bairro. "Com a orientação dos nossos técnicos, os próprios moradores estão fazendo a limpeza dos imóveis", diz. Segundo Moreira, a ventania ainda derrubou uma árvore de médio porte e arrancou dezenas de galhos de outras árvores. Entre amanhã e quarta-feira, informa o secretário, técnicos da Prefeitura percorrerão o bairro para um levantamento detalhado dos estragos causados pelos ventos.
O sábado foi de reconstrução no bairro São Matheus. Moradores, parentes e amigos, em sistema de mutirão, aproveitaram o dia para reconstruir principalmente os telhados atingidos pelo vendaval. O pintor Adilson Ribeiro Fernandes, 36, estava com a esposa e a filha de 20 dias de vida na casa de familiares em Piracicaba. "A vizinha me ligou contando o que tinha acontecido. Viemos assim que soubemos", diz. A casa de Fernandes foi a mais atingida. "O que sobrou foi um armário da cozinha. De resto, perdemos tudo. Não sei o que vou fazer. Estou pensando em fazer um empréstimo. O dono (do sobrado que caiu) disse que vai ressarcir, arcar com os prejuízos, mas ainda não sei como vai ficar", lamenta.

Na hora do vendaval, o gráfico Humberto Andrade estava sozinho com a esposa, Shirley Arantes Andrade, 37. A casa dele foi uma das atingidas pela queda do sobrado em construção. "Abracei ela e nos protegemos perto do batente da porta, tentamos encontrar um local seguro mas ali foi onde ficamos", conta. "Por onde a gente corria caía telha. Foi um susto, um desespero, ainda bem que só estávamos nós, as crianças estavam todas fora, passeando", conta a esposa. Para refazer o telhado, o casal gastou R$ 380 e a mão de obra ficou por conta de parentes e amigos. O valor, segundo o gráfico, será ressarcido pelo proprietário do imóvel que caiu.
A irmã de Fernando Luís, 28, Juliana, 20, foi a única vítima do vendaval e da queda do imóvel. Ela sofre rompimento do ligamento do joelho e está na casa de uma tia. A jovem teve alta médica ontem pela manhã. "Ela me contou que saiu para socorrer o cachorro e viu que a viga da construção iria cair em cima do quarto da minha mãe. Então ela correu para dentro para tirar as crianças e com a perna machucada ainda conseguiu tirar os dois e esperar o socorro na rua", explica. No momento da queda Juliana cuidava de dois sobrinhos de dois e seis anos de idade. Apenas para a reconstrução do telhado e recolocação da caixa de água, a família de Fernando já gastou R$ 1,5 mil. "Ainda temos que ver os eletrodomésticos. Estragou o som, computador, televisão, perdemos muita coisa", comenta.

Vendaval

Marcelo Schneider, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), afirma não ter registro na sexta-feira de ventos ou chuvas atípicas para esta época do ano em Votorantim. Segundo ele, a região, assim como todo o Estado de São Paulo, foi atingida por tempestades localizadas, fato normal no verão brasileiro. "Provavelmente foi um temporal típico do verão", diz. Com as altas temperaturas formam-se nuvens carregadas que provocam correntes de ventos. "Esses ventos chegam à superfície e quanto maior for a chuva, maior a intensidade do deslocamento de ar e, consequentemente, do vento", pondera. Para hoje, a previsão do instituto é que continuem as altas temperaturas com ocorrência de pancadas fortes de chuva.

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