quinta-feira, 16 de abril de 2015

Protesto paralisa Sorocaba e Votorantim

Jornal Cruzeiro do Sul
Giuliano Bonamim

Paralisação dos motoristas em protesto contra o projeto de terceirização pegou a população de surpresa




Sorocaba e Votorantim viveram ontem uma manhã de caos. Ambas as cidades ficaram sem o transporte público urbano devido a uma ação articulada pelo Sindicato dos Rodoviários contra o projeto de lei 4.330, cujo texto amplia as possibilidades de terceirização nas empresas. A paralisação pegou de surpresa os usuários do sistema, provocou congestionamentos, encheu as calçadas de pedestres e atrapalhou o acesso das pessoas ao trabalho. A situação só começou a ser normalizada às 10h com o retorno dos ônibus às ruas.
Durante a manhã, os veículos ficaram retidos nas garagens da Sorocaba Transportes Urbanos (STU), do Consórcio Sorocaba e do Grupo São João - que atende Votorantim. O sindicato promoveu uma assembleia na frente de cada uma das três empresas, explicou o motivo da paralisação aos motoristas e liberou a saída dos ônibus de forma simultânea.
O secretário geral do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, Gileno dos Santos, explicou o motivo de a paralisação não ter sido comunicada com antecedência à população. "Protesto, realmente, é assim mesmo. Não tem como avisar 72 horas antes porque não é uma greve", conta.

O prefeito de Sorocaba, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), comentou que o sindicato tem todo o direito de manifestação, mas não respeitou a legislação por ser o transporte um serviço público essencial. Segundo ele, caberá à Justiça decidir se haverá punição à entidade.

A falta de ônibus encheu de carros as principais vias de Sorocaba durante o horário de entrada dos trabalhadores nas empresas e indústrias. Uma fila de veículos foi formada na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes em direção à zona industrial. O movimento também foi intenso na avenida São Paulo, no sentido rodovia Raposo Tavares (SP-270), e nos arredores do Parque das Águas. No local houve uma concentração de fretados, desviados dos respectivos destinos pelos sindicalistas.
Ambos os terminais de Sorocaba foram fechados durante a madrugada, assim que a Prefeitura foi comunicada da paralisação por meio do sindicato. O acesso foi bloqueado para evitar o gasto desnecessário por parte dos usuários do sistema, já que a ausência de ônibus não tinha horário para terminar.

A recepcionista Giseli Sacoman, 34 anos, chegou a perder o dia de trabalho devido a falta de transporte. Ela mora na Vila Garcia, em Votorantim, e conseguiu uma carona até o terminal São Paulo, em Sorocaba.
O objetivo era encontrar algum ônibus no local para seguir ao bairro Trujillo, onde trabalha, mas desistiu de esperar. Por telefone, a recepcionista conversou com a chefia e decidiu retornar a pé para casa. A caminhada duraria aproximadamente uma hora. "Não tive outra opção", lamentou.

O técnico em informática Fábio Rodrigues Proença, 25, precisou de muita paciência para conseguir chegar ao trabalho, no Jardim São Paulo, em Sorocaba. Ele aguardou a passagem do ônibus durante toda a manhã em um ponto na rua Doutor Álvaro Soares. Ao observar o retorno dos carros às ruas, após a paralisação, seguiu a pé ao Terminal Santo Antonio. "Isso atrapalhou muito a minha vida hoje", afirmou.

Já a doméstica Sandra Bastos, 40, apoiou a paralisação. "É um direito deles", conta. Apesar da aprovação, ela ficou retida no terminal de Votorantim à espera dos ônibus. No mesmo local, a vendedora Jaila Guerra, 31, precisou da ajuda do marido para ir trabalhar. "Ele deixou o serviço para me pegar aqui", diz.

Táxis e bicicletas foram alternativas

Sem ônibus nas ruas, a solução para quem pode desembolsar um dinheiro a mais foi acionar o serviço de táxi. O presidente do sindicato da categoria, Antônio Rodrigues, disse que todos os 281 veículos disponíveis em Sorocaba foram acessados durante a manhã. De acordo com o dirigente, um motorista somou um total de 16 corridas durante o tempo de paralisação do transporte público.
O taxista Willyan Ribeiro de Lara não conseguiu cumprir todos os chamados por telefone ou pela internet, pois muitos pedestres o pararam na via pública. O aumento do número de passageiros, segundo ele, foi de 100%. "Estou desde às 5h30 na rua e já passaram umas 25 pessoas pelo táxi", estimou ontem de manhã. Ele chegou a atender, ao mesmo tempo, até quatro clientes com destinos diferentes.

A auxiliar de cadastro Tamires Yuri Miyazaki, 20, tentou acionar um táxi para chegar ao trabalho, mas todos os telefones estavam ocupados. Ela mora em Piedade, viaja de van até Sorocaba e costuma pegar um ônibus no terminal São Paulo até o trabalho na avenida Itavuvu.

A paralisação também atraiu pessoas em busca de um lucro extra. No terminal de Votorantim, um homem com uma perua Kombi ofereceu transporte até o terminal São Paulo por R$ 5.

Outra solução foi acionar as bicicletas públicas de Sorocaba. Pela manhã, os pontos situados nas praças Nove de Julho e Coronel Fernando Prestes ficaram vazios. (Com Thiago Arioza)


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