terça-feira, 12 de maio de 2015

UFSCar realiza a primeira edição da Ocupação Afro

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama


Trechos do espetáculo Cunhãntã, do Coletivo Cê, serão encenados amanhã - TATIANA PLENS / DIVULGAÇÃO

Com show da rapper Thaís de La Virgínia e intervenção com fragmentos do espetáculo teatral Cunhãntã, do Coletivo Cê, o Núcleo de Extensão em Gênero, Relações Raciais e Arte "Tereza de Benguela" (N.E.G.R.R.A) da UFSCar Sorocaba realiza a primeira edição da Ocupação Afro. O evento acontece hoje e amanhã no auditório da UFSCar Campus Raposo (Rodovia João Leme dos Santos, Km 110) e é aberto a todos os interessados.

A apresentação de Thaís de La Virgínia ocorre hoje, às 13h. Às 17h, o público interessado poderá participar de oficina de turbante. Já às 18h30, haverá roda de conversa com a psicóloga Jarid Arraes e a filósofa Djamila Ribeiro. De acordo com Denise Teófilo, estudante de Economia e uma das organizadores da Ocupação Afro, o debate terá como tema "Mulher negra e os reflexos do Brasil de hoje" e vai envolver questões transversais como o machismo e a redução da maioridade penal.

Amanhã, às 19h, a Ocupação Afro prossegue com roda de conversa com o psicólogo Marco Pereira e representantes das atléticas das universidades de Sorocaba. Denise antecipa que o debate, realizado na véspera do 13 de março, data da Abolição da Escravatura, visa chamar a atenção da sociedade sobre a cultura universitária, segundo ela, pautada nos regimes de servidão e da escravidão. "Inclusive as festas em universidades realizadas em 13 de março são chamadas de "libertação dos bichos". Isso é uma chacota à Lei Áurea que ajuda a manter o preconceito", comenta Denise, citando notícias de trotes universitários violentos e até a existência de clãs fundamentalistas formadas por alunos.

O evento termina amanhã, às 21h15, com a apresentação da performance baseada no espetáculo teatral Cunhãntã do Coletivo Cê. Resultado de uma pesquisa sobre a presença das mulheres no processo de formação do Bairro da Chave, em Votorantim, o espetáculo apresentado por Daiana de Moura e Mariana Rossi ecoa fragmentos das contrastantes personagens Corina e Otávia, do livro Parque industrial de Patrícia Galvão, das próprias atrizes e de duas operárias entrevistadas pela companhia teatral.

De acordo com Denise Teófilo, a primeira edição da Ocupação Negra tem como objetivo "afrobetizar" a universidade e a sociedade em geral. "A ideia é alfabetizar pela vivência", explica a estudante, que à frente do N.E.G.R.R.A deverá promover uma série de eventos semelhantes ainda neste ano.

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