domingo, 28 de junho de 2015

Sofia deve ter alta até a próxima terça-feira

 Jornal Cruzeiro do Sul
Regina Helena Santos

Sofia já se alimenta pela boca com fórmulas lácteas e papinhas de legumes e frutas - Reprodução/Facebook

A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, que em abril passou por um transplante multivisceral no Jackson Memorial Medical, em Miami, nos Estados Unidos (EUA), deve receber alta hospitalar até a próxima terça-feira, dia 30. Na página na menina no Facebook e em conversa com o Cruzeiro do Sul, a mãe de Sofia, Patrícia Lacerda, confirmou uma notícia que, segundo ela, foi muito aguardada pela família: o fim da necessidade de alimentação parenteral da bebê, o que acontecia desde sua primeira semana de vida. "Assim como o transplante, foi um dia muito esperado."

Segundo Patrícia, Sofia já se alimenta pela boca com fórmulas lácteas e papinhas de legumes e frutas. Porém, como só agora, com um ano e meio de idade, a bebê tem tido essa experiência, ainda estranha a alimentação. O estímulo e a comida por vias normais são dados diariamente, mas como a quantidade ingerida ainda não é suficiente para manter Sofia saudável, existe um acesso que garante a colocação do alimento diretamente no sistema digestivo. Não mais o alimento especial, mas o normal de um bebê que está aprendendo a comer. "Mas logo também não precisará, ela vai aprender comer bem. O próximo passo é ela comer o suficiente para não precisar mais da gastro", disse Patrícia. Sobre o intestino, os médicos ainda mantêm em Sofia uma colostomia, pela qual são eliminadas as fezes, mas ela também já evacua normalmente na fralda. "Hoje ela já sabe, mas não consegue também fazer o suficiente por baixo como deveria. Mas todos os dias ela suja uma fralda. Isso é questão de tempo até ela aprender." Aliás, segundo Patrícia, ver a primeira fralda suja da filha foi um dos momentos mais emocionantes para ela, pois comprovou que o organismo com os seis órgãos doados e transplantados - fígado, pâncreas, duodeno, estômago, intestino grosso e intestino delgado - estava funcionando. "Tomei um susto e saí mostrando para todo mundo no hospital", disse Patrícia ao Cruzeiro.
Um ano depois da transferência de Sofia para tratamento dos Estados Unidos, realizada na madrugada do dia 2 de julho de 2014, Patrícia avalia que tudo o que aconteceu foi um milagre. "É um sentimento de dever cumprido. Tudo que queríamos era ver ela bem, sem dores,comendo fazendo tudo que uma criança faz... e hoje estamos vivendo isso. Ela é nosso milagre." A mãe conta que segundo a equipe médica, formada pelo brasileiro Rodrigo Vianna, "ela está superando as expectativas com sua evolução. Ela tomará remédios para o resto da vida e se tiver um acompanhamento bom os riscos diminuem muito". Depois da alta hospitalar, Patrícia, Sofia e o pai, Gilson Gonçalves da Silva, devem permanecer nos Estados Unidos por mais dois anos, tempo necessário para o acompanhamento da bebê após o transplante.
Sofia nasceu no dia 24 de dezembro de 2013 com a síndrome de Berdon, uma doença rara que compromete o funcionamento de todo o aparelho digestivo. Seu único tratamento é o transplante de múltiplos órgãos, que hoje já é realizado com sucesso nos Estados Unidos. Na Justiça, a família garantiu o pagamento do tratamento no exterior, orçado em R$ 2,2 milhões, pelo Ministério da Saúde.


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