Jornal Cruzeiro do Sul
Regina Helena Santos
Sofia já se alimenta pela boca com fórmulas lácteas e papinhas de legumes e frutas - Reprodução/Facebook
A bebê Sofia Gonçalves de Lacerda, que em abril passou por um
transplante multivisceral no Jackson Memorial Medical, em Miami, nos
Estados Unidos (EUA), deve receber alta hospitalar até a próxima
terça-feira, dia 30. Na página na menina no Facebook e em conversa com o
Cruzeiro do Sul, a mãe de Sofia, Patrícia Lacerda,
confirmou uma notícia que, segundo ela, foi muito aguardada pela
família: o fim da necessidade de alimentação parenteral da bebê, o que
acontecia desde sua primeira semana de vida. "Assim como o transplante,
foi um dia muito esperado."
Segundo Patrícia, Sofia já se alimenta pela boca com fórmulas
lácteas e papinhas de legumes e frutas. Porém, como só agora, com um ano
e meio de idade, a bebê tem tido essa experiência, ainda estranha a
alimentação. O estímulo e a comida por vias normais são dados
diariamente, mas como a quantidade ingerida ainda não é suficiente para
manter Sofia saudável, existe um acesso que garante a colocação do
alimento diretamente no sistema digestivo. Não mais o alimento especial,
mas o normal de um bebê que está aprendendo a comer. "Mas logo também
não precisará, ela vai aprender comer bem. O próximo passo é ela comer o
suficiente para não precisar mais da gastro", disse Patrícia. Sobre o
intestino, os médicos ainda mantêm em Sofia uma colostomia, pela qual
são eliminadas as fezes, mas ela também já evacua normalmente na fralda.
"Hoje ela já sabe, mas não consegue também fazer o suficiente por baixo
como deveria. Mas todos os dias ela suja uma fralda. Isso é questão de
tempo até ela aprender." Aliás, segundo Patrícia, ver a primeira fralda
suja da filha foi um dos momentos mais emocionantes para ela, pois
comprovou que o organismo com os seis órgãos doados e transplantados -
fígado, pâncreas, duodeno, estômago, intestino grosso e intestino
delgado - estava funcionando. "Tomei um susto e saí mostrando para todo
mundo no hospital", disse Patrícia ao Cruzeiro.
Um ano depois da transferência de Sofia para tratamento dos Estados
Unidos, realizada na madrugada do dia 2 de julho de 2014, Patrícia
avalia que tudo o que aconteceu foi um milagre. "É um sentimento de
dever cumprido. Tudo que queríamos era ver ela bem, sem dores,comendo
fazendo tudo que uma criança faz... e hoje estamos vivendo isso. Ela é
nosso milagre." A mãe conta que segundo a equipe médica, formada pelo
brasileiro Rodrigo Vianna, "ela está superando as expectativas com sua
evolução. Ela tomará remédios para o resto da vida e se tiver um
acompanhamento bom os riscos diminuem muito". Depois da alta hospitalar,
Patrícia, Sofia e o pai, Gilson Gonçalves da Silva, devem permanecer
nos Estados Unidos por mais dois anos, tempo necessário para o
acompanhamento da bebê após o transplante.
Sofia nasceu no dia 24 de dezembro de 2013 com a síndrome de Berdon,
uma doença rara que compromete o funcionamento de todo o aparelho
digestivo. Seu único tratamento é o transplante de múltiplos órgãos, que
hoje já é realizado com sucesso nos Estados Unidos. Na Justiça, a
família garantiu o pagamento do tratamento no exterior, orçado em R$ 2,2
milhões, pelo Ministério da Saúde.

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