Estudante, de 20 anos, vai usar nota do exame para bolsa no Prouni.
Beatriz ficou satisfeita com desempenho na prova
deste sábado (Foto: Arquivo Pessoal)
A universitária Beatriz Arantes, que está fazendo tratamento contra a leucemia mieloide aguda (LMA), está otimista em relação ao desempenho que terá no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (25). A jovem contou ao G1 que achou o primeiro dia de prova mais fácil do que em 2012, última vez que prestou o exame. "A primeira parte até que foi tranquila, só tive dificuldade em química. Hoje serão as questões de português e matemática, que tenho mais facilidade, além da redação. Acredito que o tema seja relacionado à imigração ou à corrupção no país", opina.
Ela fará a prova novamente em uma sala separada, assim como outros participantes com necessidade de atendimento especial ou específico. "[No sábado] Ao chegar, procurei a coordenação. Já estavam me esperando e sabendo da situação. Fui até a sala que estava inscrita para assinar a lista de presença, mas logo voltei para a sala especial, onde tinha uma mesa redonda e ar condicionado. Deu tudo certo", comemora.
No primeiro dia, a estudante de 20 anos chegou em torno das 12h30 na faculdade onde prestou a prova, em Votorantim (SP), e deixou o local por volta das 16h30. "Tinha bastante texto e interpretação, mas estou satisfeita. Acho que consegui interpretar bem as questões. Foi mais fácil do que da outra vez", revelou.
A jovem já é matriculada no curso de publicidade e propaganda em uma faculdade particular deSorocaba (SP), mas pretende agora conquistar uma bolsa no Programa Universidade para Todos (Prouni) com a nota do exame.
Tratamento e estudos
Desde que começou o tratamento no hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci), Beatriz estuda a distância. A jovem saiu da internação no dia 21 de setembro e retornou no dia 29 para o segundo ciclo da quimioterapia, permanecendo mais sete dias internada. Atualmente está em casa, mas deve retornar ao hospital no dia 26 de outubro.
"Eu venho toda semana [ao Gpaci]. Em breve, serei internada novamente para o próximo ciclo de quimioterapia. Os professores me enviaram o material de apoio e os trabalhos referentes às matérias. Estudo sozinha e faço os trabalhos tanto em casa como no hospital, mas ainda não foram marcadas as provas Graças a Deus estou conseguindo dar conta", diz.
Preparação
Beatriz lembra que quando fez a inscrição para o Enem ainda não havia descoberto a doença. "Quando eu fiz a inscrição não tinha descoberto a leucemia, então não solicitei o atendimento específico. Li no site do Enem que tinha o direito de fazer a prova em sala separada. Liguei lá e eles foram super atenciosos comigo, resolvendo o assunto."
Para se preparar para a prova, a estudante procurou ler e acompanhar os assuntos sobre atualidades pela internet. "Estou bem ansiosa. É uma prova longa e a última vez que eu fiz foi em 2012. Fico mais apreensiva com química porque sempre tive dificuldade nessa matéria, mas estou mais sossegada com as outras disciplinas", afirmou Beatriz.
Para poder se concentrar nos estudos e ficar mais confortável em casa, a estudante ganhou uma reforma no quarto.
"O pessoal que segue a minha página ajudou bastante com doações de dinheiro, compra de rifas que minha mãe fez, entre outras coisas. Só tenho a agradecer, porque, sem eles, acho que não conseguiríamos deixar o quartinho tão perfeito como está agora. Melhorou 100% em relação ao que estava antes", comemorou.
'Diário de Bia'
Desde a descoberta da leucemia, a mãe de Beatriz criou uma página no Facebook para contar o dia a dia do tratamento. A página já tem mais de 8 mil curtidas. Segundo Salete Aparecida Arantes de Souza, o objetivo foi centralizar as informações depois de uma “enxurrada” de mensagens recebidas. “Eu mesma fiquei meio sem chão quando soube da doença, mas tem tanta gente orando que me sinto anestesiada pelo apoio", conta.
A página recebe mensagens até de pessoas que não conhecem a jovem, mas que ficaram sensibilizadas pela situação. A doença também mobilizou amigos e conhecidos, que postaram imagens com mensagens de apoio à jovem, além de enviarem selfies fazendo doações no banco de sangue.
Nas fotos, amigos e parentes aparecem também com cartazes declarando que estão orando por ela e usam a hashtag “#ForçaBea”. A jovem aproveita os momentos em que está mais disposta para tentar responder as centenas de mensagens que recebe.
Programa ao vivo
Após o fim das provas, os estúdios do G1 em São Paulo darão início a um programa em vídeo ao vivo com professores do Projeto Educação e estudantes que fizeram o Enem.
Eles comentarão os níveis de dificuldade de cada uma das provas, o tema da redação e os pontos mais polêmicos que caíram no Enem.
Candidatos que fizeram a prova poderão participar do programa enviando perguntas e comentários pela página da cobertura completa do Enem no G1.
Resolução das questões
O G1 trará ainda a resolução das 90 questões de domingo preparadas pelos professores do Cursinho da Poli (veja a correção das provas de sábado). O gabarito oficial do Enem será divulgado pelo MEC até quarta-feira (28).
Abstenção e eliminações
No primeiro dia de provas, realizado neste sábado (24), o índice de abstenção foi de 25,31% e 364 candidatos foram eliminados, segundo balanço parcial divulgado pelo Ministério da Educação.
Entre os desclassificados, 34 pessoas foram flagradas pelos detectores de metal com equipamentos eletrônicos e apenas uma pessoa foi eliminada por postar fotos dentro do local de prova em redes sociais. Segundo o ministro, a candidata reconheceu o erro, mas foi eliminada mesmo assim. "Mas qualquer participante pode ser eliminado a qualquer tempo", explicou Mercadante, durante entrevista coletiva em Brasília.
O primeiro dia do Enem 2015 teve cinco emergências médicas e um óbito. Segundo Mercadante, Tatiana Macedo de Carvalho, de 22 anos, era uma das aplicadoras do Enem em Campo Grande. Ele afirmou que a jovem "teve uma crise convulsiva e acabou falecendo em seguida".
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