Jornal Cruzeiro do Sul
Com as convenções partidárias realizadas neste final de semana, começa a tomar forma a disputa eleitoral deste ano, tanto em Sorocaba como nos municípios da região, e sinaliza-se que a eleição deste ano será atípica. Em primeiro lugar, os atuais prefeitos de dois municípios da região, ambos do PSDB, desistiram de tentar a reeleição e outros ainda estudam essa questão. Antonio Carlos Pannunzio há um bom tempo demonstrou que não disputaria novo mandato como prefeito de Sorocaba e em Votorantim, Erinaldo Alves da Silva, que já dirigiu os destinos do município em quatro oportunidades, abriu mão de disputar nova eleição na última sexta-feira. Nos dois casos, pesou a crise econômica para que a decisão política fosse tomada. Com a forte queda da arrecadação, o programa de governo de ambos foi seriamente afetado. O prefeito de Votorantim culpou a crise pela não concretização de seus projetos. Revelou também que teria que enfrentar uma cobrança muito grande da população e adversários políticos caso pleiteasse a reeleição.
Na semana passada, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) saiu na frente e lançou oficialmente seu candidato, o atual deputado estadual Raul Marcelo. Ele terá como vice o professor universitário Gilberto Franca, também do Psol, formando uma chapa pura, sem qualquer coligação.
No último sábado, foi a vez das duas maiores coligações realizarem suas convenções. O PSDB oficializou o pouco conhecido ex-secretário João Leandro da Costa Filho como seu candidato. Em coligação com o PR, PSDC e PMN, o candidato a vice-prefeito será o vereador Cláudio do Sorocaba 1 (PR). A convenção contou com a presença dos deputados tucanos da região e do senador Aloysio Nunes Ferreira Filho.
Com a desistência de Renato Amary (PMDB), o candidato da coligação que seria encabeçada por ele passou a ter o vereador José Crespo (DEM) como candidato a prefeito e como vice a delegada de polícia Jaqueline Lilian Barcellos Coutinho. A coligação "Renasce Sorocaba" soma 13 partidos: DEM, PMDB, PTB, PDT, PTC, PPS, PMB, PTN, SDD, PP, PV, PSD e PSB.
Em convenção realizada na manhã de domingo, o Partido dos Trabalhadores definiu Glauber Piva como candidato a prefeito e o professor da UFSCar André Cordeiro como vice. Laerte Molleta, que até sexta-feira da semana passada afirmava que seria candidato a prefeito, retirou sua candidatura para ser vice na chapa encabeçada pelo vereador Hélio Godoy, do PRB.
Em Votorantim, o PSDB confirmou o ex-secretário do Meio Ambiente, Carlos Alberto Leite (PSDB), como candidato a prefeito, tendo como vice o professor Braz Carlos Martins (PSDC). Algumas convenções ainda serão realizadas nos próximos dias para completar o quadro da disputa eleitoral, tanto em Sorocaba como nas cidades da região.
Mas não resta dúvida de que esta será uma campanha política diferente, a começar pelo seu prazo de duração, que de 90 dias caiu para 45. No que diz respeito ao financiamento das campanhas, os candidatos terão que sair atrás de votos em uma situação bastante adversa. Não bastasse a crise econômica, diante dos escândalos recentes, a maioria das empresas certamente está com receio de fazer doações para os partidos, como acontecia no passado. E todos sabem que doações por meio de "caixa 2" estão sob estreita vigilância das autoridades.
No campo político, a campanha eleitoral começa em meio a um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que terá seu caso analisado pelo Senado no final de agosto. Qualquer que seja o resultado, ele influenciará nas campanhas eleitorais tanto de quem apoia a presidente como daqueles que a querem fora do governo.
Mas talvez seja no campo ético que teremos os debates mais interessantes nos próximos meses. Os escândalos e a corrupção desenfreada que se tornaram públicos nos últimos anos, como o mensalão, mensalão mineiro, petrolão, escândalo do Metrô paulista, entre tantos outros, levaram a população a ver os políticos com um olhar mais crítico e condenar a conduta de muitos deles. Teremos certamente campanhas mais pobres e sem as pirotecnias dos marqueteiros regiamente pagos. Caberá aos candidatos das eleições municipais convencerem seus eleitores de são farinha de outro saco e que não têm qualquer outro interesse a não ser servir à causa pública.
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