Felipe Shikama
Ronaldo Rolim
No recital inédito no Brasil, o pianista apresentará obras do austríaco Joseph Haydn (1732-1809), do alemão Robert Schumann (1810-1856), do russo Alexander Scriabin (1872-1915) e do brasileiro Camargo Guarnieri (1907-1993). Para Rolim, a diversidade do programa não se limita às nacionalidades e períodos históricos dos compositores. "Será uma viagem ao universo das emoções, dos sentimentos mais primitivos aos mais sofisticados, do Jeca Tatu ao apocalipse", descreve o músico de 30 anos, que acaba de obter o título de doutor em performance pela Yale University (EUA), com tese baseada na obra de Karol Szymanowski.
Ronaldo Rolim detalha que o recital será aberto com Sonata em sol maior, Hob.XVI/40, de Haydn, uma peça curta que, segundo ele, possui traços humorísticos e divertidos. Em seguida, o pianista executará sua própria seleção de dez ponteios de Guarnieri. Inspirado pelo ideário nacionalista defendido pelo amigo Mário de Andrade, Guarnieri escreveu 50 ponteios -- terminologia brasileira usada para nomear peças de forma semelhante aos prelúdios. "Devo frisar que os ponteios do Guarnieri serão o momento mais importante do recital porque, sem dúvida, ele é um dos grandes compositores do Brasil, mas até hoje a sua obra para piano é muito pouco tocada", comenta, citando que as obras do compositor nascido em Tietê expressam de forma autêntica o cotidiano da vida do interior paulista da primeira metade do século 20. "Embora sejam peças universais, os ponteios são uma imersão nesse universo que eu mesmo me identifico muito", complementa.
Após a série de ponteios, Rolim tocará a sonata Missa branca, de Scriabin, compositor russo que foi uma das principais referências para Guarnieri. O pianista votorantinense assinala que a obra de Scriabin era profundamente atrelada a um "misticismo apocalíptico", no qual havia uma obscura crença de que as energias intensas atreladas ao sexo e à sensualidade levaria o mundo ao cataclisma. "Esse lado apocalíptico tem a ver com as forças mais primitivas do ser humano", complementa.
Po fim, o virtuoso pianista apresentará a peça Davidsbündlertänze, de Schumann, considerado pelos pesquisadores como o "compositor mais romântico dentre todos os românticos". Rolim assinala que o comportamento bipolar do compositor alemão se manifesta nesta obra, no conflito entre duas personalidades: a de Flostan "de lado intempestivo e arrebatador" e de Eusebius, "introvertido, sutil e doce". "É uma viagem psicológica entre cada um desses universos, com uma conclusão mágica na história da literatura pianística", convida o músico votorantinense, que a fez primeira apresentação pública aos quatro anos de idade e, aos 18 anos venceu os renomados concursos Nelson Freire e Magda Tagliaferro.
Serviço
O pianista Ronaldo Rolim faz concerto hoje, às 20h30, na Sala Fundec. Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e podem ser adquiridos a partir das 8h30 na Fundec, que fica na rua Brigadeiro Tobias, 73


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