domingo, 18 de setembro de 2016

Caso Sofia se tornou exemplo na busca por um transplante

José Maria Tomazela
Estadão Conteúdo

Um ano após sua morte, a menina Sofia Gonçalves de Lacerda, levada aos Estados Unidos para transplante múltiplo de órgãos do intestino não realizado no Brasil, ainda abre caminho para famílias que lutam por tratamentos só feitos no Exterior. A decisão da Justiça Federal que beneficiou o bebê de Votorantim, interior de São Paulo, está servindo de parâmetro para outros casos, como o de Matheus Teodoro Oliveira, de 7 anos.

A família do mineiro Matheus, portador de grave doença intestinal, conseguiu que o governo brasileiro também custeasse seu tratamento no mesmo hospital, o Jackson Memorial Medical, de Miami.

O menino fez o transplante de intestino no dia 12 e passa bem. A ordem para a cirurgia no exterior foi dada pela Justiça Federal de Belo Horizonte, que determinou o cumprimento em 48 horas. A criança foi transportada em avião fretado. O caso de Sofia foi citado como exemplo no processo. A Justiça autorizou também o tratamento de Vinicius Thimoteo Rodrigues, de 8 anos, de São Paulo, que tem problema semelhante. O garoto ainda aguarda um doador para transplante.

Já o adolescente Antonio Glauber Cassiano Junior, de 16 anos, mais conhecido por Juninho, fez o transplante de intestino em agosto e está em recuperação no Jackson Memorial. Ele tinha menos de 10% do intestino delgado e viajou em junho, depois que a Justiça mandou o governo federal arcar com os custos de mais de R$ 3 milhões.

O estudante pernambucano Weverton Fagner Gomes, de 18 anos, diagnosticado com trombose no intestino, também passou por cirurgia no hospital de Miami em fevereiro. Foram pagos R$ 4 milhões pelo governo brasileiro.

Histórico

O caso de Sofia ficou conhecido por ser um dos primeiros em que a Justiça brasileira mandou o governo bancar o transporte, a cirurgia e o tratamento nos Estados Unidos. O bebê nasceu com Síndrome de Berdon, deficiência no sistema digestivo que impede a alimentação, e precisava trocar estômago, fígado, pâncreas e intestino delgado e grosso.

A família arrecadou mais de R$ 1,8 milhão em campanhas pelas redes sociais. Sofia foi operada em abril de 2015. Segundo os médicos, o transplante foi bem-sucedido, mas ela morreu por uma infecção, no dia 14 de setembro, com 1 ano e 8 meses.

Os pais, Gilson Gonçalves e Patrícia de Lacerda, decidiram ficar nos Estados Unidos e ajudar famílias que buscam tratamento lá. O casal ainda participa de estudo feito pelo hospital para prevenir o nascimento de crianças com a síndrome.

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