domingo, 17 de setembro de 2017

Crianças resgatam memórias de Votorantim

Jornal Cruzeiro do Sul





Todos nós temos um passado. Seja ele com poucos ou muitos anos vividos. É assim que vamos construindo nossa história. Agora olhe ao seu redor. O curioso é que assim como você, todas as coisas também têm uma história. A casa onde você vive, os objetos que te rodeiam, a sua escola e o bairro onde ela está inserida...

Em Votorantim, crianças da rede pública municipal puderam vivenciar um pouco da experiência de resgate de suas origens por meio de pesquisas com os próprios pais e também fazendo entrevistas com funcionários do local onde estudam. A reportagem do Cruzeirinho esteve na Escola Municipal de Ensino Fundamental Oscar Bento Mariano, Jardim Tatiana, para conhecer esse projeto e conversar com as crianças sobre como foi a experiência de descobrir coisas sobre seu passado. Confira:

Uma história para contar

O projeto Toda escola tem uma história para contar, que visa registrar a história de Votorantim a partir da memória de seus moradores, começou com o resgate da história de vida das próprias crianças.

De acordo com a professora Aidê de Souza, do 4º ano do ensino fundamental, a criança precisa aprender que tem um passado, que as coisas não aconteceram agora. A proposta foi que cada um falasse com os pais, descobrisse sobre a origem do próprio nome e por que os pais o escolheram; depois saber do que os pais brincavam quando crianças; e por fim tentar aprender algo sobre o bairro. A professora também contou sobre a própria vida. "Os alunos se surpreenderam muito ao saber que eu vi uma televisão pela primeira vez aos 6 anos e uma geladeira aos 9 anos", contou.

Os estudantes também fizeram autorretratos. "Pedi para que desenhassem o que viam em si próprios. Depois, retrataram o colega", disse a professora.

Num segundo momento, começaram a falar sobre a visão que tinham da escola e o que gostavam ali. "Eles aprenderam muita coisa. Foi interessante porque eles questionaram os pais e trouxeram para nós curiosidades do bairro também", relatou Aidê.

Com as famílias, as crianças descobriram ainda sobre brincadeiras antigas como peão, cama de gato e amarelinha. Os estudantes ainda ficaram espantados de saber que antigamente os pais das crianças deixavam brincar na rua, e até tarde da noite.

Momento da entrevista

Depois de todas as pesquisas junto aos pais, familiares e também os trabalhos realizados com a professora, veio a hora de ser "jornalista". Sim, as crianças receberam como missão entrevistar uma funcionária da escola e tiveram de fazer como os repórteres fazem: reservar um tempo para elaborar as perguntas.

Depois de tudo pronto, chegou o dia de falar com a inspetora Ivone Leonidia Machuga, de 50 anos. Cada um tinha de ir até o microfone fazer a pergunta. Tudo estava sendo filmado porque esse material será enviado para o Museu da Pessoa, um museu virtual e colaborativo criado em São Paulo com a proposta de incentivar as pessoas a compartilharem suas histórias de vida.

Durante a entrevista, as crianças descobriram muitas coisas legais. Ivone contou que trabalha há 19 anos na escola, sendo que começou primeiro como merendeira. Ela disse que conheceu os pais desses alunos, que também estudaram lá. Outra curiosidade é que Ivone mora há 25 anos no bairro e lembra que a escola era pequena e quase foi fechada por falta de alunos, até que mais pessoas se mudaram para o Jardim Tatiana. "E aí tiveram até que ampliar a escola. Já na sala onde vocês estudam hoje, morava o caseiro da escola", revelou.

Os alunos gostaram da experiência. "Quando eu fui fazer a pergunta, meu coração bateu a mil, eu quase não conseguia falar", comenta Anny Gabriela da Silva Ribeiro, 9 anos. Ainda de acordo com ela, a atividade foi ficando mais legal a cada momento que se descobria algo novo.

"A gente aprendeu mais sobre como era a escola antes e também sobre as brincadeiras antigas. A escola era diferente. Hoje tem muita tecnologia. Já sobre as brincadeiras de antes, elas pareciam mais legais, como subir em árvore, pular corda, hoje as pessoas ficam mais no celular", observou Izabeli da Conceição Santos, 10 anos.

Já Bianca Vieira Domingues, 10 anos, disse que nunca tinha imaginado que antes a escola era menor. "Não tinha salas lá embaixo."

Hellen Fabiana Correia Pinto, 10 anos, contou que após a entrevista, os alunos vão escrever sobre essa experiência. Ela gostou de aprender como faz uma entrevista e que para isso precisa ter um planejamento. "Muito legal poder ouvir e contar histórias que aconteceram com a gente e outras pessoas."

Igualmente Vitória Rodrigues da Silva, 10 anos, gostou muito do projeto. "É bom poder entender um pouco da escola da gente e é legal escutar a história dos outros, mas o mais legal foi a entrevista mesmo."

Durante todo o tempo da entrevista, uma turminha ficou encarregada de desenhar tudo o que estava acontecendo. Essa tarefa ficou para Guilherme Crivelari dos Santos, 9 anos; Gabrielly Feitosa Lima, 9 anos; Lucas Zazeski de Paula, 10 anos; e Jamile Costa Oliveira, 10 anos. "A professora pediu para expressar nos desenhos o que a gente contaria sobre esse momento da entrevista", disseram.

Museu da Pessoa

O projeto é resultado de parceria entre a Prefeitura de Votorantim, por meio da Secretaria da Educação, a Votorantim Cimentos e o Museu da Pessoa, que realizaram um encontro com educadores das 23 escolas municipais daquela cidade para prepará-los para a iniciativa. A ação envolveu cerca de 530 estudantes do 4º ano. Ao final do trabalho, serão gerados produtos para difundir as histórias dos bairros entre os demais moradores, com exposições itinerantes que exibirão os materiais coletados, com os registros escritos e fotográficos. Um cenógrafo do Museu da Pessoa transformará os desenhos das crianças em totens para a exposição. Os relatos dos moradores estarão disponíveis no site do Museu da Pessoa no link www.museudapessoa.net.







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