Jornal Cruzeiro do Sul
André Machado Tenca diz que tudo começou com o pai - FOTOS: ERICK PINHEIRO
Apesar do ramo não enfrentar queda de mercado, empresários do segmento de sorvetes têm reinventado a forma de chegar ao consumidor por meio do chamado "atacadão", ou seja, permitindo que qualquer cliente, mesmo sem cadastro de comerciante, possa comprar em grande quantidade e portanto a valores mais baixos. Paralelo a isso, os comerciantes buscam inovações também em forma de novos sabores a fim de fidelizar a clientela e associar a marca a algum tipo de diferencial. E já que o assunto é sorvete, essa delícia pode ser uma opção de sobremesa hoje, quando se comemora o Dia Nacional do Sorvete.
Há 25 anos atuando na produção de sorvetes artesanais, o empresário André Magno Machado Tenca, da marca Tribom Sorvetes, conta que tudo começou com o pai, e que embora mantenha a sorveteria no estilo convencional, para quem deseja se sentar e apreciar seus produtos também no estilo self service, há três ingressou na venda por atacado. Ele explica que embora o setor seja bom, a crise financeira geral o levou a essa inovação, e hoje consegue conciliar as duas formas de venda.
Com isso, quem for à sua sorveteria no bairro Barcelona pagará um picolé por R$ 1, mas se quiser comprar 20 unidades pagara R$ 14, o equivalente a R$ 0,70 cada, 50 picolés custam R$ 30 (R$ 0,60 cada), e de 100 picolés para cima a unidade sai a R$ 0,50.
Tenca admite que além disso é preciso manter a qualidade do produto, oferecendo ainda novos sabores a cada ano, como o de ninho com nutela, iogurte com amarena, e de churros com doce de leite, lançados no verão passado. Ainda segundo o empresário, é necessário proporcionar ao cliente grande variedade de sabores, tendo em seu cardápio, 40 opções no sorvete de massa, e 24 para picolé.
Também no ramo há 22 anos por influência da família do marido, a empresária Sônia Cristina Nogueira Ferraz, uma das proprietárias da sorveteria Urla Urla (o marido e o cunhado compõem a sociedade), entrou para a modalidade do atacadão há três anos, com a primeira loja desse segmento aberta na avenida Otávio Augusto Rangel, 960. E a iniciativa deu tão certo que, além da fábrica, com sede em Votorantim, no Parque Jataí, o grupo familiar inaugurou três franquias em Sorocaba, no Jardim Vera Cruz, no Jardim Aeroporto, e no Éden.
Embora Sônia entenda que apenas os meses de maio a julho sejam desfavoráveis para o comércio de sorvetes, sendo possível manter as vendas no decorrer do ano, a especialidade do atacado permite que mais pessoas possam comprar, e para toda família. No atacado, o picolé sai a R$ 1,70, mas a partir de R$ 30, o equivalente a 18 unidades, o preço unitário é de R$ 0,99. Acima de 100 picolés, a unidade é vendida a R$ 0,85, independente de serem à base de água ou leite.
O negócio bem-sucedido do grupo, que ainda mantém duas sorveterias convencionais em Votorantim, se dá também, de acordo com a acionista, pela qualidade do produto, que ela afirma ser zero de gordura trans, e pela preocupação em agradar aos fregueses com novos sabores.
Fonte de renda
O ex-comprador e atual empresário Rodrigo Alexandre Coutinho, proprietário da marca Fruti Milk, também atua no sistema de atacado. Há quatro anos, ele deixou a empresa onde trabalhava como comprador para ter, na confecção de sorvete, sua única fonte de renda.
Com a fábrica no Parque Vitória Régia, Rodrigo Coutinho explica que começou no segmento há dez anos, e hoje tem uma loja no Parque das Laranjeiras, e prevê a inauguração de um novo espaço no Jardim Simus, também para a modalidade de atacado. Mas para quem gosta de ir à sorveteria como uma forma de lazer, o empresário iniciará o sistema self service.
O picolé que custa R$ 1, pode ser adquirido a R$ 0,90 em compra de 40 unidades, ou a R$ 0,80 a partir de 100. Já o pote de dois litros custa R$ 12.
Ao seu ver, esse formato de venda deu certo por beneficiar tanto quem compra para revender, como para os interessados em adquirir para toda família, ou para situações de festa, por exemplo.
Mas só isso não basta: "o diferencial hoje é conciliar preço e qualidade", para o que utiliza pedações de frutas nos sorvetes, oferecendo ainda 23 sabores.
Há exatos seis anos, padaria aposta na produção artesanal
Oferecer um sorvete artesanal, sem adição de gordura fabricada, é a proposta do confeiteiro João Carlos Manzano Ascêncio, que possui especialização de sorvetes na Itália e é responsável por todo o setor de confeitaria do grupo da Padaria Real.
Segundo ele e o nutricionista Alexandre Matos, supervisor de todos os produtos comercializados nas quatro lojas da rede, os sorvetes artesanais (as quatro padarias também comercializam marcas de sorvetes industrializados) foram lançados há exatamente seis anos, em função do Dia Nacional do Sorvete, e desde então, nesta data, promove a Festa do Sorvete Artesanal, quando também oferecem novos sabores. Hoje serão seis: maçã verde, mousse de limão, ovomaltine, brownie, biscoito caramelo crocante e panacotta de amarena.
Eles explicam que toda produção é feita com frutas naturais. Clássicos -- como os sabores pistache e chocolate belga -- têm suas produções centradas em bases italianas. Ambos afirmam ainda que pelo nosso inverno não ser intenso, o sorvete é consumido durante todo o ano e que a missão é a de mostrar que o produto, além de uma deliciosa sobremesa, é sim um alimento nutritivo.
O nutricionista Alexandre Matos comenta que, segundo pesquisa realizada em 2015, o consumo de sorvete no Brasil atingiu a marca de 5,59 litros por pessoa ao ano, um aumento de 2,26 litros por habitante em relação ao mesmo levantamento feito em 2003. No entanto, a marca ainda está muito abaixo do consumo registrado em países europeus, em que a média chega a ser de até 26 litros por pessoa ao ano.
Sorvete só chegou ao Brasil em 1935
O Dia Nacional do Sorvete, comemorado hoje, coincide com a fundação da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete (ABIS) em 2002, aliada à época em que se começa a temporada de calor no país.
Aqui, o sorvete chegou em 1935, no Rio de Janeiro, depois que um navio americano aportou com 270 toneladas de gelo e dois comerciantes iniciaram sua produção.
No Brasil, o sorvete também já foi considerado como precursor do movimento de liberação feminina. Isso porque, foi com a intenção de saboreá-lo que as mulheres começaram a frequentar bares e confeitarias, cujos lugares eram ocupados quase que exclusivamente pelos homens.
Mas o primeiro relato sobre o sorvete data de aproximadamente mais de três mil anos atrás e tem sua origem no Oriente. Os chineses costumavam preparar uma pasta de leite de arroz misturado à neve, algo parecido com a atual raspadinha. Posteriormente aperfeiçoaram esse produto fazendo um doce gelado com neve, suco de fruta e mel.
Alexandre, o Grande, é visto para muitos historiadores como o introdutor do sorvete na Europa, o qual mudou um pouco o método de fabricação: ao invés de utilizar neve diretamente, uma mistura de salada de frutas embebida em mel era resfriada em potes de barro guardados na neve. (Da Redação)


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