Daniela Jacinto
A cachoeira da Chave, em Votorantim, é um dos locais mais procurados pelos banhistas nos dias de calor - LUIZ SETTI / ARQUIVO JCS (11/1/2015)
O número de mortes por afogamentos triplicou de 2016 para 2017, em Sorocaba e Votorantim, conforme dados divulgados pelo Corpo de Bombeiros. Em 2016, Sorocaba e Votorantim registraram cinco casos de morte por afogamento. Já em 2017, os registros até junho somaram 14 ocorrências. No segundo semestre do ano passado, o Corpo de Bombeiros informa que não houve casos de morte por afogamento, mas conforme noticiado pelo Cruzeiro do Sul, teve um em Votorantim em setembro, quando um adolescente de 16 anos foi encontrado morto na represa do bairro Votocel. Somando este, são ao todo 15 mortes, o triplo de 2016.
No Brasil, 17 pessoas morrem por afogamento por dia, sendo 12 em rios, por conta de buracos e abuso de álcool, de acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa).
Os meses de calor intenso são os que mais preocupam, pelo aumento no número de incidências. São períodos que as pessoas procuram por rios, lagoas, represas, praias e piscinas para se refrescarem. A Sobrasa informa que 44% dos casos ocorrem entre novembro e fevereiro. E o melhor meio de evitar é a prevenção.
O afogamento é a segunda causa de morte entre crianças de 1 a 9 anos, atrás somente de acidentes de trânsito. De acordo com a Sobrasa, mais da metade das mortes por afogamento nessa faixa etária acontece em piscinas. Já crianças maiores de 10 anos e adultos se afogam mais em águas naturais (rios, lagoas, represas e praias).
Lugares perigosos
Em Sorocaba, conforme o Corpo de Bombeiros, os locais de risco são a "prainha" e o lago da Faço 3, ambos no Parque Vitória Régia; a represa da Estação de Tratamento de Água do Éden e o rio Lampinho, na estrada para Iperó. Já em Votorantim, os afogamentos ocorrem na represa de Itupararanga, Cachoeira da Chave e represa do Votocel.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a maioria dos casos de afogamento ocorre com quem sabe nadar, mas não respeita seus limites. "Tem gente que pula em lugar que não conhece, aí bate a cabeça, quebra pescoço... Outros ingerem bebida alcoólica ou se alimentam demais e vão nadar", comenta um dos funcionários, que falou em nome da corporação.
De acordo com o bombeiro, médicos legistas afirmam que, na autópsia, verificam que muitos afogamentos são por congestão. "A consequência é a falta de sangue e oxigênio nas periferias, e devido a isso os braços e pernas travam." Ele conta que já viu vários relatos de médicos que constataram rompimento das artérias na região do abdome por causa do esforço de querer atravessar de uma margem para a outra, após ter comido muito.
Ainda conforme o bombeiro, os casos de afogamento de pessoas que não sabem nadar são menores, mas ele relata que já atendeu ocorrências assim. Uma foi de um garoto que estava brincando de bola em um lago, em Sarapuí, mas na parte rasa, só que a bola caiu mais longe e ele foi pegar, no entanto no local havia um buraco, e ele escorregou. Apesar de ser de pequena profundidade, ele entrou em desespero e morreu afogado.
Outra ocorrência foi em Pilar do Sul e aconteceu com jovens que estavam numa festa de confraternização, em uma chácara. Eles resolveram embarcar numa canoa num açude. Pegaram uma canoa velha e ela acabou afundando. Dos oito, quatro morreram. "Você nunca vai ver um bombeiro num barco sem colete, é ordem, pelo risco de virar, não adianta saber nadar, tem de ter uma proteção a mais e o colete ajuda."
Veja dicas dos bombeiros para prevenção
Crianças
- Nunca deixar as crianças sozinhas enquanto elas estiverem brincando na água ou perto de um local que tenha água. A criança pode se afogar dentro de uma banheira, piscina de plástico ou até mesmo o vaso sanitário;
- Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e guarde-os sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças;
- Mantenha baldes com água no alto;
- Conserve a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrada com algum dispositivo de segurança "à prova de criança" ou mantenha a porta do banheiro trancada;
- Mantenha cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita "mergulhos";
- Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 metro, que não possam ser escaladas e portões com cadeados ou trava de segurança que dificultem o acesso;
- Alarmes e capas de piscina garantem mais proteção, mas não eliminam o risco de acidentes. Esses recursos devem ser usados em conjunto com as cercas e a constante supervisão dos adultos;
- Grande parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras, na faixa etária de até 2 anos;
- Evite brincadeiras e outros atrativos próximos à piscina e reservatórios de água;
- Saiba quais amigos ou vizinhos têm piscina em casa e quando levar a criança para visitá-los, certifique-se de que será supervisionada por um adulto enquanto brinca na água;
- Boias e outros equipamentos infláveis passam uma falsa segurança. Eles podem estourar, virar a qualquer momento e serem levados pela correnteza. O ideal é que a criança use sempre um colete salva-vidas quando estiver em embarcações, próxima a rios, represas, mares, lagos e piscinas, e quando estiver praticando esportes aquáticos;
- Crianças devem aprender a nadar com instrutores qualificados ou em escolas de natação especializadas. Se os pais ou responsáveis não sabem nadar, devem aprender também.
Adolescentes e adultos
- Não superestimar a habilidade em nadar;
- Não ingerir bebidas alcoólicas ou qualquer outra substância que favoreça um possível afogamento;
- Prestar atenção aos avisos e notificações de placas de praias, piscinas e salva-vidas;
- Não nadar em correntezas;
- Não nadar em lugares muito fundos;
- Evitar o nado noturno;
- Se você não sabe nadar, não entre em lugares que não é possível sentir o solo com os pés;
- Não brincar de empurrar ou outras brincadeiras que favoreçam que a pessoa se machuque e venha a se afogar;
- Aguardar no mínimo 2 horas após as refeições para nadar;
Para crianças, adolescentes e adultos
- Sempre nadar com alguém. Nadar sozinho é muito perigoso;
- Respeitar as placas de proibição nas praias, os guarda-vidas e verificar as condições das águas abertas;
- Não brincar de empurrar;
- Saber os números de emergência e passar as informações de localização e do que está acontecendo em caso de perigo;
- Os perigos em rios, lagos e represas são pedras, galhos, buracos, entulhos, cerca de arames farpados, cacos de vidro;
- Mergulho em águas turvas pode ocasionar lesões graves irreversíveis, como bater a cabeça no fundo ou em uma pedra.
Em caso de afogamento, o que fazer para ajudar?
- A primeira coisa a ser feita é arremessar algo flutuante para a pessoa que se afoga. Pode ser uma boia, uma câmara de ar ou até uma garrafa pet, que, conforme o tamanho da vítima, pode ser útil. Uma corda também é de grande valia;
- Não é aconselhável entrar na água para tentar salvar alguém do afogamento. Esse trabalho, para quem é experiente, é muito difícil e um leigo, sem treinamento, tem uma grande probabilidade de se tornar mais uma vítima.
* O telefone do Serviço de Emergência (Samu) é 192 e do Corpo de Bombeiros, 193.
(Fonte: Corpo de Bombeiros)
Crianças, adolescentes e adultos são sujeitos a afogamento - EMÍDIO MARQUES / ARQUIVO JCS (19/1/2015)


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