terça-feira, 16 de outubro de 2018

Casos de leishmaniose aumentam em Votorantim e preocupam moradores e especialistas

Por G1 Sorocaba e Jundiaí


Cidade já registrou 29 casos em 2018. Doença pode matar o animal e ser transmitida ao homem por meio da picada do mosquito Palha.

Cachorrinha Neguinha está na família da dona Lucilene há dois anos — Foto: Reprodução/TV TEM

De janeiro até outubro deste ano, os casos de leishmaniose cresceram em Votorantim (SP). De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses, da Secretaria da Saúde (Sesa), até o momento foram confirmados 29 animais contaminados. Em julho eram oito, mas, em três meses, o número disparou e atingiu o atual registro.

O volume deixa os especialistas em alerta já que a doença pode ser transmitida aos seres humanos por meio da picada do mosquito Palha, responsável por carregar a bactéria. Em 2017, o Ministério da Saúde identificou o mosquito no município e considerou a cidade como transmissora da doença.

A cachorrinha de estimação da aposentada Lucilene Pereira foi um dos animais contaminados. Neguinha, como é chamada, está com a família há dois anos e a dona percebeu quando ela ficou doente.

"Conforme ela andava, puxava a pata traseira. Eu soube que não estava normal. Como Votorantim estava com surto de leishmaniose, o veterinário pediu um exame de sorologia. Sete dias depois veio o resultado como reagente."

Lucilene conta que se dedica a cuidar da cachorra. Além de receber os remédios necessários, a cadela está sempre de coleira repelente para manter bem longe o mosquito e a dona sabe que o acompanhamento veterinário será para a vida toda.

"Optamos pelo tratamento. Conversei com o doutor [veterinário] e ele imediatamente providenciou o medicamento e iniciamos o tratamento dela. E ela respondeu muito bem", diz.

O veterinário José Carlos de Melo Junior destaca que a leishmaniose não tem cura, por isso alguns donos de cães acabam fazendo a opção da eutanásia, mas o tratamento existe e o veterinário diz que é seguro quando feito com acompanhamento.

"O proprietário que adere ao tratamento tem que estar ciente que está responsável por esse animal pelo resto da vida. A cada quatro meses esse animal tem que fazer acompanhamento na clínica. O tratamento é para a gente baixar essa bacteremia da leishmaniose para que, se o mosquito picar o animal, ele não transmita isso para as pessoas", alerta.
O especialista conta que somente na clínica onde atua foram diagnosticados pelo menos 15 casos de leishmaniose canina. Dois animais morreram.

A contaminação ocorre quando o mosquito pica o cão infectado e depois outro animal ou uma pessoa. Alguns sintomas em cães são emagrecimento, lesão nos olhos e na pele e crescimento exagerado das unhas.

Veterinários de clínicas particulares da cidade precisam notificar todos os casos suspeitos para o Centro de Zoonoses. Quando o resultado é positivo, as equipes de controle de vetores percorrem a área onde o animal doente estava e coletam sangue de outros cachorros para exame e alerta aos moradores.

No entanto, o veterinário diz que as pessoas precisam ter cuidado para ajudar a combater o mosquito e a doença.

"Terrenos e folha...tudo que tem umidade serve para o mosquito depositar os ovos lá e se prolifera. Então, se a população tiver consciência de que todos os animais, sem exceção, eles têm que estar com repelente, a gente consegue controlar bastante isso", completa.

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