Pela inclusão da educação física nas creches de Fartura

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A prática esportiva e o hábito da disciplina caminham juntos quando o esporte é visto como um fator que contribui para o desenvolvimento das crianças.

O jovem paranaense Luigi Galvan Peceguini, de 17 anos, ao saber que havia sido aprovado em primeiro lugar no vestibular 2020 da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para o curso de engenharia mecânica, sem ter feito cursinho, afirmou que havia se preparado – uma rotina que incluiu três horas de estudos diários, sete dias por semana, associada à pratica esportiva. “Fazer esportes também fez parte da minha rotina de estudos. Gosto de nadar, como hobby, e andar no parque sempre que dá. Isso me ajudou muito durante minha preparação”, diz Luigi.

Defendo neste texto a inclusão da educação física nas creches de Fartura. Em alguns municípios de nosso estado já é assim, entre eles a cidade de Votorantim, que desde 2017 vem colhendo resultados positivos. “As crianças aumentam a aprendizagem, a memória, o raciocínio e o pensamento, além de agregar valores para a interação e a socialização”, conta à coluna a coordenadora pedagógica de um dos centros municipais de educação, Ana Paula de Oliveira.

Não precisamos ir muito longe para ver uma criança de no máximo quatro anos com o celular na mão, mexendo e assistindo animações, pulando e saltitando apenas com os dedinhos, mas com seu corpo extremamente parado, em um cenário no qual a interação acontece apenas entre a criança e sua tela do celular ou tablet.

E a socialização com a as demais crianças? E a fantasia de ser criança? E o movimento motor antes dos períodos de transição? E a saúde onde fica? O corpo desde a infância necessita de movimentos, precisa da socialização, precisa manipular e sentir, precisa tocar, e a infância é o período onde as descobertas acontecem.

Em um município como Fartura, onde entidades sociais, mesmo com suas limitações, exercem seu papel de acolhimento, fortalecimento de vínculos e proteção social básica – recepcionando todos os anos uma parte significativa dessas crianças oriundas das creches municipais – nada mais enriquecedor que a introdução da educação física no ambiente da educação infantil (creche e pré-escola), como forma de contribuir para a formação de bons hábitos, entre eles a disciplina, o respeito, a socialização, o domínio do corpo, da postura e do equilíbrio, entre outros benefícios que se bem ensinados serão levados para a vida adulta.

Atletas, escritores, músicos, médicos, padeiros e os mais diversos profissionais dependem da sucessão dos dias para atingir um resultado. O hábito da disciplina é consequência da organização, das rotinas, e, quando mais cedo aprendemos a organizar nossos dias, melhor serão os resultados. O esporte como um dos pilares da educação deve cumprir seu papel ensinado para todos como aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver.

Criada há um ano, a Escolinha do Projeto de Tênis Fartura contribui de forma decisiva para melhorar a disciplina e a socialização através do tênis de campo, interagindo com mais de 40 crianças com idades entre 4 e 10 anos, e utilizando como método de ensino o sistema Play and Stay (jogue e fique, em tradução livre), que visa contribuir para que a criança iniciante consiga progredir mais rápido, utilizando bolas mais lentas, quadras menores e redes mais baixas. Também ensinamos de forma lúdica, conforme o método de ensino da professora Suzana Silva (descrito no seu livro “ Tênis para Crianças”), a base daquilo chamado pela autora de “currículo do tênis”, que compreende os exercícios das habilidades básicas (arremessar, receber/agarrar, lançar, equilibrar, rebater bolas no chão com raquete pequena, etc), das habilidades de deslocamento (correr para frente/para trás, galopar e correr de lado, entre outros) e das habilidade de manipulação, que se constituem nos golpes básicos para jogar (forehand, backhand, voleio, smash e saque)

Além da metodologia Play and Stay, destacamos outro sistema de ensino também compartilhado pela professora Suzana, baseado na descoberta e na imaginação, chamado Le Petit Tennis, desenvolvido para a faixa etária de 3 a 5 anos, onde as habilidades pré-desportivas são incentivadas através de estórias que indicam tarefas simples e divertidas, focadas no trabalho de tempo de reação, coordenação motora geral, entre outros. Esse método é apropriado para aplicação em creches, pré-escolas e clubes.

Viva o esporte! Viva o tênis!

Atividade lúdica no Projeto Tênis Fartura. (Foto: Divulgação)


Carlos Magno é ex-tenista, técnico instrutor de tênis na OSAAF/CME Fartura e responsável pelo Projeto Tênis Fartura