sábado, 18 de abril de 2020

Grupo São João suspende atividades em Votorantim

Gazeta de Votorantim
Luciana Lopez
Colapso financeiro, agravado com a paralização imposta pelos governos, impede a continuidade da prestação dos serviços


Foto: Jorge Silva/ Arquivo


Os trabalhadores de serviços essenciais de Votorantim que dependem do transporte público foram pegos de surpresa na manhã deste sábado (18), quando a cidade amanheceu sem a circulação dos ônibus.

Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, a decisão partiu da empresa Grupo São João e não dos funcionários.

Na noite desta sexta-feira (17), a empresa teria enviado um comunicado aos trabalhadores informando que estes não precisariam cumprir expediente.

Em contato com a diretoria do Grupo São João, a Gazeta de Votorantim foi informada que empresa passa por dificuldades financeiras, e sem conseguir negociar com o Sindicato da categoria, torna-se inviável a continuidade da prestação dos serviços. “Devido a intransigência do Sindicato dos Rodoviários em não aceitar perda alguma aos trabalhadores em um momento grave da economia mundial, essa questão está virando uma bola de neve, um problema que cresce de exponencialmente pois a cada dia que passa, os empregados não podem ser incluídos nos benefícios da MP 936 e a empresa menos ainda terá condições de arcar com toda a mão de obra parada pois não está tendo receita, que está 10 % da receita normal (...) Infelizmente as administrações públicas estadual e municipal até o momento não se manifestaram no sentido de colaborar ou ao menos tentar amenizar a situação”, informou por nota o empresário Marco Franco. (confira abaixo o posicionamento na íntegra)

A Gazeta de Votorantim aguarda o posicionamento do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região.

(A reportagem será atualizada no site da Gazeta de Votorantim tão logo chegue a resposta.)


A Prefeitura de Votorantim informou, às 17h50 deste sábado, "que foi pega de surpresa com a paralisação total no transporte coletivo urbano neste sábado (18) e que já estuda, de acordo com o que prevê o contrato de concessão dos serviços, tomar as devidas atitudes, dentro da legalidade. Ressalta, ainda, que já há alguns dias a empresa vinha informando à administração municipal sobre a queda no índice de ocupação, com uma arrecadação abaixo de cobrir os seus custos operacionais, situação que se agravou com a tentativa frustrada de negociação com o sindicato da categoria para o acordo trabalhista durante a pandemia, previsto pelo governo federal para garantir a manutenção dos empregos. A Prefeitura reforça que é importante lembrar que muito desse contratempo se deve à obrigatoriedade do decreto do governo do Estado de manter os serviços essenciais na cidade e os demais fechados durante a quarentena, e no estado de calamidade pública, no enfrentamento da Covid-19."


Confira o comunicado atribuído ao Grupo São João, que teria enviado aos funcionários na noite desta sexta-feira (17):

Boa noite a todos(a)

Direcionando vocês sobre alguns desfechos atuais, seguir orientações abaixo;

1° A partir de amanhã estarão suspensas as operações no Urbano e Metropolitano Votorantim até segunda ordem (Portanto não há necessidade de se apresentar ao trabalho). Pedimos que aguardem o contato da empresa nos próximos dias.

2° A empresa está em negociação com o sindicato em relação a MP(936/20), no qual a empresa, necessita aplicar de imediato para seguir as atividades e talvez conseguir sobreviver a esse momento tão complicado que todos vivemos.

Essa MP(936/20) visa a redução de jornada e consequentemente a redução de salário. Vale ressaltar que parte do salário será compensado através do governo, sendo que o trabalhador receberá um salário por hora maior do que recebe hoje, ocasionando uma perda aceitável ao trabalhador perante o cenário atual, nos dando a chance de conseguir sobreviver.

Perante a esses fatos, contamos com a compreensão de todos e que aguardem novo posicionamento da empresa.


Posicionamento, na íntegra, da diretoria da empresa, enviado à Gazeta de Votorantim:

“Realmente as coisas estão complicando muito a cada dia que passa, pior do que isso: devido a intransigência do sindicato dos motoristas em não aceitar perda alguma aos trabalhadores em um momento grave da economia mundial, essa questão está virando uma bola de neve, um problema que cresce de exponencialmente pois a cada dia que passa, os empregados não podem ser incluídos nos benefícios da MP 936 e a empresa menos ainda terá condições de arcar com toda a mão de obra parada pois não está tendo receita. Nossa receita nos transportes regulares (linhas urbanas e Metropolitanas) está em torno de 10% (dez por cento) da receita normal. Não dá para pagar nem o diesel quanto menos para pagar as demais despesas, especial mão de obra, que é o maior custo disparado do sistema de transporte. Infelizmente a adm. pública estadual e municipal também estão acompanhando toda essa dificuldade mas até o momento não se manifestaram em momento algum no sentido de colaborar ou ao menos tentar amenizar a situação. A empresa chegou ou já passou dos limites das suas condições para se manter ativa. Ou seja, não bastassem os vários desafios que já tínhamos, agora a crise do Coronavírus e pra finalizar o sindicato que ao invés de ajudar parece querer acabar de vez com a empresa ao ter uma postura, ao nosso ver, totalmente insensível e intransigente. Lamentamos por tudo e por todos estarmos passando por isso, mas infelizmente estamos à beira de um colapso” – Marco Franco, Grupo São João.


Atualizado às 19h05

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