Jornal Cruzeiro do Sul

Policiais civis do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), capturaram na manhã de ontem (11) em Votorantim (SP) Cléber Andrade de Oliveira, 43 anos, que se encontrava ranqueado na lista dos 10 mais procurados do Ministério da Justiça e Segurança Pública e é apontado como um dos participantes da execução do policial civil André Ferro, durante o mega-assalto contra a empresa de transporte de valores protege, na madrugada do dia 16 de outubro de 2017, em Araçatuba.
O fugitivo foi preso em uma marina no bairro do Poço, em Votorantim, e não apresentou resistência à ação policial. A detenção do procurado é resultado de dois meses de apurações realizadas por equipes da 4ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (Disccpat), que permitiram identificá-lo e descobrir sua localização.
A operação que prendeu o bandido também resultou na apreensão de um veículo Hyundai HB20 e um jet-ski. Os agentes do Deic ainda realizaram buscas na casa do procurado, no Jardim Esplanada, em Indaiatuba.
De acordo o delegado Fábio Sandrin, titular da 4ª Patrimônio, o procurado participou de ataques à bases de transporte de valores em São Paulo e na cidade de Criciúma, em Santa Catarina, em dezembro do ano passado. Atualmente constavam três mandados de prisões em aberto no prontuário dele.
Na relação de crimes cometidos pelo criminoso consta homicídio, latrocínio e roubo, incluindo a execução do policial civil André Ferro, executado no cruzamento da rua Aviação com a Maurício de Nassau, em meio ao tiroteio e disparos provocados pelos criminosos durante o maior assalto da história de Araçatuba, quando bandidos levaram R$ 10 milhões da empresa.
Andrade, conhecido como Binho, é apontado com um dos maiores ladrões de cargas do estado de São Paulo. Ele agia age sempre fortemente armado, principalmente com o uso de fuzil, e foi um dos primeiros a ser identificado pela polícia, já que deixou digitais no rancho em Glicério.
O ASSALTO
Na madrugada do assalto André Ferro estava de folga e morava em um bairro próximo à sede da Protege. Os pais dele moram no bairro Santana, onde aconteceu o ataque, e ligaram para ele para contar sobre as explosões e os tiros. No caminho, a vítima passou por um dos cruzamentos onde havia um bloqueio feito pelos assaltantes, desceu do carro e foi atingido por vários disparos ao ser identificado.
Moradores do bairro relataram várias explosões na sede da empresa, que ficou destruída. Parte da cobertura e paredes desabaram. As explosões danificaram várias casas vizinhas.
A ação dos bandidos foi violenta e orquestrada e até considerada uma das mais ousadas já praticadas no interior de São Paulo nos últimos anos. Enquanto um grupo explodia a sede da empresa de valores, outros bandidos se encarregaram de atear fogo em dois veículos na frente do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior), sede da PM em Araçatuba.
Isso ocorreu para atrasar a intervenção dos policiais que estavam no quartel, segundo que foi apurado a época. Ainda durante a ação, os bandidos dispararam centenas de tiros contra estabelecimentos comerciais no entorno da Protege.
Testemunhas informaram que o barulho intenso de tiros permaneceu por ao menos 15 minutos. A Polícia Militar enviou equipes ao local e solicitou apoio de cidades da região.
CONDENADOS
Oito pessoas envolvidas no assalto da empresa de segurança Protege foram condenadas pela Justiça de Araçatuba no mês pássado. Somadas, as penas passam de 500 anos de prisão.
Conforme a sentença da Justiça, os réus foram condenados por latrocínio (roubo seguido de morte), dano ao patrimônio Público, explosão e incêndio. Edimar Murilo da Silva Maximiano, André Luiz Pereira da França, Marco Antônio Rodrigues Antonieto foram condenados a 82 anos, 10 meses e 21 dias de prisão em regime inicial fechado.
Já os réus Ramon Alves Ornelas e Edson Januário de Souza foram condenados a 70 anos e quatro meses em regime inicial fechado; Roni Alves de Oliveira a 69 anos e 27 dias de prisão em regime inicial fechado. Wilson Evaristo Franco e Sérgio Manoel Ramos receberam a sentença de 58 anos, quatro meses e 20 dias em regime inicial fechado.
Outros dois réus, uma mulher e um homem foram inocentados por falta de provas de participação no esquema. A Justiça já expediu o alvará de soltura deles. O Ministério Público vai entrar com recurso contra a absolvição das duas pessoas.
Em agosto do ano passado, a Justiça havia condenado outro participante no mega-assalto. Roberto Bezerra dos Santos foi sentenciado pela Justiça de Araçatuba a pena de 83 anos de prisão.
De acordo com o Ministério Público, 18 criminosos foram denunciados por envolvimento no assalto, o maior já registrado na história de Araçatuba. Três bandidos ainda estavam foragidos, incluindo Cléber Andrade Oliveira.
O processo principal que apura o crime tem mais de 12 mil laudas. O procedimento foi desmembrado e as ações prosseguem. Até o momento, 16 criminosos foram presos. Três réus do processo foram presos em novembro de 2017 acusados de participação no assalto a empresa de valores Rodoban, em Uberaba (MG).
Roberto Bezerra dos Santos, condenado na semana passada, é de Rio Claro (SP). Ele cumpre pena em uma penitenciária de segurança máxima. Segundo o Promotor de Justiça Sérgio Ricardo Martos Evangelista, o Ministério Público entrou com recurso pedindo aumento da pena do condenado.
Foragidos
Dos dois procurados pela Justiça, Edson Vieira da Silva, natural de Campinas é apontado com um dos principais líderes da quadrilha e foi o responsável por alugar um rancho em Glicério, a quase 50 quilômetros de Araçatuba, que serviu como abrigo para os integrantes do grupo. A polícia ainda diz que o criminoso participou ativamente do assalto à Protege.
Paulo César de Assis, 38 anos, é natural de Limeira, e foi responsável por resgatar alguns dos integrantes do bando um dia após o assalto. Os três foragidos são considerados peças importantes para o andamento das investigações e a elucidação não só do assalto à Protege de Araçatuba, mas também de outros do mesmo tipo por todo o Brasil e no exterior.
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