sábado, 24 de julho de 2021

Nível de represa cai pela metade em um ano e concessionária prevê usar volume morto em outubro

Por Mayara Corrêa, TV TEM


Nível de represa cai pela metade em um ano e concessionária prevê usar volume morto em outubro

Segundo o gerente da empresa que gerencia a represa de Itupararanga, com um cenário de 50% de expectativa de chuva para os próximos meses, em outubro estaria chegando ao mínimo operacional, que seria o volume morto.



Represa de Itupararanga registra 32% do volume de água — Foto: Reprodução/ TV TEM

O nível da represa de Itupararanga, que abastece os municípios da região de Sorocaba (SP), caiu pela metade no período de um ano. A empresa que gerencia o local prevê o uso do volume morto em outubro se chover pelo menos 50% do previsto nos próximos meses.
Itupararanga é gerenciada pela Votorantim Energia desde 1974. A concessão vence em 2024. Até o ano passado, a vazão na barragem era de 14 a 20 mil litros por segundo. O nível da represa estava em 62%. Desse total, 2,15 mil litros por segundo são destinados para o abastecimento de Sorocaba.
Desde dezembro, a saída de água foi reduzida para 8,15 mil litros por segundo porque o nível de água diminuiu. Atualmente, o volume está em 32%.
Em entrevista à TV TEM, o gerente de planejamento de empresa Votorantim Energia, Jorge Barbosa, disse que para manter a turbina funcionando precisaria de, no mínimo, quatro mil litros, que seria a vazão mínima instituída pelos órgãos reguladores para manter a manutenção do rio Sorocaba.
"Tendo um cenário de 50% de expectativa de chuva para os próximos meses, em outubro estaríamos chegando ao mínimo operacional, que seria o volume morto."



Nível da represa de Itupararanga atinge 32% e causa preocupação

A última vez que a represa ficou 100% cheia foi em 1960. Desde então, o volume morto foi atingido duas vezes: em 2003 e 2004. O nível atual é o mesmo registrado em outubro de 2014, quando o Brasil viveu uma crise hídrica. Agora, a previsão é que ocorra a pior seca dos últimos 91 anos.
A ONG SOS Itupararanga enviou um ofício ao Gaema, Grupo de Atuação de Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público. Entre os pedidos, está a redução de vazão para geração de energia.
A ONG pediu ao MP para que o Saae diminua a retirada de água da represa com a inauguração da estação de tratamento do bairro Vitoria Régia. Com a nova estrutura, a captação será feita diretamente do rio Sorocaba.


Baixo nível da represa de Itupararanga preocupa na região de Sorocaba — Foto: Reprodução/ TV TEM

De acordo com o promotor do Gaema, Antônio Farto Neto, a situação é preocupante e ele pretende comunicar a população para economizar água já que não há expectativa de chuva para reposição do reservatório.
"Precisamos identificar, nos municípios da região da bacia, quais são aqueles que degradam o manancial, esgoto jogam, retiram água em excesso, não cuidando das nascentes, levantamento vai permitir um plano de ação emergencial, demanda tempo e já está sendo feito", explica o promotor.
Em nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba informou que monitora a qualidade da água da represa de Itupararanga, tanto nos parâmetros físico-químicos, como os microbiológicos.
O Saae também informou que acompanha os índices divulgados anualmente pela Cetesb, que monitora o manancial em vários pontos de amostragem, com coletas, e que o processo de potabilização da água ainda se mantém com grande eficiência em relação aos padrões para consumo humano.
A autarquia afirma que mantém um programa de educação ambiental, orientando sobre o consumo consciente da água com o objetivo de preservação do recurso natural.

Piora na qualidade da água
Um estudo recente aponta que o problema na represa vai além da seca, já que a qualidade da água têm piorado e a forma de uso pode prejudicar, em breve, o abastecimento em toda a região.
O professor André Cordeiro, da UFSCar Sorocaba, acompanha os índices da represa desde 2006. Ele diz que os problemas surgiram pelas mudanças climáticas, como a falta de chuvas, mas também por ação do homem, incluindo desmatamento nas cabeceiras dos rios e super exploração da água.
“O que acontece e que já aconteceu no ano passado é que a gente entrou no período de seca com o reservatório já baixo, porque se aproveitou muita água antes da chuva pra gerar energia esperando uma chuva que não veio. A única forma de ele (reservatório) não baixar é deixar de tirar água do reservatório", explica o professor.


Nível de represa cai pela metade em um ano e concessionária prevê usar volume morto em outubro em outubro — Foto: Reprodução/ TV TEM

A Represa de Itupararanga é abastecida pelo Rio Sorocaba, que é formado por outros três rios: Sorocabuçu, Sorocamirim e Una. A Área de Proteção Ambiental no entorno da represa é formada por oito municípios.
A diretora da ONG SOS Itupararanga, Viviane Oliveira, diz que muitas dessas cidades não tratam o esgoto, que é despejado na represa.
“A grande preocupação do Comitê de Bacias, e da nossa ONG, é que sejam feitas medidas de emergência. Temos que estancar essa saída de água emergencialmente pra tentar garantir água para atravessar esse período de estiagem, e começar a discutir essa renovação de outorga.”

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