quinta-feira, 1 de março de 2012

NHÔ JUCA - O dom de improvisar


 Notícia publicada na edição de 01/03/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno C
 José Antônio Rosa

 Uma série de atividades amanhã no auditório Francisco Beranger, em Votorantim, marca os 31 anos de morte do artista araçoiabano que fez história em Sorocaba



Nhô Juca - Por: Reprodução/Emídio Marques
 
 Familiares e amigos se reuniram na última segunda-feira para relembrar de Nhô Juca - Por: Emídio Marques

 Nhô Juca - Por: Reprodução/Emídio Marques






Ator, produtor, radialista, cantor, comediante, compositor. Em qualquer uma dessas funções, o araçoiabano que fez história em Sorocaba José Rodrigues da Silva, mais conhecido como "Nhô Juca", se destacou. Morto há 31 anos completados na última terça-feira, ele será lembrado num especial amanhã, no auditório Francisco Beranger. Por iniciativa das Secretarias da Cultura e da Comunicação de Votorantim, diversas atividades, todas com entrada franca, foram programadas .

A agenda será aberta às 18h com a exibição do filme, ""Sertão em Festa", um dos quatro dos quais Nhô Juca fez parte do elenco. Além desse, esteve em "Corisco, o Diabo Loiro"; "Quelé do Pajeú"", (rodado em Sorocaba), e "As Cangaceiras Eróticas". Na sequência, serão entregues aos familiares e personalidades do rádio troféus feitos pelo artista plástico Adriano Gianolla. Ficarão também expostos no local fotografias e outros objetos, como discos e pertences pessoais do homenageado.

O contador de histórias Zé Bocca, fã de Nhô Juca, fará performances e, no encerramento, acontece a apresentação da dupla Pedro Bento e Zé da Estrada. A ideia de destacar a figura do comunicador num evento foi dada ao prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT) por um amigo dele de longa data, o também radialista Geraldo Rocha, que viveu, no circo, o palhaço "Sabonete". O artista e outras pessoas próximas a Nhô Juca se reuniram no auditório na última segunda-feira para conversar com o Mais Cruzeiro.

Convidados pelo secretário César Silva, lá estiveram a viúva do apresentador, Maria Aparecida, a filha, Maria Fernanda, a irmã Ana Cecília (""Nina"), a atriz Ana Sueli Graziani (que interpretou em programas de auditório a personagem ""Nhá" Bentinha), o sobrinho Fernando Leite, o cururueiro Cido Garoto, o palhaço Sabonete e o ator Zé Bocca. De temperamento agitado, expansivo e irreverente, ""Nhô Juca" nasceu numa família de 15 irmãos.

Desde sempre, conviveu com a música, com as artes. O apelido de Juca surgiu em casa. Gostava de cantar e começou a interpretar sambas-canções e temas bastante tocados nas rádios da época. Chegou a adotar o nome de Rodrigues da Silva, o Sambista. O começo como radialista aconteceu na Vanguarda. Foi lá, também, que, uma coincidência fez nascer o personagem que o consagraria. Conta a viúva Maria Aparecida que a emissora onde Rodrigues trabalhava programara um show com Mazzaropi, então um astro do cinema bastante famoso.

O artista, porém, não pôde vir a Sorocaba e cancelou a apresentação de última hora. O empresário Salomão Pavlovsky recorreu ao apresentador, pedindo-lhe para atender a emergência. "Ele não pensou duas vezes", relembra Maria Aparecida. ""Pediu que eu conseguisse uma rolha e, depois de queimá-la, pintou a cara, os dentes, vestiu uma calça justa, um paletó surrado, um chapéu de palha e mexeu nos cabelos. Nascia, ali, o Nhô Juca."

E foi como Nhô Juca que o comunicador criou uma empatia poucas vezes vista na história radiofônica local. Paralelo às esquetes em circos e programas de auditório (dividiu a cena com ""Nhá Bentinha" por quase de 20 anos), apresentou, agora na Rádio Cacique, um dos programas de maior audiência realizados na cidade. Até hoje são lembrados os seus bordões "Subi no abacateiro, desci do abacateiro", "Dois galhos secos, pin, pin, pindurado na porteira. Foi lá que começou o nosso amor", ou "Ai, Gerardina".

O palhaço Sabonete comenta que Nhô Juca tinha o dom do improviso, do jogo de cintura em cena. "Ele aparecia com ideias, fazia coisas sem avisar, e a gente até ficava com receio. Uma vez ele anunciou que sortearia para a plateia uma porca e três porquinhos. Todo mundo ficou animado, mas eu estranhei. Depois, no picadeiro, ele mostrou uma argola de metal e outras três menores. Eram as porcas usadas como ferramentas."

Nhô Juca morreu jovem, aos 49 anos. "E bonito", orgulha-se Maria Aparecida. Seu velório e enterro foram um dos mais movimentados da cidade. "Tinha gente até não caber mais", lembra o palhaço Sabonete. Também radialista, o secretário da Comunicação de Votorantim, César Silva, diz que o reconhecimento ao colega de profissão consiste numa reverência ao próprio rádio. "Ele traduziu, como poucos, a identidade do nosso rádio. Nada mais justo que seja lembrado." O auditório Francisco Beranger, fica na Avenida Newton Vieira de Souza, próximo ao terminal rodoviário da cidade. Informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3353.8572.

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