Notícia publicada na edição de 11/02/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 7 do caderno A
Leila Gapy
As 10 casas demolidas estavam desabitadas
Foto: Adival B. Pinto
A Prefeitura de Votorantim iniciou quarta-feira (10) um processo de inibição da ampliação de uma área verde invadida, no Jardim Tatiana. Pela manhã, funcionários da Secretaria de Obras estiveram no local e destruíram 10 casas que estavam sendo construídas e desabitadas. Funcionários do setor de Cidadania também cadastraram pouco mais de 10 famílias que residem no local.
A Polícia Militar deu suporte, mas não houve confronto ou resistência. Os moradores, que estavam construindo no local, informaram que não foram avisados da ação e alegam que compraram os terrenos de uma moradora do local. A Prefeitura por sua vez nega, afirma que informou todos da situação irregular.
O pedreiro Orlando Carlos Mendes, de 37 anos, disse ontem que foi pego de surpresa quando soube que sua casa em construção, na rua Julieta Santucci, estava sendo demolida. “Um absurdo o que fizeram porque eu comprei a área da dona Miriam, com recibo e contrato, e agora eles derrubam sem me avisar”, lamentou ele que atualmente reside em casa de aluguel em Sorocaba.
A mesma história foi contada pelo metalúrgico Edson Ribas Aguilar, de 43 anos, que reside, também de aluguel no mesmo bairro e estava construindo sua casa própria. “Isso não é legal porque, além de nos pegarem de surpresa, ainda estão agindo sem nos ouvir. Eu tenho todos os recibos de compra e venda”, alegou.
A dona de casa Elisa Aparecida Correia, de 25 anos, garantiu que dormia com a filha Taiane, de 3 anos, quando foi acordada às pressas por vizinhos. “Todos começaram a gritar, falando para o motorista do trator parar porque tinha gente dormindo na casa. Saí correndo. Mas felizmente não demoliram minha casa. Pelo que percebemos, demoliram apenas as que não estavam habitadas”, observou.
O pedreiro Natal Garcia, de 51 anos, foi outro que por pouco não fica sem casa. Ele contou que mora no local mas que havia saído para trabalhar, próximo, quando foi chamado pelos vizinhos. “Se eu não chego e aviso que moro na casa, eles derrubavam”, falou. Todos os moradores destacaram que compraram seus terrenos de uma senhora chamada Miriam, residente do bairro, e que não foram avisados da ação municipal. Além disso, todos se disseram perdidos e sem ter para onde ir.
Prefeitura
A Prefeitura votorantinense por sua vez informou que a ação realizada ontem pelo setor de Fiscalização teve por objetivo inibir a ampliação de moradias irregulares no local, assim como o parcelamento e venda de terrenos irregulares na área, que é pública. Ainda de acordo com a municipalidade, a fiscalização constatou que a rua Julieta Santucci foi ampliada clandestinamente e contou com destruição de patrimônio público (galeria pluvial), além de supressão de vegetação nativa. Por essa razão, dez construções inacabadas foram demolidas, a via foi obstruída e houve ainda apreensão de material de construção.
A Secretaria de Comunicação de Votorantim informou ainda que algumas edificações em fase final de construção e que estão ocupadas não foram removidas. O órgão destacou que essas famílias serão cadastradas pelo serviço social do município, e cada caso será analisado individualmente para que uma solução seja encontrada. A administração votorantinense garantiu que todos os envolvidos no local foram avisados com antecedência da ação, uma vez que “as pessoas tinham plena consciência da ocupação” irregular. Além disso, a municipalidade destacou que “está apoiada na lei e agiu em legítima defesa da propriedade pública no exercício regular de seu poder de polícia”.

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