segunda-feira, 22 de março de 2010

Represa é 'totalmente segura", diz gerente de Itupararanga

Maíra Fernandes


Notícia publicada na edição de 22/03/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 2 do caderno
 

Há cerca de 100 anos eram iniciados os trabalhos para a construção da represa que abriga a Usina Hidrelétrica de Itupararanga, administrada pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). Construída pela São Paulo Eletric Co. Ltda, a represa de Itupararanga iniciou suas atividades no ano de 1914. A represa, que abastece mais de 800 mil habitantes, beneficiando principalmente os moradores de Sorocaba, além de irrigar centenas de propriedades agrícolas, é também um atrativo turístico regional. Atualmente são 42 funcionários que cuidam da manutenção da usina, que é monitorada 24 horas por dia, enquanto a barragem é inspecionada semanalmente.
Conforme um estudo sobre os peixes do manancial, divulgado em uma publicação científica, a represa, que originou o reservatório, tem queda bruta de 206 metros. Localizada no município de Votorantim, o reservatório recebe água dos rio Sorocabuçu e Sorocamirim, que antes se uniam para formar o rio Sorocaba, e banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio, Piedade e Votorantim. A produção média anual de energia é de 150 gigawatts-hora (GWh), utilizada apenas pela indústria Votorantim. São abastecidos com suas águas os municípios de Sorocaba (74% de consumo), Votorantim (92%), Ibiúna (100%) e São Roque (32%)
Uma questão de segurança
A represa foi o alvo de muitas reportagens no início deste ano, quando o acumulado de chuva foi superior à média do mês, e os pranchões - também chamados de comportas pelos populares - foram retirados. A comunidade, principalmente do entorno, questionou inúmeras vezes a questão da segurança em residir próximo ao que comparavam a uma “caixa d’agua”.

 
Segundo o gerente da usina, Gilberto Barreto, a população não tem o que temer. “É totalmente segura, em termo estrutural uma das maiores que eu conheço, uma das maiores do grupo Votorantim”, reforçou, explicando que o reservatório tem todo um projeto de capacidade de água e que a operação é toda embasada em estudo hidrológico. “Tivemos chuva elevada a partir de setembro de 2009. Em janeiro de 20010 começamos a ter vazões muito elevadas, até fevereiro”, contou.

Ainda segundo Barreto, o reservatório vai até determinada cota para geração de energia, a partir desse total é para amortecimento de cheia. No início de janeiro os níveis começaram a bater perto da cota e por isso retiraram os pranchões para o escoamento da água. Hoje, das 16 vertentes apenas uma permanece aberta. “Depois que você tiver um nível muito alto não é fácil colocar e nem tirar”, disse ele sobre a abertura e fechamento dos pranchões.

 
Com quase 100 anos de atividade (completará em 2014), Itupararanga não tem um prazo de validade. Conforme explicou o gerente, uma barragem é calculada para aguentar chuvas fortes e não há um tempo definido para a interrupção de suas atividades, “depende das condições dela”, pontuou, reafirmando as ótimas condições em que se encontra. Ele lembrou ainda que a pior condição de chuvas passada nesse tempo foi no verão de 1929, com a lendária enchente onde o total de precipitações foi mais que o dobro da média estipulada para o mês, chegando a acumular 730 milímetros. Mesmo com esse quadro, nenhum problema ocorreu com Itupararanga.
Ocupação imobiliária

 
E se com o funcionamento da usina e manutenção da represa o gerente assegurou que não há problema, situações que ocorrem no entorno geram preocupação. Barreto contou que, mesmo fora da área que pertence a Itupararanga, a expansão imobiliária nas proximidades da represa configura-se como um problema pois ajuda a potencializar os estragos com a chuva. “Seria muito melhor que não tivesse (a ocupação). Se tivesse toda mata preservada, as enchentes seriam mais leves pois as matas seguram mais as chuvas; a chuva cairia mais devagar, causando menos erosão. Para quem opera o lago seriam as condições ideais”, confessou.

 
Para tanto, o gerente foi claro e disse que cabe aos órgãos públicos tentar fazer alguma coisa ante à expansão imobiliária já que não cabe à empresa administradora qualquer ação quanto a isso. O reservatorio, conforme o gerente, suporta 308 milhões de metros cúbicos de água, volume máximo que cabe no reservatório. A vazão regularizada do rio é de 200 metros cúbicos. As águas do reservatório são utilizadas durante o período de estiagem e reestabelecidas novamente na época de chuvas.

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