terça-feira, 13 de abril de 2010

Votoraty F. C. pisou na bola?

Manoel Peres Sobrinho*

 
Eu tenho um coração brasileiro/ Que no peito mais forte ele bate/ Quando joga este time guerreiro/ Que tem o nome de Votoraty// Oh Votoraty!/ Força jovem colossal/ Vai em busca da vitória/ Porque é seu ideal!/ Hás de ser a nova estrela/ A brilhar no esporte nacional// O azul que ornamenta o brasão/ Enfeitado de estrelas douradas/ Faz nascer em nosso coração/ Confiança nas tuas jornadas// Refrão!// Que sejas como o nosso Savóia/ Imbatível e valente esquadrão/ E resgate o passado de glória/ Com vigor da nova geração!// Refrão!// Da esperança a chama ardente/ Brilha mais que a estrela do céu/ Sonho em ver esse time valente/ Vitorioso erguer sempre o troféu// Refrão!// Esportistas nova geração/ Torcedores todos desta terra/ Nos unamos num só coração/ Para dar nosso grito de guerra! - Hino do Votoraty F. C., Letra e Música de José da Cruz.

Quando se trata de informação, verdade ou esclarecimentos ao povo, as coisas ocorrem mais ou menos assim: Primeiro, o povo é sempre o último a saber das coisas; Segundo, só fica sabendo aquilo que interessa aos que comandam, aqueles que são os donos da verdade; Terceiro, no final das contas, o povo sempre paga o pato. Pode? Dia 10, sábado próximo passado, por enquanto que alguns jovens protestavam, no meio do gramado do Estádio Municipal Domenico Paolo Metidieri, diante das câmeras de uma emissora de TV; ao fundo, podia-se ver funcionários e trabalhadores no desmonte da arquibancada postiça. Uma tremenda contradição de propósitos. Junto ao portão de acesso ao gramado, no alambrado, algumas faixas com dizeres nada elegantes: “Mercenário!”, “Sem vergonha!”. Creio que tinham endereço certo. Mas, por mais barulho que fosse feito a decisão da holding Manoel Leão S/A permaneceu: o Votoraty F. C. migrou realmente para a cidade de Ribeirão Preto, e lá, apareceu com outro nome: Ribeirão Futebol Club, com direito garantido de disputar a Copa Paulista de Futebol 2010. Foi o que afirmou o presidente da holding Eduardo Zanello à imprensa daquele município. Na segunda-feira, dia 12, mesmo depois de uma coletiva à imprensa, a direção do clube nada de novo acrescentou, a não ser o óbvio que todos já sabíamos: nós não temos mais o Votoraty, O ORGULHO DE VOTORANTIM. Eu sempre desconfiei, como cristão, que orgulho não faz bem a ninguém. E parece que estava certo.

Meio atordoado, com as últimas informações que colhi junto ao repórter da TVV, na saída do estádio “Domingos Metidieri” deparei-me com a Estátua do Atleta Desconhecido. Um pouco abaixo dos seus majestosos pés estava a inscrição: Homenagem ao atleta símbolo Sport Club Savóia fundado em 1º de janeiro de 1900. Um pouco mais abaixo, ainda, pude ler: Sport Club Savóia – atleta símbolo, construída em 1923 por Galileu Gogetti, restaurada em 27 de março de 2001 por Wilson Cavachini.

Tirei duas ou três fotografias da imponente estátua com meu celular, e comecei a observar detidamente o seu uniforme: A camisa de um azul claro como o céu de verão, de mangas compridas, fechando junto ao pescoço um cordão entrelaçado até a altura da gola que aconchega-se no pé do cabelo. O brasão em duas cores, verde na parte superior e bordô ou vermelho na parte inferior, com uma larga cruz sobrepondo as duas. O calção branco e as meias azuis com uma faixa branca fechando perto do joelho. E a chuteira, estilo botinha. Apoiado no pé direito, com a perna levemente à frente, segura a bola, classicamente, com a mão direita, apoiada na coxa, e a mão esquerda, na cintura, dá um ar elegante de virilidade atlética e esportiva.

Seu olhar fixo, parece dirigir-se ao futuro, ao infinito. Sem preocupação com o amanhã, ali está aquele monumento de disciplina e desportividade como a nos ensinar alguma coisa. Talvez queira ele nos dizer que uma agremiação é muito mais que uma empresa, um grupo de rapazes sedentos de sucesso ou glória. E, quem sabe, dinheiro, até. Uma Agremiação, de verdade, começa com uma alma a cultivar, um nome a honrar, um acordo a cumprir. As glórias são as conseqüências daqueles que permanecem fiéis à sua palavra e não se vendem a sucessos instantâneos. Foram embora porque não eram dos nossos.

Linus van Pelt (Lino) ao visitar seu amigo, Charlie Brown, que está enterrado nas cobertas até tarde, por causa da vergonha de uma derrota no Concurso Nacional de Soletração, diz, tentando reanimá-lo: Você reparou meu chapa, o mundo não se acabou por isso. Pois bem, é hora de recomeçar. Mas que fique a lição: alguns empresários não são confiáveis!

(* O Autor é Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie).

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