Folha de Votorantim
Enquanto esteve no Japão, pessoa teve transferida para CNH em seu nome mais de cem pontos por infração de trânsito
Enquanto esteve no Japão, pessoa teve transferida para CNH em seu nome mais de cem pontos por infração de trânsito
Um votorantinense que mora no Japão há seis anos e nunca fez qualquer curso de formação de condutores não só possui uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) em seu nome como também já recebeu em seu prontuário 130 pontos por infrações de trânsito. O caso está sob investigação do 2º Distrito Policial, sob comando do delegado João Geraldo de Faria Galdino.
O motivo de a CNH de Osvaldo Yamaoka Júnior, 29 anos, existir e constar inclusive no banco de dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) já se sabe: ele chegou a procurar meios de obter uma “CNH fria”, através de um intermediário ligado a um escritório despachante da cidade, quando havia acabado de completar 18 anos.
O pai de Júnior, Osvaldo Yamaoka, conhecido na cidade por seus anos na ativa como policial militar, afirma que desencorajou o filho a retirar o documento junto aos fraudadores. “Imagine! Passei anos da minha vida lutando contra isso”, afirma o sargento reformado da PM. No entanto, o falso documento foi expedido da mesma forma, datado do final de 1998, segundo a Polícia Civil.
Este configura outro esquema de corrupção, que deverá ser apurado pela corregedoria do Detran, que foi notificada pelo delegado Galdino. Embora não haja qualquer investigação sobre isso, Galdino supõe que um suposto esquema de falsificação de carteiras de habilitação como este envolveria necessariamente ao menos um escritório despachante, uma autoescola e funcionários da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) da cidade onde o documento foi emitido. Quanto a isso, o delegado adianta que a CNH de Júnior foi emitida em Jandira.
Como começou
O caso investigado pelo 2º DP é especificamente o da transferência dos pontos por infração à CNH de Osvaldo Yamaoka Júnior por meio de fraude. Na verdade, o inquérito policial teve início com base em um único caso. Autuada no trânsito em 20 de maio de 2008 por pilotar motocicleta sem capacete, uma mulher (seu nome foi preservado a pedido da autoridade policial) indicou Yamaoka Júnior para receber os sete pontos referentes à infração. “Mas ela foi autuada na hora, pela PM. É diferente de a pessoa ser multada, por exemplo, por um radar de velocidade”, comenta delegado Galdino.
A Ciretran de Votorantim, ao notar a fraude, repassou o caso ao 2º DP. O inquérito policial foi instaurado em dezembro último. Pelo que consta, mesmo a moça poderá ser uma vítima. Em sua oitiva, ela declarou que não conhece Yamaoka Júnior e que havia apenas recorrido da multa através de um intermediário (o mesmo que, segundo consta, falsificou a CNH), pelo valor de R$ 50. “Aparentemente, o intermediário transferiu os pontos por conta própria, sem ela saber”, explica Galdino. Já identificado – e também com o nome preservado a pedido da Polícia Civil -, o suspeito deverá ser indiciado nos próximos dias.
Na procura pelo responsável pela CNH, a polícia acabou chegando ao pai de Yamaoka Júnior. “Ele declarou que o filho está no Japão e que nunca tirou carta de motorista. Mas a gente precisa de provas, documentos. Apenas palavras não valem de nada pra gente, num inquérito policial”, ressalva Galdino.
O pai do rapaz ainda acrescenta que o filho não vai voltar a Votorantim para esclarecer o assunto. Quanto a isso, o delegado afirma que, caso precise, poderá solicitar à polícia japonesa que procure por ele para ouvir sua versão. “Isso num processo muito demorado, que precisa passar pelo Ministério da Justiça.”
Todos os outros motoristas que transferiram pontos a Yamaoka Júnior também deverão ser investigados. Galdino estima que sejam pelo menos 20. Ele também considera a possibilidade de surgirem ainda outros suspeitos, pois as outras transferências de pontos podem ter sido feitas por outros intermediários, em outras cidades. Por conta disso, a expectativa é que as investigações levem bastante tempo. Ao final do inquérito, a Ciretran poderá iniciar processo administrativo contra os envolvidos, se for o caso.
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