segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nos campos e nas quadras

Depois de desistir da carreira de jogador para se dedicar aos estudos e ao trabalho, Eliseu Sentelhas virou a referência regional quando o assunto é arbitragem

Jacqueline França

BOM DIA

 
Ele nunca é uma unanimidade, sempre é massacrado pelas torcidas e até mesmo atletas durante os jogos e quem sofre mais é a sua mãe.
Embora a maioria discorde das decisões, o árbitro é a autoridade máxima dentro de um campo de futebol ou de uma quadra de futsal.

Mas o curioso é pensar que um jogador rebelde pode mudar de lado e vestir o uniforme preto.
Essa é a história do votorantinense Eliseu Sentelhas, 60 anos, um talentoso atleta do futebol, que desistiu da carreira profissional para trabalhar, mas acabou vivendo bem perto dos jogadores, só que como árbitro.
Depois de uma carreira como jogador amador, ele encarou a arbitragem como forma de se manter perto do que sempre gostou. O resultado não poderia ser outro: o sucesso imediato.
Hoje, Eliseu ocupa o cargo de diretor da ASA (Associação Sorocabana de Árbitros) e da Lisofus (Liga Sorocabana de Futsal).
É ele quem cuida da escala das mais de 200 pessoas que trabalham todos os fins de semana nos campeonatos da região. Mas como esse envolvimento começou?
A ligação de Eliseu com o esporte vem de infância, quando ele ainda jogava bola de maneira despretenciosa com os amigos nos campos de Votorantim. “Quando tive a chance de me profissionalizar no São Bento, decidi ficar trabalhando”, lembra.
Ele trabalhava na fábrica de papel Votocel e foi jogando pelo time industrial que conquistou muitos títulos no futsal. Só que esse jogador não era fácil de lidar. “Eu sempre dava trabalho para os árbitros porque era indisciplinado em quadra”, lembra.
Eliseu se aproximou da arbitragem em 1981, quando sofreu a ruptura de um músculo, o que o impediu de seguir jogando. “Fui convidado para fazer a arbitragem de uma partida e acabei entrando para o meio.”
Dois anos mais tarde, ele estava no quadro de árbitros da Federação Paulista de Futsal. Em seguida, integrou o quadro da Confederação Brasileira, onde permanece até hoje.
Nos tempos em que ainda vestia o uniforme preto com mais frequência, Eliseu viveu boas histórias. Uma delas foi no Torneio Cruzeirão.
A fama de jogador encrenqueiro era tão grande que ele foi questionado quando decidiu expulsar um atleta de quadra. “Ele [o jogador expulso] me perguntou como eu poderia tira-lo da partida, sendo que eu era bem pior”, ri.

O trabalho agora é chato e burocrático

Hoje, Eliseu evita assumir o apito. Na verdade, ele cuida da parte mais burocrática e complicada da ASA e da Lisofus.
Sem erros, ele precisa montar as escalas para as três categorias principais do varzeano de Sorocaba, outras duas do Veterano, além de designar árbitros para Votorantim, Piedade, Salto de Pirapora, Capela do Alto e Jogos Operários.
“Eu nem indico uma pessoa para me ajudar porque o trabalho é cheio de detalhes que eu não conseguiria explicar.”
Separado da mulher, o chefe dos árbitros da região dedica praticamente todo o tempo livre às atividades da Liga e da Associação.
Ainda assim, ele garante que se sente bem em ver que as entidades hoje são respeitadas graças a todo esse esforço.

“Ninguém marca jogos sem a presença de profissionais das nossas entidades. Isso mostra a credibilidade que conquistamos”, analisa.
Eliseu apenas lamenta não contar com mais árbitros e mesários, o que para ele é resultado da falta de segurança nos estádios e nas quadras.

“Conquistar melhores condições para os nossos profissionais é uma de nossas batalhas.”

QUEM É

Nome: Eliseu Sentelhas
Idade: 60 anos - 03/08/1949
Profissão: chefe de compras do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Votorantim e diretor de árbitros da Lisofus e da ASA
Trajetória: integrante do quadro de árbitros da Federação Paulista e o Confederação Brasileira de Futsa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Ouça a Rádio Votorantim