terça-feira, 17 de agosto de 2010

ASSALTO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE VOTORANTIM

Manoel Peres Sobrinho*
O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente – João 10:10 NVI.

Em minha visita regular à Biblioteca Municipal de Votorantim, nesta terça-feira, tive uma surpresa. As portas estavam fechadas e com um aviso: Fechada para uso externo por motivo de assalto. Abrimos amanhã. Comecei a observar, então, os vestígios de destruição que os meliantes (como chamam os policiais os desordeiros), deixaram. A porta central tinha um dos vidros quebrado com estilhaços por todo o hall de entrada. Um dos vidros espelhados, da lateral, também havia sido forçado e quebrado. Mas a maior marca deixada pelos ladrões foi na porta lateral de madeira. Parte do batente havia sido arrancada onde a fechadura prende a porta, deixando tudo retorcido e inutilizado. Só observei um livro no chão. Aliás, nem parecia um livro, mas uma revista. Ou, talvez, um livro paradidático. O que sumiu? Só um velho computador usado para cadastro do acervo. Tudo ainda estava como os ladrões deixaram, esperando a polícia técnica para periciar o local. Uma ironia histórica: hoje, terça-feira, dia 17 de agosto é DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO. A visita desse (desses?) amigo (s) dos bens alheios me deixou algumas intrigantes inquietações.

1º) O nível de segurança dessa área tão importante da cidade. Se pensarmos que ali também estão a Câmara Municipal, a própria Prefeitura Municipal e uma agência bancária, por que esses rapazes investiram logo na biblioteca? Um lugar que para todos os efeitos só tem livros! Mas não: há também computadores, o que, aliás, foi o objeto de furto.

2º) Uma outra coisa: como objetos de uso definido podem ter seus reais valores alterados. Ali é uma biblioteca, portanto, um local de informação, um templo do saber, da cultura e do conhecimento. Mas para aqueles rapazes (?) só era mesmo, um lugar para se obter alguma coisa de valor monetário para ser revendido, sabe Deus para que! O único valor de cupidez para eles era a obtenção rápida de alguns reais, não mais que isso. Todo o esforço, todos os riscos, todas as precauções simplesmente por alguns “tostões”. Não conseguiram imaginar o que realmente há ali como valor de transformação pessoal. Não conseguiram observar que o que estavam fazendo era um incidente que marcaria suas vidas para sempre. Não conseguiram abstrair de suas ações que estavam invadindo uma propriedade pública, social e comum aos munícipes e que colocam em risco a própria segurança de suas famílias com afrontosa desobediência civil. Nada disso puderam sequer pensar.

3º) Por último, quem são essas pessoas? Seres humanos transformados em sombras que agem na calada noite para satisfazer o ímpeto pessoal de seus desejos com frêmito e adrenalina. Quem são seus pais? Como viveram suas infâncias? Sei que numa hora dessas o melhor mesmo é não romantizar. Mas quem assalta ou furta uma biblioteca e leva somente um velho computador, não tem a mínima consciência do que isso represente para ele e para a sociedade.

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