quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pacientes reclamam de longa espera por exames nos ambulatórios

Thiago Arioza

Notícia publicada na edição de 15/09/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 2 do caderno B
 
 
 
Entrada do Ambulatório de Especialidades de Votorantim
Foto: Erick Pinheiro

 
Seis meses é o tempo de espera para uma consulta no Ambulatório de Especialidades de Votorantim. O serviço vem sendo alvo de reclamações por parte de pacientes que dependem da rede municipal de saúde e estão sendo obrigados a passar longos períodos doentes, até que as Unidades Básicas de Saúde os encaminhem para atendimento. O departamento de saúde do município negou que o tempo de espera ultrapasse três meses, informação que é contestada por pacientes como Julia do Carmo Ferreira, de 54 anos.

A aposentada mostra no cartão de comparecimentos que no dia 12 de março passou por consulta no posto do Jardim Clarice, data em que o clínico geral requisitou consulta no Ambulatório com um ortopedista. Desde então ela continua com dores musculares sem que até hoje a UBS tenha informado sobre a disponibilidade de uma vaga.
Ontem, completaram-se mais de seis meses de espera, 187 dias precisamente. Às vezes a atendente liga para perguntar se eu ainda quero passar pela consulta, como se do nada eu tenha me curado ou desistido, reclamou a aposentada, que mostra em seus registros de atendimento que chegou a esperar oito meses até ser avaliada por um ortopedista.
A reclamação também se estende a outras especialidades. No dia 27 de agosto, Julia conta que foi atendida na unidade de saúde do bairro por uma ginecologista, que solicitou exames de rotina (mamografia e ultrassom). Na unidade de saúde, a informação é de que tais exames só sejam realizados quando o governo do Estado anunciar um mutirão, pois na rede municipal não há previsão devido à grande demanda para somente um aparelho destinado a cada procedimento. Para a aposentada, o número de médicos é insuficiente para atender toda a população da cidade, a começar pelas unidades de saúde dos bairros, onde os médicos que saem de férias não são substituídos quando a unidade dispõe de mais um clínico geral.
A dona-de-casa Lourdes Martins, de 44 anos, se diz outra testemunha da demora para atendimento no Ambulatório de Especialidades. Recentemente, sua ginecologista também solicitou exame de ultrassom mamário. O pedido foi feito em caráter emergencial, devido a alterações constatadas na mamografia. Após um mês de insistência e telefonemas para a unidade de saúde, ela resolveu arcar com os gastos dos procedimentos em um laboratório particular, que cobra R$ 130,00 para o exame. A médica teve dúvidas sobre o resultado e pediu que eu refizesse. No próprio posto sugeriram que eu fizesse na clínica particular, por que não havia nenhuma previsão, relembra. Os mais demorados costumam ser o ortopedista. Esperei oito meses para conseguir uma vaga, durante todo esse tempo eu tive que tomar antiinflamatórios até descobrir uma disfunção na coluna. Até que me encaminhassem para a fisioterapia, foram mais cinco meses, declarou.

Prefeitura
A assessoria de imprensa da prefeitura respondeu que o tempo médio de espera para uma consulta com um especialista vai de 15 dias a três meses. Segundo o órgão de saúde municipal, os casos que extrapolam esse limite são de pacientes que marcam a consulta e não comparecem no dia agendado. Sobre a não substituição de médicos em período de férias, a secretaria afirma que o atendimento ocorre por agendamento e com isso as consultas são remanejadas, dispensando a necessidade de repor o profissional em férias. Em relação aos exames ginecológicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a explicação é que os requerimentos são encaminhados ao laboratório e serviços de imagem contratados, já os ortopédicos, são feitos de imediato e os que necessitam de serviços de imagens são agendados.
Votorantim possui dois Ambulatórios com atendimento médico de especialidades, sendo um deles voltado especificamente para mulheres e crianças, com capacidade para 1 mil atendimentos mensais. Apesar de não ver necessidade de contratar novos médicos, a secretaria anunciou que um concurso público deverá resultar em novos profissionais integrados à equipe, tais como ortopedista, urologista, neurologista e cardiologista.

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