sábado, 23 de outubro de 2010

CHACINA DE VOTORANTIM - "Meu neto diz: aquela estrela mais linda no céu é meu pai"

Wilson Gonçalves Júnior

Notícia publicada na edição de 23/10/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 9 do caderno A
 
 
Maria do Carmo chora ao lembrar de Elvis e neto ajuda a consolá-la
Foto: Erick Pinheiro



Enviar por e-mail Com a morte de Elvis Aparecido Silva, de 16 anos, sua mãe Maria do Carmo da Silva passou a cuidar do filho dele, Gustavo, que na época do crime tinha apenas 1 ano e 3 meses de idade. Hoje em dia, com 4 anos completados, o neto sonha com o pai, gosta de vê-lo pelas fotografias e ainda aponta para o ceú para dizer: Oh vó, aquela estrela mais linda no céu é meu pai.
O neto Gustavo, que ouve a entrevista, mas fica entretido com seu inseparável velotrol, atende um pedido da avó, que emociona-se toda vez que fala do filho Elvis e cai no choro. Ele busca o lenço, e com as próprias mãos, auxilia Maria do Carmo a enxugar as lágrimas. Ao ouvir sobre a estrela, Gustavo diz: estrela banca (querendo dizer branca).
Maria do Carmo explica ainda que o neto sempre sonha com o pai, dando-lhe um beijo e gosta de ver a fotografia de Elvis, sempre presente na cabeceira da cama de Maria do Carmo. A avó manda ainda o filho buscar a imagem tirada no único Dia dos Pais comemorado juntos, em que Elvis carrega Gustavo no colo, fotografada dois meses antes da chacina.
A demora pela realização do julgamento aumenta a dor das famílias, que depois da absolvição de Jair Martins, sentem um clima de impunidade no ar, temendo que o mesmo ocorra com Maninho. A cada dia que passa, o sofrimento é pior.
A única coisa boa, em toda essa situação, é que as mães e pais das vítimas tornaram-se uma família só e uma segue apoiando a outra nos momentos mais difíceis. A gente pede a Deus que tenha justiça, punição. O que aconteceu com aquelas crianças e aquele cara sair limpo, não dá pra acreditar. Tem que alguém pagar, criticou.

 
Ferida sem cicatriz

Pai da vítima Jhosely Lopes dos Santos, de 15 anos, Milton Vieira dos Santos citou estar ansioso pela realização do julgamento do último envolvido no caso da chacina. Apesar da demora de três anos, ele ainda não perdeu a esperança e crê na condenação do acusado de ser o mandante, Everson Severino da Silva.
Desde o ocorrido, Milton indicou que se apegou muito à religião, situação que até então nem era tão cotidiana na sua vida. Para ele, é difícil se conformar com a morte de um filho nas condições, fria e cruel, como ocorreu. Não tem jeito de você viver mais uma vida normal.

De acordo com Santos, além da fragilidade dos pais, o pior ainda é para seus outros filhos - três ao todo - e que acabam sentindo ainda mais na pele a perda, por muitas vezes não compreendem o que realmente ocorreu.
O julgamento, acredita o pai de Jhosely, é a data mais esperada pelas famílias das vítimas e toda esta espera de 3 anos dá uma sensação de uma ferida sem cicatrização. Enquanto não for julgado, com a condenação, não vai dar aquele alívio para gente. Já são 3 anos de espera.

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