sexta-feira, 1 de outubro de 2010

População se divide sobre o vale-combustível aos diretores

Thiago Arioza

Notícia publicada na edição de 01/10/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 7 do caderno A
 
 
A criação do vale-combustível no valor de R$ 500,00 para 44 diretores das escolas municipais de Votorantim divide opiniões e gera revolta naqueles contrários à iniciativa. A proposta, de autoria do prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT), repercutiu após ser aprovada pela Câmara por oito votos contra um. Uma enquete realizada na região central demonstrou desconfiança por parte de alguns munícipes quanto à legitimidade e, por outro lado, a aprovação de pessoas que consideram a iniciativa uma forma de valorizar o profissional da educação.

Pedro Luiz é um dos que reprovam. Para mim, é uma vergonha, pois os diretores já têm o salário deles. O carro é para uso particular. Se precisam de transporte para funções relacionadas ao trabalho que usem os carros da Prefeitura, opinou. O auxiliar Nilton Carrara, 48 anos, também discorda e argumenta contra as justificativas da Prefeitura. Quem tem que transportar aluno doente ou ferido é a ambulância. Isso não tem nada a ver com o diretor, que precisa ficar cuidando dos assuntos da escola. Eles já não são remunerados?, questionou.
O taxista Jacson Rogério Cruz, 33 anos, também discorda do argumento apresentado pela Prefeitura. Para transportar uma criança ferida é necessário ter treinamento de socorrista e os profissionais que trabalham com resgate são habilitados para isso. A Prefeitura faz concursos públicos para contratar motoristas e poderiam fornecê-los para transportar crianças e os próprios diretores. Além disso, acho que se alguma criança tiver que entrar no carro particular do diretor precisa da autorização dos pais, pontuou. Jacson também discorda do valor concedido, e avalia o benefício como exorbitante. Por mês eu rodo cerca de 8 mil quilômetros com meu táxi e gasto entre R$ 650,00 e R$ 700,00 de combustível. Deveriam pagar, no máximo, R$ 250,00.
Mariana Smith da Silva, de 33 anos, conta que, das vezes que a filha de oito anos se machucou, ela própria teve que buscá-la. Lembra que o procedimento adotado pela escola é sempre o mesmo: avisar os pais no caso de o aluno passar mal ou sofrer algum acidente. Essa história de que os diretores precisam levar os alunos ao Pronto Atendimento em casos de emergência é só uma desculpa, afirmou.

Romildo Nogueira Soares, de 49 anos, acredita que o diretor pode sim intervir em casos menos graves. Quando uma criança se machuca e precisa de atendimento médico não dá para esperar. Em alguns casos, o pai não pode sair do trabalho. É preferível que o socorro seja feito por uma ambulância, mas se não for possível é importante que alguém faça alguma coisa, disse.

O aposentado Pedro Aparecido, 68 anos, avalia que o auxílio é uma forma de valorizar a profissão dos diretores, que contribuem para a educação na cidade. As pessoas precisam apoiar ideias como essa. O salário de quem trabalha com educação ainda é muito baixo e o governo tem dinheiro para ajudá-los, observou.

Implementação justa

 
A Secretaria de Educação de Votorantim informou, por meio de assessoria, que avalia como justo o benefício, pois realmente há necessidade de deslocamento para atender as atribuições inerentes ao cargo. Esse benefício, conforme indica a Secretaria, não é uma novidade, pois já ocorre para os profissionais do magistério estadual. Esse auxílio o qual a secretaria se refere é o Adicional de Transporte, pago automaticamente para todos os Supervisores e Diretores, que correspondente a 20% do salário inicial para Supervisor de Ensino e a 10% do salário inicial para Diretor de Escola.

 
A Secretaria de Educação de Votorantim informou que chegou ao valor de R$ 500,00 com base na utilização pelos diretores de seus veículos próprios. Destacou a responsabilidade por gerenciar tanto a parte pedagógica como a administrativa da unidade escolar. Contudo, é responsável pelo bem estar dos alunos. Se um aluno se machuca ou adoece o diretor não pode se omitir do atendimento.
A Educação estima que, pelo menos, uma vez por mês, os diretores se reúnem na Secretaria para cuidar de assuntos internos; semanalmente, para entrega de documentações, ocorrências; e rotineiramente, para atender às necessidades da unidade escolar, como solicitação de materiais de consumo. O orçamento para o auxílio será destinado pelos recursos do Fundo Nacional de Educação Básica (Fundeb), específicos para a valorização do profissional da educação.

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