Manoel Peres Sobrinho
Dá-se o nome de Reforma ao movimento histórico, político, social e religioso que eclodiu no século XVI tendo à sua frente, o monge agostiniano Martinho Lutero. Suas pretensões, iniciais, eram a de fazer a Igreja do Senhor Jesus retornar aos princípios apostólicos e cristãos originais quanto à matéria de fé e prática do Evangelho. No entanto, não sabia ele que Deus tinha planos maiores para tal realidade. Depois de vários séculos, podemos, hoje, fazer uma análise mais apurada daquilo que representou a liberdade para muitas almas aflitas.
Hoje, quando pensamos em Reforma é necessário fazermos a seguinte pergunta: Precisa a nossa igreja de uma nova Reforma?
Achamos que sim.
Inicialmente, pensamos em uma renovação espiritual autêntica. Com isso queremos dizer daquele ardor pelas coisas de Deus e um comprometimento total e irrestrito com o Senhor da obra. Comprometimento em todas as áreas da existência. Para muitos cristãos, infelizmente, ser crente representa uma pequena parcela de suas atividades sociais. São os chamados cristãos nominais.
Um segundo ponto que nos preocupa muito que pensamos ser necessária é uma renovação ardente, consciente e prática quanto à Vocação-Função-Prática dos presbíteros na Comunidade. Pela designação "presbíteros regentes", fica-lhes comprometida a iniciativa de pastorear o rebanho, conforme nos informa e ensina Pedro em sua Primeira Carta, capítulo 5, versículos 1 a 4. Precisamos revalorizar e reinstrumentar a vocação e função do Presbítero na Igreja, dando inclusive formação teológica e constitucional obrigatórias para o bom desempenho de suas funções.
Outro ponto é quanto à nossa Liturgia. Precisamos de um serviço religioso que responda realmente aos anseios do povo quanto à comunhão com Deus, sua adoração. Precisamos oferecer ao povo uma oportunidade mais intensa e criativa de adoração, fazendo-o passar de mero espectador a participante integral. Com elementos significativos e desafiadores com os quais ele viverá a semana seguinte de sua vida. Atenuar ao máximo possível a divisão meditação e prática dando a elas um conjunto harmônico e não uma dicotomia excludente.
Uma quarta questão diz respeito à nossa Teologia. Não queremos uma nova teologia, mas uma popularização dela. A teologia precisa revelar sua faceta material, física e prática de seu valor. Formalizar conceitos reais da fé e contemporanizá-los, mostrando de maneira mais palpável e lúcido o que é viver com Deus, na meditação diária de sua Palavra e vontade e o que é viver para Deus, no exercício da prática dos dons espirituais no contexto de sua comunidade.
Finalmente, a igreja precisa aprender que em cada fase de sua existência histórica é-lhe exigido por vocação e essência ser e ter uma resposta ao mundo que a cerca. Ela se constitui como crítica da história e elemento contracultural do Reino de Deus, pois o seu Deus é o Senhor da História, fazendo valer sua voz profética em prol desse Reino que ela genuinamente representa e proclama. Deve, acima de tudo, se constituir em uma opção de vida, ideais e virtudes para o mundo e a sociedade de sua época.
Reforma, para nós hoje, deve ser entendida como um movimento interno e contínuo do ser da igreja rumo ao cumprimento de sua missão na vida dos homens com os quais participa de seus sofrimentos e aspirações.
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