Cruzeiro on-line
Milhares de visitantes passaram ontem
pelos sete cemitérios em Sorocaba e Votorantim
Foto: Luiz Setti
Foto: Luiz Setti
Foto: Luiz Setti
Foto: Luiz Setti
Foto: Luiz Setti
Lembrar com carinho de quem já morreu e, como homenagem, enfeitar túmulos com flores e acender velas. Essa é a tradição do Dia de Finados que mais uma vez se repetiu, com os milhares de visitantes que passaram nesta terça-feira (02) pelos sete cemitérios de Sorocaba e Votorantim.
A ida do sorocabano aos cemitérios começou logo cedo e, com o passar das horas, o número de pessoas e carros circulando aumentou. No Pax, na Árvore Grande, o movimento de veículos entrando e saindo, por volta das 10h. A fila chegava até o cruzamento com a avenida São Paulo. Lá dentro, porém, o clima era de paz. A paisagem, normalmente verde por conta da grama, deu lugar ao colorido das flores.
Ao contrário do que acontece nos cemitérios com sepulturas erguidas em concreto, no Pax muita gente opta por sentar no chão para fazer sua oração. Foi assim com Mário Rodrigues Guedes, 78 anos, que repetiu um ritual que sempre realiza ao visitar o local onde estão enterrados sua esposa, sogro e filho. Ele cortou todas as flores de dois vasos e arrumou-as, pacientemente e em silêncio, abaixo da placa com o nome de seus familiares. “Se deixar os vasos eles acabam caindo com o vento”, comentou. Pelo menos uma vez por mês ele vai até o local e repete o gesto para lembrar daqueles que já morreram. “Me casei de novo, mas vivi 38 anos com esta esposa sem nunca termos brigado. Já meu filho, morreu num acidente”, contou, com lágrimas nos olhos. Ao terminar a montagem com flores brancas e cor de vinho, disse “Vir aqui dá um alívio na gente. É a mesma coisa que sentimos ao ir visitar a casa de um amigo”.
Próximo dali, Julieta Mateus Gonzales, 82 anos, também não se contentou em apenas colocar um vaso. Sozinha, mesmo com dificuldade para abaixar, rodeou de flores a placa com o nome de seu primeiro neto, um bebê que faleceu com 15 dias de vida, em 1973. “Tenho nove netos, seriam dez com este. Minha família foi viajar, estava sozinha e resolvi vir aqui. Mas não contei para eles, senão ficariam tristes”, falou, referindo-se à filha, mãe do bebê. A ideia de emoldurar a sepultura com as flores foi para “deixar o nome dele aparecendo”. “O amor da gente nunca acaba. Agora, acabo de ganhar uma bisneta”, disse, com sorriso no rosto.
Na porta do cemitério da Consolação, na Vila Haro, além de barracas de flores e velas, um grupo de jovens da Igreja Apostólica Agnus chamava a atenção. Com narizes de palhaço, eles ofereciam “abraços grátis” ao que passavam pelo local, especialmente àqueles que saíam com um ar de desânimo, depois de lembrar seus familiares e amigos falecidos. “Esse é um dia triste para muita gente. A gente veio até aqui para trazer alegria, para dizer que o Espírito Santo consola. Tem gente que só tinha aquela pessoa, que já morreu, para dar um abraço”, comentou Jefferson Nunes, 27 anos. (Regina Helena Santos)
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