terça-feira, 29 de março de 2011

Votorantinenses pedem plebiscito e dizem que "vender o Saae é palhaçada"

Notícia publicada na edição de 29/03/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 011 do caderno A -

Samira Galli

Com cartazes, placas e roupa de palhaço, a população votorantinense protestou contra a concessão dos serviços do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para a iniciativa privada, na sessão da Câmara Municipal de Votorantim na noite de ontem. A manifestação foi exaltada e o presidente Marcos Antonio Alves (PT) precisou pedir silêncio, além de ameaçar chamar a Polícia Militar para conter os manifestantes. Os vereadores da oposição Fabíola Alves da Silva Pedrico e Bruno Martins (ambos do PSDB) declararam-se novamente contrários à iniciativa.

 
Nos cartazes, os manifestantes dirigiam-se à concessão como "venda" do patrimônio público. "Vender o Saae é palhaçada", dizia um deles. Com uma das placas em punho, o aposentado Pedro Bertoloto, de 60 anos, afirmou que a maior parte da população de Votorantim é contra a concessão. "Mais de 90% dos moradores não está feliz com a ação da Prefeitura e o povo precisa ser respeitado", declarou. Os moradores reivindicaram um plebiscito sobre a discussão. "Concessão é o mesmo que venda. E, para vender algo do município, tinha que ter a aprovação da população. Convocar audiência não resolve nada", frisou.


Para os manifestantes, a população será a mais prejudicada com a medida. Entre os que se declaravam contra a concessão havia, inclusive, funcionários da autarquia. "O maior receio da população é que a tarifa suba. Sabemos que isso vai acontecer, se não agora, mais para frente. Votorantim já possui uma das tarifas mínimas mais caras, que é de R$ 27. Se essa lei for aprovada, vai ser mais ainda", afirmou Bertoloto, com um abaixo assinado com mais de cinco mil assinaturas em mãos.

O aposentado questionou ainda os investimentos feitos recentemente com a Estação de Tratamento de Água e Esgoto (ETE) dos Guimarães, inaugurado no ano passado, no qual o município fez um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (CEF), de R$ 16 milhões. "E agora, quem vai pagar esse empréstimo? A população ou a empresa?", questionou.

Vestido de palhaço, um homem que preferiu se identificar como "Pirulito", pediu mais tempo para discussão do projeto de lei. E ficou indignado por ser barrado na porta da Câmara. "A calça do palhaço é mais curta que uma calça comum e, como não pode entrar de bermuda no plenário, proibiram a minha entrada, mas eu dei um jeito e amarrei a calça nos tornozelos. Manifestação é uma ação livre e faz parte da democracia", e completou: "Apesar de estar de palhaço, meu manifesto é sério, mesmo que silencioso. Vender o Saae é uma palhaçada da Prefeitura".
Líder da oposição, a vereadora Fabíola reforçou o discurso contra a concessão da autarquia à iniciativa privada. "A cidade investiu durante muito tempo para que o Saae fosse autônomo. E, quando estamos com a estrutura pronta, dando lucro para a cidade, vamos passar tudo para terceiros?", questionou.

O vereador Martins, também da oposição, posicionou-se novamente contrário à concessão e pediu mais tempo para discussão do projeto de lei. "Existe pouca diferença entre privatização, terceirização e concessão. As cidades da região onde a medida foi tomada estão descontentes e até arrependidas com o serviço", destacou.

Alterações

O prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT) confessou falha na redação do projeto de lei e enviou um ofício à Câmara para algumas alterações. Entre elas, o pedido para desconsiderar o caráter emergencial do projeto, na forma inicialmente apresentada, que causou discussões e repercutiu negativamente à Prefeitura na semana passada. Além disso, foi excluída a possibilidade de prorrogação da concessão, que será outorgada pelo prazo de 30 anos.

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