domingo, 3 de abril de 2011

DEPOIS DO TERREMOTO - Haitianos vêm ao Brasil em busca de emprego

Notícia publicada na edição de 03/04/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 002 do caderno E

André Moraes


Por: Emídio Marques


Após um terremoto ter devastado o Haiti em janeiro de 2010, muitos haitianos vieram para o Brasil em busca de emprego. Com isso, o proprietário de uma serralheria em Votorantim, Osvaldo de Brito, pensou em ajudar de alguma forma e hoje conta com três homens do Haiti trabalhando em sua empresa, que antes estavam alojados na cidade de Brasileia, no Estado do Acre. De acordo com o subsecretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Leonardo das Neves Carvalho, existem cerca de 170 haitianos em seu Estado, esperando por uma oportunidade no mercado de trabalho brasileiro.

 
O proprietário da serralheria conta que quando viu uma reportagem na televisão sobre a vinda dos haitianos ao Brasil em busca de emprego, resolveu buscar informações e ajudá-los. "Há 20 anos tenho essa empresa e procuro sempre por serralheiros, pedreiros e ajudantes gerais, mas está difícil de encontrar. Quando vi a reportagem me deu um "estalo" e comecei a procurar consulados, embaixadas, a Polícia Federal, para que me enviassem alguns deles", relata Brito, que se diz muito contente com o trabalho dos seus três funcionários estrangeiros.

 
De acordo com Brito, a grande maioria dos que vieram para o Brasil oferece mão-de-obra especializada e chega com uma grande vontade de trabalhar, para poder ajudar suas famílias que ficaram no Haiti. "Eles estão há 10 dias aqui e se encaixaram perfeitamente, formando uma equipe muito boa. Eles são muito empenhados e com força de vontade", revela.

 
Joseph Daniel Noel, 34 anos, Alex Darcelin, 27, e Ronald Darcelin, 33, estão exercendo a função de ajudante geral na serralheria em Votorantim e possuem toda a documentação necessária para se instalar, temporariamente, no País, como a carteira de trabalho, o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e um documento que substitui a Carteira de Identidade (RG).

Brito diz que possui um contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre, que ofereceu mais 100 haitianos para serem contratados em sua serralheria. Por não possuir estrutura adequada para receber esse grande número de funcionários, ele espera que outras empresas se interessem em acolhê-los. "Quero dar ênfase de que eles são excelentes pessoas, em termos de humildade, trabalho e honestidade", enfatiza o proprietário da serralheria. Ele lembra que a empresa interessada precisa dispor de um alojamento para abrigar os haitianos ou oferecer uma ajuda de custo no início, para auxiliá-los a conseguir um local para morar.

 
Segundo Brito, os haitianos que estão no Brasil podem se encaixar em vagas como eletricista, pedreiro, pintor, encanador, carpinteiro, ajudante de construção civil, e há, também, alguns deles especializados em construção de estradas, criação de aves (em granjas), armação de ferragem, entre outros. Para quem se interessar, basta entrar em contato com Brito pelo celular (15) 7835-7717.

 
Haitianos entraram pelas fronteiras

 

Conforme informações do subsecretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Leonardo das Neves Carvalho, muitas pessoas do Haiti começaram a entrar no Brasil pelas fronteiras do Equador, Peru e Bolívia, desde julho do ano passado. Carvalho explica que os haitianos entravam no País pedindo refúgio, após o Haiti ter sido devastado por um terremoto no ano passado. Ele ainda explica que, como o Brasil oferece ajuda humanitária àquele país, o Conselho Nacional de Imigração passou a regularizar a situação dos haitianos. Assim, toda a documentação foi expedida, para que eles pudessem buscar oportunidades de trabalho no Brasil.

 
O subsecretário afirma que há cerca de 170 haitianos no Acre, porém, o Estado brasileiro que abriga o maior número de pessoas vindas daquele país é o Amazonas, que conta com 500 estrangeiros. Carvalho revela que o Estado do Acre já chegou a ficar com 319 haitianos em seu território, que depois foram se dispersando pelo País, com empregos garantidos ou em busca de possibilidades. Na capital Rio Branco, o subsecretário afirma que já foram inseridos no mercado de trabalho cerca de 40 pessoas do Haiti. "Eles chegam com esperanças de ir para grandes Estados, como São Paulo, por possuir uma grande área industrial", ressalta.

 
Os haitianos que ainda estão na cidade de Brasileia - que faz fronteira com a Bolívia - se instalaram em um alojamento improvisado pelo governo estadual do Acre. Um ginásio daquela cidade foi adaptado para receber as pessoas do Haiti, onde recebem um auxílio com alimentação, moradia e higiene pessoal.


 

Haitianos esperam ficar mais 4 anos



Os três haitianos que trabalham na serralheria de Osvaldo Brito, em Votorantim, estão no Brasil há 5 meses, sendo que chegaram na região há 10 dias. Joseph Daniel Noel, 34 anos, Alex Darcelin, 27, e Ronald Darcelin, 33, deixaram suas famílias no Haiti e vieram para o Brasil em busca de um emprego e se dizem satisfeitos com o que conseguiram por aqui até agora. De acordo com eles, o dinheiro recebido tem sido suficiente para se manter na cidade e ainda sobra um pouco para enviar a seus familiares.


Joseph, Alex e Ronald estão abrigados em um alojamento que fica na própria serralheria e pretendem passar mais um tempo no Brasil. "Acho que fico por aqui mais uns 3 ou 4 anos", afirma Joseph. Os três falam um bom português, além de serem fluentes nas línguas inglesa e francesa. Para a conversa, a única solicitação feita pelos haitianos foi que as perguntas fossem feitas pausadamente, para poderem entender melhor a pronúncia das palavras.

Quando perguntados por que escolheram o Brasil, Joseph logo respondeu que aqui é um País com diversas oportunidades de emprego. "Aqui temos mais possibilidades, além de ter uma grande hospitalidade." Há 5 meses em território brasileiro, eles dizem que ainda não sentem vontade de voltar ao Haiti, mas a saudade de suas famílias às vezes bate. "Nós falamos muito com nossos familiares pelo telefone e celular", explica Alex. Nenhum deles tem esposas ou filhos, portanto, afirmaram que foi mais fácil sair do Haiti para procurar condições melhores de trabalho em outros países, como o Brasil.

Além de conhecerem Votorantim, os haitianos já passaram pelo comércio sorocabano, como os shoppings e a área central, acompanhados do proprietário da serralheria. "Nós gostamos muito do Brasil, apesar de ter uma cultura e costumes diferentes", avalia Alex. Porém, o que mais chamou a atenção dos três foram as mulheres brasileiras. "São muito bonitas", revela Joseph.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Ouça a Rádio Votorantim