segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sangue azul nas veias

Marcelo Macaus
Agência BOM DIA

Arnaldo Kriguer é considerado o torcedor símbolo do São Bento: chora as derrotas, comemora as vitórias e mantém um bar no bairro da Parada do Alto classificado como o reduto de todos os são-bentistas da cidade

Arnaldo é morador de Votorantim



Comerciante sorri e mostra as inúmeras bandeiras que possui
Foto: Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA



Tarde de 27 de março, um domingo. O árbitro Luciano Monteiro dos Santos apita o fim do jogo em que o Red Bull venceu o São Bento por 3 a 1 e selou o rebaixamento do time de Sorocaba à Série A-3 do Campeonato Paulista.

 
Nas arquibancadas do Estádio Municipal Walter Ribeiro (CIC), um entre os pouco mais de 800 torcedores que viram de perto o vexame chorava copiosamente. Era o comerciante Arnaldo Kriguer, 60 anos. “Aquele domingo foi um dos dias mais tristes da minha vida”, lembra.

 
Não é para menos. Arnaldo é são-bentista há mais de 50 anos. Ele mesmo diz que o sangue azul corre em suas veias desde criança.

 
A paixão pelo São Bento teve influência direta do seu pai. “Ele me levava aos jogos do São Bento, ainda no Estádio Humberto Reale, e eu acabei me apegando ao time.”

 
Arnaldo nasceu em Votorantim. Naquela época, o município não havia se emancipado e era distrito de Sorocaba. Em dezembro de 1963 foi feito um plebiscito para que os moradores decidem pela separação e o são-bentista, então garoto, entrou em desespero. “Eu chorava muito por saber que não ia mais morar na cidade do São Bento.”

 
O comerciante ainda hoje mora em Votorantim, no Jardim Paraíso, mas mantém um bar há 29 anos no bairro Parada do Alto, em Sorocaba, considerado um reduto de são-bentistas. “A maioria dos frequentadores do bar são torcedores do São Bento”, afirma. “Eles vêm aqui para comemorar vitórias, chorar derrotas e comentar as diversas situações que envolvem o clube”, complementa.

 
O estabelecimento é pintado nas cores azul e branco. Pelas paredes vários quadros que contam a história da equipe. Times que enchiam os olhos dos torcedores e outros nem tão bons assim.

 
conselheiro / Há quatro anos o comerciante resolveu participar de maneira mais direta da vida do clube entrando para o Conselho Deliberativo. Ele não perde uma reunião. Na última delas, em fevereiro, apenas Arnaldo e mais outros quatro conselheiros estiveram presentes.

O São Bento não vive um bom momento, mas o comerciante garante que vai continuar firme na torcida. “O time deste ano foi o pior que eu já vi na minha vida”, afirma.

 
“Não estou muito otimista com relação ao segundo semestre, pois sei que o clube está atolado em dívidas e ações trabalhistas, mas vou amar o São Bento sempre.”
os melhores

Arnaldo se orgulha em dizer que já viu grandes atletas vestindo a camisa do São Bento e jogos memoráveis. As partidas diante do Corinthians, segundo ele, eram as mais emocionantes. Entre os jogadores, o comerciante cita Gonçalves, meia da década de 1970, e Bife, atacante dos anos 80, como os melhores. Sobre os presidentes, ele prefere ser político e diz que todos entraram no São Bento com boas intenções.

 
Marca forte

Em 1988 Arnaldo esteve na Espanha e se surpreendeu ao perceber que até na Europa o São Bento é conhecido. “Ao saber que eu era de Sorocaba, um atendente do hotel onde eu estava hospedado logo se lembrou do São Bento e de Marinho Perez [zagueiro formado no time sorocabano e que foi capitão da seleção na Copa de 1974]”, conta. “Nesses anos todos como comerciante e trocando ideias com outros torcedores eu percebi o quanto a marca São Bento é forte e querida.”

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