Fotógrafo paulistano visita a ONG Lua Nova para captar imagens e depoimentos de mulheres que superaram barreiras, obstáculos
Quarta-feira, perto da hora do almoço, na Incubadora de Negócios de Votorantim. Semblante carregado, um pouco tenso até, Joice, 25 anos, olha para a lente da câmera. Aos poucos, orientada, consegue ficar mais à vontade. Esboça um sorriso quando é lembrada que uma equipe de reportagem acompanha aquele momento. Ao seu lado, em pé, Angélica, 21, tenta descontrair a amiga. Atendidas pela ONG Lua Nova, de Sorocaba, elas são duas das personagens retratadas no documentário (ainda sem título) que o fotógrafo paulistano André François produz.
Com registro em fotos e vídeo, François pretende contar as histórias de vida de mulheres que superaram barreiras, obstáculos. Foi buscar os exemplos em várias regiões do país, junto, preferencialmente, a organizações que atuam com causas humanitárias. Chegou, assim, até a Lua Nova, que realiza, conforme declarou , "um trabalho fantástico". Em seu giro, o fotógrafo já esteve na tribo dos índios Caiapós, segue, nos próximos dias, para Fortaleza, e visitou Anápolis, em Goiás. Ouviu relatos pungentes, impressionantes que o fizeram concluir que a força da mulher "é maior do que tudo". "Nós, homens, não somos praticamente nada perto do que elas conseguem fazer", comentou.
Na cidade goiana, conheceu uma senhora portadora do Mal de Parkinson que, em razão dos sintomas da doença, segura a colher com dificuldade. "Pode parecer pouco diante de tantas complicações, mas ela se dedica à tarefa com tanto amor, e ignora o problema que tem, para fazer comida à sua família. E não reclama! Ao contrário, até acha engraçado!." François faz parte da ImageMagica, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) criada em 1995, que trabalha projetos nas áreas de educação e cultura.
Decidiu levar o trabalho adiante quando realizava o primeiro campo experimental com crianças de São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Numa comunidade sem recursos, aplicou a técnica conhecida como pinhole (a de captar imagens com latas) para ensinar fotografia a crianças. Com isso, elas puderam desenvolver a capacidade de reler o seu ambiente, usando a expressão para despertar um olhar crítico sobre o seu mundo. No caso do documentário, André também quer extrair aquilo que a psicóloga da ONG Lua Nova, Francine Dela Torre Camargo, chamou de "brilho interior" das participantes. "É bem isso", confirmou.
François espera que o vídeo, a mostra fotográfica que será montada no final do ano em São Paulo e o blog, que até lá poderá ser acessado, sirvam, principalmente, para motivar outras pessoas. "Se o público conhecer e aplicar um pouco de tudo aquilo que nossas entrevistadas vivenciaram, teremos cumprido nosso objetivo." Joice e Angélica concordam. Ambas passaram por experiências traumáticas, mas hoje se dizem melhores, amadurecidas. Angélica, que já foi jogadora de futebol, quer estudar Educação Física e seguir carreira; Joice, sonha com um futuro melhor para os filhos. "Com força de vontade e ajuda dá, sim, para vencer", recomendam.
François teve o start para executar o projeto durante a produção de "Cuidar", trabalho anterior com o qual mostrou o lado humano da medicina. O livro consiste numa síntese das 25 mil imagens que ele trouxe de uma expedição por diversas localidades do norte ao sul do Brasil. Para isso, buscou equipes de saúde muito especiais, que atuam em grandes capitais e também no interior do país. O contato com a rotina dos profissionais e as dificuldades enfrentadas por mulheres, orientaram sua decisão.
No vídeo, ele dividiu as abordagens em temas: assim, narra episódios em que as personagens enfrentam a violência doméstica e sexual, a discriminação no mercado de trabalho, as doenças que colocam em risco a própria vida. François quis trabalhar com "pessoas comum", como chama as entrevistadas que não contam com tanta projeção. Deve falar com a farmacêutica cearense Maria da Penha que, submetida a maus tratos pelo marido durante mais de seis anos, acabou por batizar a lei que pune casos de agressão praticados por homens contra suas esposas, ou companheiras. O material mais rico, no entanto, ele encontrou nos relatos anônimos. "As melhores histórias, as experiências mais edificantes estão onde a gente menos espera. Aqui mesmo, em Sorocaba, garimpamos muitos exemplos. A Raquel Pacheco, presidente da ONG, nos deu um depoimento maravilhoso."
Com registro em fotos e vídeo, François pretende contar as histórias de vida de mulheres que superaram barreiras, obstáculos. Foi buscar os exemplos em várias regiões do país, junto, preferencialmente, a organizações que atuam com causas humanitárias. Chegou, assim, até a Lua Nova, que realiza, conforme declarou , "um trabalho fantástico". Em seu giro, o fotógrafo já esteve na tribo dos índios Caiapós, segue, nos próximos dias, para Fortaleza, e visitou Anápolis, em Goiás. Ouviu relatos pungentes, impressionantes que o fizeram concluir que a força da mulher "é maior do que tudo". "Nós, homens, não somos praticamente nada perto do que elas conseguem fazer", comentou.
Na cidade goiana, conheceu uma senhora portadora do Mal de Parkinson que, em razão dos sintomas da doença, segura a colher com dificuldade. "Pode parecer pouco diante de tantas complicações, mas ela se dedica à tarefa com tanto amor, e ignora o problema que tem, para fazer comida à sua família. E não reclama! Ao contrário, até acha engraçado!." François faz parte da ImageMagica, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) criada em 1995, que trabalha projetos nas áreas de educação e cultura.
Decidiu levar o trabalho adiante quando realizava o primeiro campo experimental com crianças de São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Numa comunidade sem recursos, aplicou a técnica conhecida como pinhole (a de captar imagens com latas) para ensinar fotografia a crianças. Com isso, elas puderam desenvolver a capacidade de reler o seu ambiente, usando a expressão para despertar um olhar crítico sobre o seu mundo. No caso do documentário, André também quer extrair aquilo que a psicóloga da ONG Lua Nova, Francine Dela Torre Camargo, chamou de "brilho interior" das participantes. "É bem isso", confirmou.
François espera que o vídeo, a mostra fotográfica que será montada no final do ano em São Paulo e o blog, que até lá poderá ser acessado, sirvam, principalmente, para motivar outras pessoas. "Se o público conhecer e aplicar um pouco de tudo aquilo que nossas entrevistadas vivenciaram, teremos cumprido nosso objetivo." Joice e Angélica concordam. Ambas passaram por experiências traumáticas, mas hoje se dizem melhores, amadurecidas. Angélica, que já foi jogadora de futebol, quer estudar Educação Física e seguir carreira; Joice, sonha com um futuro melhor para os filhos. "Com força de vontade e ajuda dá, sim, para vencer", recomendam.
François teve o start para executar o projeto durante a produção de "Cuidar", trabalho anterior com o qual mostrou o lado humano da medicina. O livro consiste numa síntese das 25 mil imagens que ele trouxe de uma expedição por diversas localidades do norte ao sul do Brasil. Para isso, buscou equipes de saúde muito especiais, que atuam em grandes capitais e também no interior do país. O contato com a rotina dos profissionais e as dificuldades enfrentadas por mulheres, orientaram sua decisão.
No vídeo, ele dividiu as abordagens em temas: assim, narra episódios em que as personagens enfrentam a violência doméstica e sexual, a discriminação no mercado de trabalho, as doenças que colocam em risco a própria vida. François quis trabalhar com "pessoas comum", como chama as entrevistadas que não contam com tanta projeção. Deve falar com a farmacêutica cearense Maria da Penha que, submetida a maus tratos pelo marido durante mais de seis anos, acabou por batizar a lei que pune casos de agressão praticados por homens contra suas esposas, ou companheiras. O material mais rico, no entanto, ele encontrou nos relatos anônimos. "As melhores histórias, as experiências mais edificantes estão onde a gente menos espera. Aqui mesmo, em Sorocaba, garimpamos muitos exemplos. A Raquel Pacheco, presidente da ONG, nos deu um depoimento maravilhoso."
Notícia publicada na edição de 08/07/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C
José Antônio Rosa
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