domingo, 17 de julho de 2011

A vida agradece

Adriane Souza

Colaboração ao BOM DIA


Banco de Leite Materno prova mais uma vez que a solidariedade é capaz de salvar vidas e, por isso, convoca as mães que moram em Sorocaba e em Votorantim a se juntarem nesta causa nobre



João segura o leite que sua mãe, a enfermeira Lucineia, armazena em casa, mostrando que trabalhar não é desculpa para não alimentar bem o bebê
Fotos: Assis Cavalcante/Agência BOM DIA



“O leite materno salvou a vida do meu filho”. Com esta afirmação, a enfermeira responsável pelo Banco de Leite Materno Sociedade Civil de Sorocaba, Lucineia Antunes Ferreira, mostra a luta como mãe e como administradora da entidade que tem a função de proporcionar a vida para vários bebês de Sorocaba e região. (Veja arte ao final da matéria)
Ela conta que seu filho, o pequeno João Miguel Amaral, nasceu forte e saudável, mas, aos cinco meses, apresentou sinais de bronquiolite, que resultou em uma internação emergencial.
Lucineia, que sempre amamentou o filho, diz que a inflamação do bebê foi muito forte, mas o sistema imunológico resistente – devido a amamentação - foi fundamental para que a criança suportasse o tratamento e sobrevivesse.
O Banco de Leite Materno Sociedade Civil de Sorocaba atende bebês com baixo peso, mal formados ou com problemas gastrointestinais.
O leite é coletado de mães que possuam muito leite, sempre priorizando a amamentação do próprio bebê. “A doadora não tem trabalho nenhum, pois vamos até a casa dela realizar a coleta para os exames preliminares e, com a aprovação, também vamos até ela para recolher o leite doado”, esclarece a enfermeira.
Comovida com a história da cunhada, que não tinha leite para alimentar o bebê que chorava incansavelmente de fome, Elza Aparecida Ribeiro da Silva decidiu contribuir com o banco de leite. “Pensei em quantos bebês estariam precisando de alimento, então resolvi contribuir”, conta Elza, que afirma também não ter deixado de amamentar a filha de um ano e dois meses para continuar a produzir leite e manter a doação semanal.

Por esta mesma razão, a enfermeira Lucineia continua a amamentar João Miguel, hoje com 11 meses. “Meu filho é forte, resistente e cheio de vida.”
Graças a atitudes como esta que Juliana Cristina da Silva consegue sorrir e segurar no colo o pequeno Gustavo Miguel da Silva, de nove meses.

Ela conta que conhece bem a luta do banco de leite, pois precisou muito dele. “Meu bebê nasceu prematuro, com muitos problemas e permaneceu internado por 93 dias na UTI neonatal do Hospital Regional de Sorocaba”, lembra.
Com todos estes problemas e sem o estímulo do bebê, Juliana parou de produzir leite. “Sem outras mães para doarem leite ao meu filho, ele não estaria aqui no meu colo para eu contar esta história”, diz.

Para ela, a satisfação de ver o filho bem alimentado, num momento em que ela não poderia fazer isso por ele, é indescritível.
A crise do leite

Apesar dos diversos apelos, o Banco de Leite Materno Sociedade Civil de Sorocaba está com o estoque baixo. Embora atenda também maternidades particulares, a entidade está com apenas sete litros de leite. “No ano passado tínhamos 70 litros de leite materno nesta época do ano, por isso estamos muito preocupados com a alimentação dos bebês que dependem de nós”, diz enfermeira Lucineia Antunes Ferreira Amaral. “Poucos dão importância, mas quando o leite materno faltou, meu bebê acabou recebendo leite artificial e notei a diferença no funcionamento do intestino dele”, esclarece Juliana Cristina da Silva, mãe do pequeno Gustavo. A enfermeira finaliza dizendo que conta com a solidariedade das mães de Sorocaba e de Votorantim.

‘Você é aquilo que você come’

Especialista esclarece que mitos sobre amamentação impedem que muitas mulheres compreendam a importância de alimentar naturalmente os seus filhos, como também em doar o leite aos bebês que necessitam
A intimidade entre mãe e filho durante a amamentação já deveria ser um grande estímulo para incentivar ainda mais este hábito natural. Mas a especialista em amamentação Cláudia Gondim da Silva esclarece que algumas preocupações são infundadas. “O bebê não nasce sabendo mamar. Por isso a mãe precisa ter paciência e, se necessário, deverá procurar um especialista”, diz.

Ainda segundo ela, o tempo de diluição do leite artificial é muito maior do que o do leite materno. “O leite artificial exige muito mais do bebê, assim ele dorme mais e fica esgotado”, esclarece. “A natureza é perfeita e cada mãe produz o tipo de leite certo para seu filho, por isso, o leite de uma mãe que teve um filho prematuro possui o dobro de calorias”, acrescenta.

 
As mães interessadas em ajudar ou tirar dúvidas relativas a amamentação devem ligar - em horário comercial - para o Disque Amamentação do Banco de Leite Materno Sociedade Civil de Sorocaba, por meio dos números (15) 3212-0384 ou 3332-9100.

 
40%

do leite coletado pelas mães que doam é descartado por apresentar pelos, fios de roupas, cabelos e outras sujeiras

 
Detalhado

Antes de a mãe doar leite ao Banco de Leite Materno Sociedade Civil de Sorocaba, elas passam por uma séries de exames determinantes.


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