sexta-feira, 11 de novembro de 2011

ATERRO SANITÁRIO - Dezenove pessoas trabalham no local

 Notícia publicada na edição de 11/11/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 008 do caderno A 



 Após coleta no aterro, Tânia separa material na base do grupo - Por: Erick


O aterro sanitário de Votorantim tem 19 catadores de lixo. O grupo fica sediado na Fazenda São João, distante 100 metros do depósito de resíduos sólidos da Prefeitura. Não há qualquer muro ou cerca para separar os terrenos. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) diz que a divisa foi derrubada pelos invasores. Cada trabalhador caminha até a área pertencente ao governo municipal, coleta uma média de mil quilos de plástico e vidro por dia e vende o material a um atravessador. O produto é retirado do local no fim do dia pelo próprio comprador, com a ajuda de um caminhão, dentro de sacos apropriados. O pagamento é feito à vista e gira em torno de R$ 100 por pessoa. Isso dá uma renda de aproximadamente R$ 3 mil mensais.

O acesso à Fazenda São João é feito pela rodovia Raimundo Antunes Soares (SP-79), que liga Votorantim a Piedade. Há um portão na entrada do terreno, mas ele fica constantemente aberto. O percurso é sinuoso, rodeado por árvores e mata fechada, e basta uma caminhada de um quilômetro para chegar à base dos catadores.
Três pessoas moram na área. A catadora de lixo Tânia Aparecida da Silva, 46 anos, vive sozinha em um barraco de madeira coberto por uma lona preta. Não há energia elétrica e nem água encanada na residência. A cama não tem colchão e a base é de tijolos.
Tânia trabalha há 30 anos em lixões e aterros sanitários de Votorantim. "Minha vida é praticamente dormir e tirar o meu sustento no lixão", diz. Ela tem duas filhas, mas ambas moram com o ex-marido, que também vivem da renda obtida com a retirada de plástico e vidro daquele terreno.
As tarefas são compartilhadas com a catadora Elisabete Oliveira dos Santos, 48, que trabalha no aterro ao lado do marido e de duas filhas. "Tenho criado a minha família com 26 anos de trabalho aqui no lixão", comenta.
Elisabete mora nas proximidades do aterro, no outro lado da rodovia, e chega ao local em um automóvel Del Rey fabricado na década de 1980. O trabalho começa às 10h, horário próximo à chegada dos primeiros caminhões de lixo vindos da cidade. O expediente termina por volta das 18h. O contato com o lixo, aliado ao mau cheiro, não incomoda tanto o grupo. Todos dizem que nunca ficaram doentes por mexer nos dejetos.

Urubus ajudam

Nem mesmo a presença dos urubus é motivo de reclamação. "Pelo contrário! Os urubus nos ajudam bastante. Quando eles enfiam a cabeça no monte de lixo é porque ali tem pedaço de frango. E onde há frango tem o plástico que embrulha a carne. Daí a gente vai e pega a embalagem para vender", comenta Elisabete.
Os catadores separam os plásticos e os vidros no aterro e colocam os materiais dentro de sacos plásticos. As embalagens são inseridas em um carrinho de mão e levadas até a base do grupo, na fazenda São João. A separação é feita a céu aberto e fica pronta para a venda.
Todo o trabalho é feito sem qualquer tipo de proteção. Poucos usam luvas. As roupas são sujas, algumas rasgadas, e os pés são revestidos por tênis.
O marido de Elisabete, Alex Sandro Vilas Boas, 30, diz que o grupo não retira papelão do aterro sanitário por falta de tempo. O foco são os plásticos e as garrafas. "Aqui a gente não atrapalha ninguém, só queremos trabalhar", diz. (G.B.)

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