Notícia publicada na edição de 11/11/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno C
A produção, a direção, o roteiro e a edição foram feitos por gente daqui: Werinton Kermes, Mírian Cris Carlos e Marcelo Domingues. Mas foi depois de passar por diversos estados brasileiros e por países da África de língua portuguesa que a exibição do documentário "Clementina de Jesus: Rainha Quelé" será realizada em Sorocaba. Para deixar o momento ainda mais especial, Werinton Kermes optou por uma apresentação diferente: será ao ar livre, na Praça Frei Baraúna, que os sorocabanos poderão conhecer um pouco mais dessa senhora, negra, pobre, dona de casa e empregada doméstica que passou a cantar com João Bosco, Pixinguinha, Paulinho da Viola.
A programação, marcada para as 19h, ocorre dentro da programação do Cine Café, projeto encabeçado pelo Sesc.
Werinton Kermes fica ainda mais feliz com o fato da data coincidir com as comemorações do Mês da Consciência Negra. Sem dúvida, "Quelé", como era carinhosamente chamada na infância, é uma das figuras mais emblemáticas e talentosas da cultura negra.
"É deste resgate, desta reflexão, deste papel social e histórico que este trabalho pretende, se não dar conta, pelo menos rememorar e de alguma forma auxiliar a propagar uma voz, uma imagem que não deve, absolutamente, deixar de ser reverenciada, revivida. É um direito do cidadão brasileiro de conhecer a figura e a voz única de Clementina de Jesus. É João Bosco que avisa: "é impossível se viver uma vida no Brasil sem conhecer Clementina de Jesus". É um dever cultural à memória musical, à condição social afro-brasileira, um dever antropológico, moral e poético", diz o material de divulgação, assinado por Mírian Cris Carlos, a roteirista.
Para fazer o documentário, Kermes levou cerca de seis anos. A produção vale-se de depoimentos de entrevistados (Paulinho da Viola, João Bosco, Cristina Buarque, Martinho da Vila, Leci Brandão, Paula Lima, Monica Salmaso, Carlinhos Vergueiro) e pesquisa do material iconográfico da carreira da cantora negra. Ainda como peça fundamental para a concretização do vídeo está a obra "Rainha Quelé", organizada pelo pesquisador Heron Coelho e que traz textos de autores importantes, tais como Hermínio Bello de Carvalho, Nei Lopes, entre outros, que escreveram sobre Clementina de Jesus, relatando parte de sua obra e vida.
O filme "Clementina de Jesus: Rainha Quelé" foi realizado sem nenhum tipo de apoio ou incentivo público. Os realizadores desembolsaram cerca de R$ 10 mil. A primeira exibição do filme aconteceu em maio deste ano, no Quilombo São José da Serra, em uma festa na qual se comemora a abolição da escravatura. "Neste caso, como um tributo à negritude e, por justiça, a comunidade negra da qual Clementina é ascendente, foi a primeira a receber o resultado do vídeo-reportagem", frisa o material encaminhado à imprensa.
A obra está à disposição de entidades, fundações, escolas, espaços públicos e alternativos, pesquisadores, sem nenhum custo.
Após a exibição de hoje acontecerá uma apresentação de roda de samba com o Núcleo de Samba Cupinzeiro.
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