Rede Bom Dia
Rodrigo Rainho
Equipe trabalha na manutenção das torres que iluminam 22 cidades das regiões de Sorocaba e Jundiaí
Terça-feira, dia de chuva em Sorocaba. O tempo nublado não assusta um grupo de onze funcionários da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) Piratininga que veste o uniforme na sede Regional Oeste da avenida Armando Pannunzio.
Os “aventureiros da luz” – eletricistas de linha de transmissão, um engenheiro supervisor e um técnico responsável – entram em dois jipes 4 x 4 para uma rotina de manutenção de torres que, para os leigos, é algo desafiador. Já para eles é um simples ofício, como qualquer outro.
Às 8h30, os funcionários saem com a missão de fazer um reparo em uma torre da serra de Votorantim com problema nos isoladores. O técnico Sérgio Renato Lezier, 37 anos, vai à frente com uma Toyota Hilux, entra em um terreno arenoso, desce do veículo e veste seu uniforme de trabalho para a primeira tarefa: abrir o arco voltaico do seccionador de linha da torre de ligação. Só assim os “guerreiros da luz” poderão entrar em “combate”. Segurança para eles e energia à população garantida. “Vamos substituir os conectores da linha. Para isso, temos que bloquear a energia e evitar qualquer risco de acidente”, diz ele.
Dali, Sérgio parte para a área da torre do ramal Santa Helena, sempre acompanhado por Reginaldo dos Santos, 34, engenheiro de manutenção. “Todo serviço tem uma programação, supervisionada pela COS (Centro de Operação do Sistema), em Campinas. Sem nosso trabalho haveria deterioração das linhas que é provocada pelas descargas de raios de chuva. Sem a gente, a população enfrentaria apagões constantes”, diz ele, na profissão desde 96.
Repórter e fotógrafo são orientados a vestir bota, capacete e óculos. Juntos com os eletricistas de linha começam a “escalada”. A equipe de 11 pessoas entra no mato fechado e faz algum esforço para caminhar em uma trilha íngreme. Em fila indiana, os funcionários da CPFL alcançam a torre 100 metros depois. Aguardam a chegada dos “corredores de linha”, jovens que sobem um morro de mais de 300 metros para analisar possíveis defeitos na torre vizinha, e que podem provocar insegurança e perigo. “Fui, corri e voltei para avisar que não tinha inimigo [problema na estrutura]. Se vejo defeito tenho que passar imediatamente ao técnico como se estivesse numa guerra”, diz o eletricista de linha de transmissão Peter Lincoln Bernardes, 36. Depois da caminhadas, Sérgio faz uma reunião para prever os riscos. Finalmente, dá início ao reparo na torre.
“Já vi homem morto e jaguatirica”, diz líder de equipeVida de eletricista de torre não é fácil. A atenção ao serviço é pré-requisito fundamental para qualquer trabalhador da categoria. “A palavra de ordem é a atenção redobrada. Se o eletricista estiver em crise na família ou com outro problema, nem sobe na torre”, diz Osni Cotting, 43, eletricista de linha de transmissão e líder de equipe. Apaixonado pela profissão, deixou a oportunidade de ser técnico supervisor para permanecer na rua. “É mais perigoso levar uma picada de cobra do que levar choque. Gosto dessa vida no campo.”
Antônio Ribeiro, 47, outro líder de equipe, ensina o segredo do eletricista de linha. “Tem que ter calma. Com o reparo em linha viva (energia de transmissão ligada), não pode ter pressa, e nem pular etapas”, diz o “aventureiro”. Em conversa informal com os eletricistas, o BOM DIA descobriu que eles gostam mesmo é de linha viva - rede com energia ligada. “Gostamos mesmo é de subir em linha viva. É mais emocionante e o serviço acaba mais rapidamente”, diz Elias Bruno da Silva, 43, um dos mais veteranos eletricistas . Participou de todas as fases. Subiu o morro, escalou a torre, fez o teste de energização, ligou o detector de ausência de tensão... e missão cumprida.
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