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Premiado no Maranhão, “Clementina de Jesus: Rainha Quelé”, documentário dirigido pelo jornalista Werinton Kermes e Heron Coelho, e com roteiro de Miriam Cris Carlos, será lançado em Sorocaba nesta sexta-feira (11). O lançamento acontece às 20 horas, na Oficina Cultural Grande Otelo.
De acordo com Kermes, a escolha de Clementina para o documentário se deveu a “dívida” que o Brasil tem com a cultura afro-brasileira. “Todas as etnias contribuíram para o desenvolvimento do nosso país, mas com os negros acho que existe uma dívida muito grande”.
Para o jornalista, regatar a história e a carreira de personagens como Clementina de Jesus permite uma reflexão do papel do negro da construção cultural do país. “Porque a Clementina, nesse caso, é apenas uma personagem, apenas mais uma negra, uma representante [dessa cultura]”.
Nascida no interior do Rio de Janeiro, na cidade de Valença, Clementina foi para capital ainda nova. Aos doze anos, já era empregada doméstica, profissão que exerceu até os 50 anos de idade. Só então, com quase 60 anos, foi descoberta pela música brasileira. “Ela mesma conta no documentário que ela cantarolava as músicas que estavam no inconsciente dela. Cantos de ninar, cantos de roda, que a mãe, que era lavadeira, enquanto lavava roupa, cantava cantos afros. E isso ficou no imaginário dela”.
O cantarolar constante de Clementina não agradava. De acordo com Kermes, as madames para quem ela prestava serviço, se incomodava e reprimiam seu talento. “Porque ela tinha uma voz forte, pesada. E foi justamente isso, que era um problema para as patroas, que foi o diferencial dela”.
Rainha Quelé - Werinton Kermes conta que Clementina transitava por várias religiões brasileiras, mas tinha uma identificação muito forte com a entidade Rainha Quelé, da cultura afro-brasileira.
O documentário- Após toda uma existência longe dos palcos e das mídias, talvez sem que ela nem sequer tivesse sonhado, pelas mãos de Hermínio Bello de Carvalho veio à tona a voz rascante, gutural, quase um grito, de Clementina de Jesus. Era uma senhora, negra, pobre, dona de casa e empregada doméstica que passou a cantar com João Bosco, Pixinguinha, Paulinho da Viola e abalou as estruturas musicais. Entre os entrevistados deste documentário estão Paulinho da Viola, João Bosco, Cristina Buarque, Martinho da Vila, Leci Brandão, Paula Lima, Monica Salmaso, Carlinhos Vergueiro.
O lançamento acontece pelo projeto CineCafé, nesta sexta-feira (11), às 20 horas, na Oficina Cultural Grande Otelo, que fica na Praça Frei Baraúna, s/n°, no centro de Sorocaba.
Ouça a entrevista:
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