quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Lição de vida: Mãe luta para que filho tenha uma cadeira de rodas especial

Folha de Votorantim
Valdinei Queiroz


Foto: Marcos Ferreira

Foto:  Marcos Ferreira



Mesmo com todos os obstáculos, Matheus é uma criança feliz


Logo de manhã nos dias da semana, Matheus Alves, de cinco anos de idade, desperta da cama para mais um dia na Creche Especial Maria Claro, um espaço voltado para crianças especiais, localizado na cidade de Sorocaba. Tendo parceria com Votorantim, ele está há três meses matriculado na entidade. Uma alegria a mais para a mãe Maria Francisca Alves Filho, de 47 anos. "Foi uma felicidade ter conseguido a vaga para o meu menino", diz ela.
Ao acordar, ele toma café da manhã e, logo depois, entra na van da prefeitura do município para chegar ao local às 9h. Lá, ele faz atividades de recreação e faz várias refeições. Quando aponta 16h, chega a hora dele voltar para os braços da mamãe. Maria Francisca é uma mãe coruja que faz tudo para o filho. "Quando ele chega em casa já penso o que vou dar de comer", declara.
Por volta das 16h30, a van buzina e lá vai a mãe para pegar o filho. Com dificuldade, ela o coloca nos braços e o leva para a residência.
Ao traçar a rotina de Matheus, ele parece ser uma criança como as outras, mas não. Ele luta junto com a mãe para amenizar os obstáculos do dia-a-dia.
Natural de Belém, no Pará, o menino nasceu com vários problemas. Segundo o laudo médico, consta que Matheus é surdo de um ouvido, mudo, cego, autista, não tem os testículos, problema cardíaco, síndrome de nonne e deficiência física e mental.
Com todos esses desafios, Maria Francisca faz de tudo para que o menino tenha todo o aconchego possível. "Nós somos uma família bastante humilde, não temos nenhum luxo. Mas faço com todas as minhas forças para dar uma vida boa ao meu filho", fala emocionada a mãe de Matheus.

Terra natal
Maria Francisca é uma mulher com fibra e com muita determinação. Além de Matheus, ela tem mais quatro filhos que, atualmente, estão em Belém. "Há mais de dois anos que não os vejo. Estou com muita saudades", relata ela. Quanto ao ex-marido, ela disse que ele nunca a ajudou. "Me sustento apenas com o dinheiro do governo", explica.
Ela está em Votorantim porque na terra natal dela não há um tratamento específico para o filho. Até os dois anos de idade, o menino fazia todos os exames periódicos em Belém.
Um dos médicos, na época, disse a ela que o menino precisava de um tratamento especial e, na cidade de São Paulo, Matheus teria todos os equipamentos para que ele reagisse melhor às suas deficiências.
Ajudada pela deputada estadual de Belém, Maria Alves dos Santos (PSDB-PA), mais conhecida como Tetê Santos, ela conseguiu adquirir as passagens de ônibus e foi até São Paulo. "A viagem durou três dias", conta a mãe de Matheus, dizendo que teve várias dificuldades para levar o menino até outro Estado.
Chegando na capital paulista, Maria Francisca conseguiu fazer todos os exames do seu filho. Nesse mesmo dia, ela conheceu  Marcos Antônio Campos, 57, que fazia tratamento para cegueira. Há seis anos Campos luta contra a doença. "Estou perdendo a visão gradualmente. Preciso fazer uma cirurgia para desacelerar o processo da cegueira. Mas, infelizmente, não tenho dinheiro para pagar", conta. "Atualmente, eu vejo 45% do direito e 2,5% do esquerdo", completa. Para conseguir enxergar os objetos, ele precisa levantar a pálpebra do lado direito. "Às vezes, ela cai e tampa a visão sem eu fazer nenhum movimento", ele descreve.
Durante a conversa com Maria Francisca, Marcos Antônio perguntou se ela não queria dividir uma casa em Votorantim. "Eu tenho alguns amigos na cidade. Eles me indicaram uma casa barata", esclarece, dizendo que o preço da locação das casas em São Paulo está fora de seu orçamento. Os três moram em Votorantim há mais de dois anos.
Outro motivo fez Maria Francisca morar aqui, foi por causa do transporte. "Quando o menino precisa ir a São Paulo para fazer tratamento, eu logo agendo o dia e horário da van da prefeitura para levá-lo até lá", fala.

O som da natureza
Por não conseguir ouvir o lado esquerdo do ouvido, Matheus tem o outro lado para despertar a imaginação de como são as coisas que não pode ver. "Ele adora qualquer objeto que faça som", diz a mãe.
Quando está feliz, o menino bate freneticamente as duas mãos, uma forma de dizer que está alegre.
Outro gesto que ele faz é colocar a língua para fora. "Quando ele está apreensivo ou com medo, ele mostra a língua e começa a fazer um movimento para direita e esquerda", comenta Campos.

A luz do bem
Laudiceia Magda Correa, 41, mais conhecida como Magda, é moradora do Jardim Tatiana. Há dois meses sua sogra faleceu, devido a complicações de um derrame cerebral. Quando teve AVC (Acidente Vascular Cerebral), ela precisou usar uma cadeira de rodas, pois não conseguia andar. "Tivemos que comprar uma cadeira de rodas para que ela tivesse um meio para se locomover", explica Magda.
Após o falecimento de sua sogra, ela ligou para a Comissão Municipal de Assistência Social (Comas) de Votorantim para doar a cadeira de rodas. Ao listar uma família que necessitasse desse auxílio para andar, o atendente passou o endereço de uma moradora que residia perto de Magda. "Foi muita coincidência ela morar perto da minha casa", analisa Magda.
Maria Francisca, ao receber a notícia que iria receber um mecanismo para seu filho se locomover, ficou muito feliz. Ao chegar na residência de Magda e ver a cadeira de rodas, voltou a ficar triste. "Não é essa cadeira que meu menino precisa", lamenta a mãe de Matheus.
Depois desse dia, Magda entrou em contato com a Folha de Votorantim e nos contou a história de Matheus. Sensibilizada, a reportagem foi até a casa de Maria Francisca para  entrevistá-la.
Magda comenta que também entrou em contato com um vereador de Votorantim. Ele visitou a família no final de outubro e, de lá pra cá, não deu mais notícias.
Comovida, a vizinha da família também pensa em fazer um abaixo-assinado e arrecadar dinheiro para comprar a cadeira de rodas especial para o menino.

Renda e despesa da família
Maria Francisca sustenta a casa de dois cômodos com apenas um salário mínimo recebido pela Lei Orgânica de Assistência Social (Loas).
Ela paga de aluguel R$ 200 e mais R$ 70 de água e luz. Ou seja, com salário de R$ 545,00, sobra apenas R$ 275 para cuidar dela mesma e de seu filho, pois Marcos Antônio Campos também ganha um salário mínimo. "Eu e ele (Campos) dividimos as contas da casa", diz a mãe do Matheus.
Dentro da residência, o primeiro cômodo tem uma geladeira, um fogão e uma mesa pequena. No outro cômodo, três camas. Todos os imóveis um ao lado do outro, quase colados, não havendo espaço para duas pessoas entrarem juntas na casa.
Em relação a alimentação, Maria Francisca fala que a família nunca passou fome, pois ganha duas cestas básicas, uma da Creche Especial Maria Claro, onde o menino fica e outra da Comas do município.
Porém, de acordo com ela, o menino precisa de fraudas e, principalmente, de uma cadeira de rodas especial.

Cadeira de rodas especial
Até o momento, o menino usa uma cadeira não apropriada e emprestada pela Comas de Votorantim. Ele necessita, urgentemente, de uma cadeira especial com encosto de tronco. Segundo a mãe do menino, a cadeira custa R$ 2.800,00, aproximadamente.
Para quem quiser ajudar, ela mora na rua Aloísio Pereira Nascimento, 244, no Jardim Tatiana. A residência dela fica nos fundos da construção. Para contatá-la, o telefone é o (15) 3243-6789.



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