Rede Bom Dia
Nunca os casos de estupros em Sorocaba foram tão graves e, pior, bateram o número de ocorrências de 2010. No ano passado, 116 vítimas fizeram boletins de ocorrência contra seus agressores. Neste ano já são mais de 130 - índice 12% superior.
Os estupros em mulheres e em crianças são investigados por uma dupla de delegadas à frente da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Sorocaba: Jaqueline Coutinho e Ana Luiza Salomone. “Esses crimes ocorrem mais na zona norte, uma área crítica e de periferia. Mais de 80% dos casos de estupros aconteceram em ambientes domésticos”, diz Jacqueline. “As vítimas quase sempre são crianças e adolescentes abusados pelo pai, padastro ou parentes. É cruel.”
Jaqueline, com grande parte da carreira dedicada às vítimas de abuso sexual, revela um cenário obscuro. “De 10 boletins de ocorrência, seis são crimes cometidos dentro da casa das vítimas. O perfil delas, geralmente, são filhos, netos ou sobrinhos dos agressores, com idade entre 6 e 10 anos. É um horror, mas é real”, diz a experiente delegada.
Volta e meia, Ana Luiza atende casos escabrosos. Em um deles, o pai que estuprou a filha foi recapturado, mas perdoado pela herdeira no momento da prisão. Porém, nada mais aterrorizante é o abuso sexual em menores de idade.
O caso mais escancarado ocorreu em 26 de novembro, quando um técnico da NET entrou em uma residência para instalar um aparelho, aproveitou a ausência da responsável, entrou no quarto de uma criança de 3 anos e abusou da menina. A irmã de 8 anos avisou a mãe, que agarrou o crachá do estuprador de 30 anos antes que ele fugisse.
Autuado em flagrante, foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de Aparecidinha. “Ele disse que não consegue se controlar. Por isso atacou minha filha. Não me aguentei e fui para cima”, declarou o pai, no dia em que prestou depoimento.
A NET afirma que acompanha a apuração das acusações pelas autoridades policiais. “Preventivamente, o funcionário da empresa prestadora de serviços foi afastado de suas funções”, diz a empresa, em nota enviada ao BOM DIA. A operadora ressalta que prestará todas as informações solicitadas pela polícia e, assim que concluída a investigação, tomará as medidas cabíveis.
Palavra de paciente contra depoimento de auxiliar de enfermagem: outra mancha no CHS
Histórias sobre estupros são sempre marcantes, mas nem todas são tão assustadoras como a ocorrida no CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba) neste ano. Pouco mais de três meses depois de deflagrada a Operação Hipócrates, que indiciou 48 médicos e enfermeiros por fraudes em licitações e plantões médicos não trabalhados, a paciente Daiane Cristina dos Santos Marins, 22 anos, denunciou o auxiliar de enfermagem M.T. por suposto estupro no ambiente hospitalar.
O rapaz de 39 anos teria dopado a garota com remédios e depois feito sexo anal com ela. Para a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), há indícios de que o auxiliar é culpado. Até agora, a delegada responsável pelo caso não concluiu o relatório. Enquanto a família de Daiane acusa o auxiliar de enfermagem de abusar da garota e depois lavá-la para não ser incriminado, M.T. conta com o apoio da maioria dos colegas, que afirma que confia na sua inocência.
O suspeito se defende, por meio de seu advogado, e diz que teve contato com a paciente apenas duas vezes - uma delas acompanhado pela enfermeira de plantão, e a outra sozinho, para fazer a “restrição”, amarrar Daiane à cama, por estar muito agitada e com risco de cair da maca. No meio dessa história de acusação, defesa e investigação, aparece a face oculta do hospital. O CHS recebeu a denúncia do estupro na segunda do dia 3 de outubro, mas não comunicou a Polícia Civil. Uma atitude ainda sem explicação.
O procedimento correto seria avisar a DDM, encaminhar o caso ao SVS (Serviço de Apoio às Vítimas de Agressão Sexual), departamento que existe dentro do hospital, e depois abrir sindicância interna. Porém, nada disso foi feito. Nos bastidores, fala-se que a diretoria preferiu abafar o caso para tentar evitar que outra denúncia explodisse nos corredores do CHS. Segundo a DDM, uma apuração interna, feita pelo CHS, absolveu M.T. da acusação de estupro sem ouvir a paciente Daiane.
Quando a agressão vira arrependimento choroso
Diferente de um estuprador patológico, o agressor da mulher de Votorantim arrepende-se ao ser preso, grita e chora. O crime provoca uma cena inusitada
Não é um caso de estupro - trata-se de violência doméstica contra a mulher. É curioso, já que, diferente dos casos de abuso sexual, teve o fator do arrependimento. Tarde, mas o sentimento veio. É o caso de Élcio Aparecido de Oliveira, 44 anos. Ele foi preso por volta das 14h da segunda-feira de 29 de novembro e provocou um tumulto quando os policiais levaram-no à delegacia de Votorantim.
Gritava, não se conformava com a prisão. Tinha a absoluta certeza de que sairia impune depois do que provocou à mulher. O acusado tinha prisão preventiva decretada desde 11 de novembro, com base na Lei Maria da Penha. Os policiais militares encontraram Élcio fumando em frente a sua casa, na rua José Nicoletti, Jardim Clarice.
Com o mandado em mãos, os policiais militares algemaram o rapaz, que não ofereceu resistência. Porém, no meio do trajeto entre sua casa e o “camburão”, a ficha caiu para ele. Dentro da viatura, no trajeto até a delegacia, começou a chorar. Não queria sair do carro policial de jeito nenhum e, na delegacia, gritou em desespero.
Élcio é acusado de agredir a mulher (nome não foi revelado pela polícia), por várias vezes. A lei 11.340, promulgada em 2006, protege as mulheres da violência doméstica e também impede que a vítima retire a queixa de agressão - só pode ser anulado perante o juiz, em audiência marcada exclusivamente com este fim. E, como medida protetiva, a Lei Maria da Penha prevê restrição de aproximação que, se descumprida, pode resultar em detenção. “Esses crimes ocorrem entre quatro paredes. A mulher deve denunciar”, afirma a delegada Jaqueline Coutinho.
Legislação mais severa
O Código 213 diz que “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a ou permitir que se pratique outro ato libidinoso é crime”. Hoje, o acusado responde por estupro.
130 boletins de ocorrência por estupro, pelo menos, foram feitos na Delegacia de Defesa da Mulher em 2011
Jardim Emília
A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) fica na rua Satyro Vieira Barbosa, 115, Jardim Emília. O telefone é (15) 3232-1417.
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