Matheus Casagrande
Folha de Votorantim
Foto: Marcos Ferreira
Foto: Marcos Ferreira
Composta por seis pessoas, a família de Maria Soledade Timóteo, 52, tem muitas necessidades e poucas condições de obter recursos. Na casa de um só cômodo, no Pró-Morar, vivem seus dois netos, a filha, acamada depois de um derrame cerebral, o filho cadeirante e o marido, além de um periquito, um cão e um gato. A fonte de renda da família é o benefício do filho, através da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), e a aposentadoria do esposo, Luiz Antonio dos Santos, 56.
Maria não tem outra saída, a não ser pedir. Abrindo mão de qualquer brio, ela veio à Folha de Votorantim. Seu único pedido foi que a equipe de reportagem a visitasse em sua casa.
Ao chegar, na tarde da última quinta-feira (20), Fábio, 31, está na rua, em sua cadeira de rodas, tentando erguer uma pipa. Ele não fala, mas responde com gestos e sorrisos quando questionado: “Você é o Fabinho? Cadê sua mãe?” Fábio aponta para a casa do outro lado. A porta de entrada é uma placa laranja com a inscrição “Obras”, que deve ter sido usado pela prefeitura alguma vez e depois descartada.
Sem cerimônias, Luiz Antonio pede que a equipe entre. No único quarto, há três camas, onde está Maria Soledade e a filha, deitada no canto. Ela não tem como se levantar. Um guarda-roupa velho enverga com o peso dos objetos acomodados.
Maria Soledade vive naquela casa há dez anos. Seu filho, Fábio Augusto Timóteo, que fez 31 anos no último domingo (16), nasceu portador de necessidades especiais e só se locomove em cadeira de rodas. A história da família sempre foi sofrida, mas sofreu um profundo abalo há cinco meses.
Como foi
Às 6h40 do dia 14 de agosto de 2010, Maria foi chamada por vizinhos. “Eles diziam, ‘sua filha está morrendo.’” Maria Fernanda Timóteo, 28, morava em outra casa, no mesmo bairro, com um companheiro e os dois filhos, um menino de 10 e uma menina de 5 anos. Ela sofria diversas convulsões e depois entrou em coma. Foi levada pelo Corpo de Bombeiros à Santa Casa, de onde teve que ser removida para o Hospital Regional.
A mãe só ficou sabendo depois dos exames que a filha tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Fernanda teve que passar por uma cirurgia, na qual um pedaço do crânio foi serrado. O osso está alojado na barriga e será recolocado no lugar, em outra cirurgia, que ainda não foi nem agendada. Segundo Maria, a guia de consulta está na unidade do centro da rede pública municipal de saúde.
Fernanda ficou sem movimento na perna esquerda. A família tem esperança que ela possa se recuperar em sessões de fisioterapia. Mas, pra isso, ela precisa de outra cirurgia, que também não foi marcada.
Dificuldades
A mãe acolheu a filha e os netos em sua casa. O homem com quem Fernanda era amigada a deixou. Ela, agora, vive acamada.
Desde então, as contas aumentaram. Maria Soledade não conseguiu pagar mais nenhuma conta de energia. “Eu não posso ficar sem luz de jeito nenhum. Meu filho depende de aparelhos. Outro dia, veio um rapaz da CPFL para cortar a energia. Ele entrou na casa e viu nossa situação.”
Eles não sabem bem quanto é a dívida com a CPFL. Parece até que Maria evita pensar nesse assunto. Ela estima que tenha seis ou sete contas em débito, que somam, aproximadamente, R$ 600.
O que não abalou na família é o bom humor. Sempre sorridente, Maria diz que também encontra muita solidariedade. A sobrinha dela, interessada em ajudar, divulgou na internet fotos de Fábio e Fernanda e um relato. O resultado foi a doação de uma máquina de lavar.
O que mais precisam
A família precisa de doações de todo o tipo. Entre as principais necessidades, fraldas e leite (Fernanda precisa tomar dois litros por dia), sem contar em alimentos de todo o tipo e frutas. Outra urgência é um guarda-roupa, pois o que existe na casa está a ponto de desabar a qualquer momento.
Interessados em ajudar podem procurá-los, na rua Antonio da Silva (antiga rua 6).