Notícia publicada na edição de 12/01/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 5 do caderno A -
Marcelo Andrade
Balanço é dos últimos três anos e ainda faltam ser regularizadas 1.200 ligações elétricas clandestinas
Marcelo Andrade
Balanço é dos últimos três anos e ainda faltam ser regularizadas 1.200 ligações elétricas clandestinas
Cerca de 10 mil instalações clandestinas de eletricidade, os chamados "gatos", foram identificadas nos últimos três anos em Sorocaba e outras 18 cidades da região e regularizadas pela CPFL Piratininga, concessionária responsável pela distribuição e fornecimento de energia elétrica. No ano passado, cerca de 2.220 famílias sorocabanas foram flagradas por equipes da empresa consumindo eletricidade sem pagar e tiveram o fornecimento regularizado e a estimativa é que ainda haja 1.200 residências na região em situação irregular, a maioria delas em bairros periféricos. A consequência dessa prática é o maior risco de interrupção no fornecimento de energia elétrica, devido a acidentes provocados pela sobrecarga dos transformadores. Além disso essa prática é considerada crime previsto no artigo 155 do Código Penal, cuja pena vai de um a quatro anos de prisão.
Apesar de a concessionária não divulgar o valor estimado do prejuízo, levantamento recente feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta que o furto de energia elétrica causa um prejuízo anual da ordem de R$ 5 bilhões em todo o País. No Brasil, as perdas na rede de distribuição elétrica são responsáveis por aproximadamente 15% da energia comprada pelas distribuidoras.
Gerente de eficiência energética, Luiz Carlos Lopes Júnior, considera o número elevado e preocupante. Por conta disso, segundo ele, a empresa passou a intensificar as ações de combate a esse tipo de crime. Ações que incluem investimentos em tecnologia para aperfeiçoar seu esquema de inspeção em medidores. Paralelamente, profissionais saem às ruas diariamente com a missão de inspecionar medidores e ligações de eletricidade nos endereços apontados pelo sistema com maiores probabilidades de êxito e, ainda, a adoção de um programa específico, que além de um trabalho educativo sobre o uso racional de energia inclui a trocar a geladeira velha da casa por uma nova, que consome menos e ainda lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes. "Estamos atuando de forma intensa com objetivo de regularizar a utilização clandestina de energia, que sobretudo, representa um risco de acidente constante", afirmou.
Segundo ele, somente em Sorocaba ao longo do ano passado um total de 2.220 famílias consumiam energia de forma irregular, por meio de ligações clandestinas. Essas ligações foram identificadas e passaram a ser regularizadas nos bairros Ana Paula Eleutério (Habiteto), Jardim Nova Esperança, Vila Barão, Jardim Baronesa, Ipiranga, Parque das Laranjeiras e ainda Vitória Régia 1, 2 e 3.
Técnicas e Rede Comunitária
De acordo com o gerente de eficiência energética, os fraudadores utilizam de diversas técnicas para burlar o consumo. Dentre as modalidades mais comuns de fraude estão o travamento do disco do medidor, o rompimento do lacre do medidor com posterior adulteração de seu mecanismo, o denominado de furto rústico de energia, caracterizado por ligações que extraem energia elétrica de baixa tensão dos postes. "Não é uma tarefa fácil. O que nós procuramos fazer não é apenas a simples regularização, pois se o programa se restringisse a regularizar ligações, boa parte das pessoas voltaria a fazer "gatos". Nosso programa, denominado Rede Comunidade, que consiste num amplo sistema de assistência e conscientização. E percebemos que isso tem tido ótimos resultados, já que os índices de resistência e volta à irregularidade é extremamente baixo", relata.
Segundo estimativa da concessionária há na região cerca de 1,2 mil famílias que consomem energia elétrica de forma irregular e deverão ser alvo de processo de regularização. Em Sorocaba, os locais que ainda foram constatados problemas, segundo o gerente, estão a Vila Barão e o Nova Esperança. "Ali não há rede secundária. Por isso há necessidade de investimentos", afirmou. Já em Votorantim são 70 famílias que precisam recorrer aos chamados "gatos" para ter energia elétrica em suas residências. Estão localizadas no bairro Itapeva e são moradores de um conjunto de favelas ali existente. "Nessa localidade há um agravante que a gente não consegue regularizar sem que antes haja investimentos por parte da administração municipal. O local carece de infraestrutura e não tem rede secundária", explicou.
"Todos perdem"
Segundo o gerente de eficiência energética da CPFL, são vários os riscos que o morador corre ao realizar uma ligação clandestina. Além de ser perigoso para o autor da ligação, este tipo de ação é também considerado um crime. "Em uma ligação clandestina, todos perdem. A empresa, que pode ter problemas em sua rede elétrica, como sobrecargas e o morador, uma vez que não há dispositivos de segurança", disse e completou: "É comum nessas situações acontecer aquecimentos dos condutores, curto-circuitos devido à má isolação ou sobrecarga, choques elétricos e até incêndios ocasionados por má atuação ou falta das chaves de proteção."
As ligações clandestinas prejudicam também os clientes que estão regulares no sistema, ressalta o especialista. Eles podem sofrer consequências como oscilações de tensão, interferências em rádio e televisão, devido a possível mau contato nas ligações clandestinas, ou até mesmo interrupções de energia.
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