Diário de Sorocaba
Em nove anos de funcionamento da feira, as responsabilidades de Sorocaba e Votorantim não foram cumpridas
Na entrada do espaço utilizado pelo Ceavo, as condições da rua ainda de terra são precárias (Foto: Fernando Rezende)
Os associados do Centro de Abastecimento de Hortifrúti de Votorantim (Ceavo) continuam enfrentando problemas de infraestrutura no local onde são realizadas as feiras. O acesso da rua Salvador Roque Romano, no Jardim Tatiana, está precário e tanto vendedores como consumidores têm dificuldades para chegar até o local. Há um ano, a reportagem do DIÁRIO esteve ali e constatou as dificuldades, que até hoje continuam.
Segundo o presidente do Ceavo, Carlos Aparecido Dellai, nestes nove anos de realização da feira, várias solicitações de pavimentação já foram feitas às prefeituras de Sorocaba e Votorantim – já que cada cidade cuida de metade da rua – porém nenhuma melhoria foi providenciada.
A feira funciona três vezes por semana e a cada semana cerca de duas mil pessoas de mais de 20 cidades da região seguem para lá para vender e comprar frutas, legumes, verduras e ovos. A cada dia de feira, Dellai precisa avaliar as condições da rua para que os agricultores e consumidores consigam chegar, principalmente após dia de chuva. Na quinta-feira, por exemplo, ele gastou R$ 1.200 com cascalhos e trator para a manutenção da via, que mede cerca de 800 metros. “Mas se amanhã chover, teremos que fazer tudo de novo”, disse na ocasião.
O Ceavo foi criado para acolher pequenos produtores agrícolas que, por conta do alto custo exigido, não conseguiam comercializar suas safras na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). “Enquanto aqui os agricultores pagam R$ 230 pelo boxe, no Ceagesp seria cerca de mil reais por mês”, apontou Dellai. Por este motivo eles chegaram a montar, por conta própria durante três anos, uma feira na rua Terêncio da Costa Dias, em frente ao Lar Escola Monteiro Lobato. “Mas a feira cresceu muito e tivemos que sair de lá porque estávamos atrapalhando o trânsito.”
Para a mudança do local, o Ceavo teve apoio do então prefeito de Votorantim para encontrar estrutura mínima para funcionar. “A promessa era de que teríamos dois anos de teste e depois viria o asfalto e também a iluminação.” Entretanto, as promessas não foram cumpridas e a rua, que possui 18 postes, está sendo iluminada por apenas nove.
Devido ao crescimento no número de associados, as feiras passaram, então, a ser feitas no atual espaço, nas terças, quintas-feiras e sábados, a partir das 14 horas. Mas o terreno é particular e eles pagam R$ 5 mil de aluguel para o Lar Escola Monteiro Lobato. “Se um dia o pessoal do Monteiro Lobato pedir o terreno, teremos que sair e voltar para a rua”, disse. “Nosso contrato vence a cada três anos e da última vez que fomos renovar eles queriam aumentar o preço, infelizmente não tem como.”
LOCAL PRÓPRIO – Além dos pedidos por pavimentação na via, os agricultores anseiam por um local próprio para comercializarem seus produtos. “O poder público olha para as indústrias, investe nelas, mas se esquece de que o povo não vive sem comer. Aqui tem alimento fresco e barato, mas o descaso é grande.” Para o presidente do Ceavo, uma parceria das prefeituras com o grupo seria uma solução para os problemas. “Nosso principal parceiro tem que ser o poder público. Assim eles estariam reconhecendo a importância deste projeto criado exclusivamente por agricultores.”
A esperança dos associados é conseguir um espaço com cerca de 50 mil metros quadrados. Desta forma a geração de empregos e renda, além do abastecimento aos municípios, continuaria. “O crescimento das duas cidades exige esse projeto, mas para isso precisamos de parcerias a fim de não deixar essa feira morrer e sim, crescer.”
O presidente do Ceavo defende que o pequeno produtor precisa de espaço para vender o seu produto direto ao consumidor, para haver competitividade nos preços. “O agricultor fica mais motivado a trabalhar quando há estrutura para isso. Caso contrário, ele deixa de atender e o projeto não dá certo.”
As prefeituras municipais de Sorocaba e Votorantim foram questionadas sobre propostas ou projetos de melhoria para a feira, no entanto nenhuma respondeu às questões até o fechamento desta edição.

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