domingo, 19 de fevereiro de 2012

Olha o corso aí, gente!


 Notícia publicada na edição de 19/02/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 002 do caderno E 

 Para Wilma e Ivo, o que faz falta hoje em dia é ter um salão para pular o Carnaval em Votorantim - Por: Pedro Negrão
"Naquele tempo não tinha esse negócio de hoje em dia, que os jovens mal se conhecem e já se espremem na parede, naquele tempo a gente apenas filava (se olhava)", lembra Wilma Vetorazo Galli, de 79 anos, que aposta que o sucesso deste Carnaval será a música "Ai se eu te pego", de Michel Teló. Ela lembra das marchinhas de antigamente e lamenta a malícia dos dias atuais. "Era uma delícia fazer trenzinho no salão e curtir aquelas músicas", diz, fazendo questão de cantar, como se por um momento voltasse àquela época: "Tanto riso, oh quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão. Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão... Era esse tipo de música que tocava, minha filha", exemplificou para esta repórter.

Wilma nunca esteve diretamente ligada à organização de Carnaval, nunca fundou uma escola de samba ou organizou bailes, sempre foi apenas uma foliã, porém entre as mais animadas, com certeza. "Seu condutor, din din, seu condutor, pare o bonde que aí vem o meu amor", recorda mais uma, toda empolgada.
Os olhos de Wilma brilham ao falar sobre o Carnaval. "Eu cresci nesse ambiente. Desde pequena estive presente nas festas de Carnaval, por conta de meus pais, que adoravam. Eu lembro que tinha 5 anos de idade e enquanto meus pais ficavam dançando no salão, eu dormia, junto das outras crianças, na mesa de bilhar do clube", diz.


Naquela época, Votorantim pertencia a Sorocaba e ela lembra que o corso passava perto de sua casa. "O corso era um desfile de carros e aqui tinha três veículos Ford, que a gente chamada de Ford Bigode, e também um carro "baratinha", que era aberto. Eles passavam pelas ruas principais e a gente ia atrás. Tinha alguns que iam de charrete, e a gente seguia cantando e dançando. Eles passavam pelos bairros da Chave e Barra Funda. Eu tinha uns 12, 13 anos", recorda.
Ivo, marido de Wilma, tem 82 anos e lembra que a década de 40 foi um período de guerra e as pessoas tinham de fazer fila para conseguir mantimento no armazém da Indústria Votorantim. "Mas isso não tirava a alegria do povo. Na época do Carnaval, a gente ia até mesmo fantasiado para a fila e ficava cantando as marchinhas", acrescenta.
 Para Wilma e Ivo, o que faz falta hoje em dia é ter um salão para pular o Carnaval em Votorantim. "Falta um clube para nós urgente. Antigamente pulávamos no Clube Atlético Votorantim, onde agora é uma igreja, e a cidade ficou sem clube. O Sesi irá fazer um baile para a terceira idade, mas e as outras pessoas? A única opção para elas é a rua", argumentam. (D.J.)

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