segunda-feira, 16 de abril de 2012

Uma caminhada pela fé em Votorantim

 Rede Bom Dia
André Reis/Colaboração para o BOM DIA

Sozinho ou em família, trajeto de 20 quilômetros foi prova de fôlego e momento para boas reflexões
 
Participando da Caminhada da Penha pela 12ª vez, Margarida de Brito, 62 anos, se emociona durante o trajeto, o que a leva às lágrimas em alguns momentos. Levando uma sacola com garrafa de água, ela caminha com o terço na mão e num ritmo bem acelerado. “É muita fé. Peço a proteção a todos, pois sou muito devota de Nossa Senhora”, afirma.
A romaria, que já faz parte do calendário oficial de Votorantim, cidade vizinha a Sorocaba, e conta com a parceria da prefeitura, teve início com a missa às 4h, conduzida pelo padre Fábio Ferreira. Durante a celebração, as dependências da igreja de São José ficaram lotadas.

Padre Fábio Ferreira destacou que a Caminhada da Penha, realizada anualmente no segundo domingo da Páscoa, tem a proposta de levar o participante a uma reflexão. “Tivemos uma missa lotada nesta madrugada [ontem], o que não ocorreu nos anos anteriores”, conta.

Roberto Araújo, 61, conhecido pelo apelido de Homem de Ferro pela experiência em romarias de grande distância e provas de pedestrianismo, percorreu o trajeto empurrando sua bicicleta. “Venho aqui pela segunda vez pela devoção a Nossa Senhora.”

Caminhar por um propósito maior foi a proposta do advogado Júlio Cesar Cardoso, 47, que fez todo o trajeto ao lado da mulher Sandra e da filha Alyssa. “Viemos pela primeira vez e com certeza voltaremos para as próximas edições”, adianta.

Quem também participou da romaria foi o prefeito de Votorantim, Carlos Augusto Pivetta (PT). “É um momento muito importante e esta é a sexta vez que participo”, afirma.

Aos 72 anos, o aposentado José de Oliveira disse que já alcançou graças e, por isso, foi à procissão para agradecer. “Quero continuar essa peregrinação por muitos anos ainda.”

De acordo Paulo Roberto Ferreira Camargo, 55, um dos organizadores do evento religioso, centenas de pessoas participaram da caminhada. 

Hoje ele pretende fazer a contagem dos alimentos arrecadados e que, posteriormente, serão doados às entidades assistenciais de Votorantim.

Os romeiros e participantes chegaram na capela localizada na Serra de São Francisco por volta das 8h30. No local, houve uma missa campal que encerrou a 12ª edição da Caminha da Penha.
Trazida por portugueses
A imagem de Nossa Senhora da Penha, explica o padre Fábio Ferreira, foi trazida ao Brasil pelos portugueses. Em Votorantim, a história da santa está ligada à capela, que fica na Serra de São Francisco.

A capela data do século 17 e está em área que pertence a Sorocaba, apesar de o 
acesso ser mais facilitado por Votorantim.

Ela está em propriedade particular, na Fazenda do Sol, em um local alto, onde dá para visualizar toda a serra, com seus morros e mata fechada.

Romaria começa com brincadeira entre amigos
Beto é o apelido do funcionário público Paulo Roberto Ferreira Camargo, 55 anos. Durante 25 anos ele foi dono de um bar em Votorantim. Numa noite, desafiou 20 amigos que estavam no estabelecimento dizendo que iria fazer uma caminhada até a Capela da Penha, saindo da rua Monte Alegre, em Votorantim.
É claro que ninguém acreditou. Ou quase ninguém. À meia-noite, como o programado, ele saiu de  casa para a aventura e foi acompanhado por mais quatro pessoas. “Estava ventando muito e garoando também. Fazia muito frio. Fizemos o trajeto em cerca de três horas”, lembra Beto.

O pequeno grupo chegou exausto na Capela da Penha e na volta resolveu passar pela represa de Cubatão, parte baixa do local. “Nós dormimos até as 7h e depois entramos na cachoeira da Escadaria. Às 13h30, chegamos de volta ao bar.”.

Beto tinha deixado a mulher cuidando do bar e todo colega que chegava e perguntava por ele, não acreditava que realmente Beto teria cumprido a promessa. “Todos ficaram admirados e, para falar a verdade, até eu”, ri.
No ano seguinte, 28 pessoas participaram da caminhada e no terceiro, já eram 70. A partir do quarto ano, Beto começou a divulgação e, então, a procissão passou  a ganhar o formato que tem hoje.

* Por Fernanda Ikedo

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