Notícia publicada na edição de 17/05/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A -
O secretário da Administração Carcerária, Lourival Gomes admitiu à reportagem do Cruzeiro do Sul que o sistema penitenciário cresce à razão de 72 presos por dia
A situação quase desumana em que
vivem as dezenas de detentas da Cadeia Feminina de Votorantim, ao que
tudo indica, deve perdurar por mais um bom tempo. A informação de que a
empresa MGV Engenharia, contratada pela Secretaria da Administração
Penitenciária (SAP) do Estado de São Paulo para construir o novo
presídio feminino abandonou o projeto em definitivo, demitindo inclusive
272 trabalhadores, reforça essa previsão.
Diante desse novo quadro, o prefeito de Votorantim Carlos Augusto
Pivetta (PT) - que mantém contato constante com a SAP por conta do
problema crônico que a cadeia representa para seu município - adiantou
que a Pasta já admite uma nova concorrência pública para escolher outra
empreiteira que termine as obras.
O problema da Cadeia de Votorantim - a única feminina na jurisdição da
Delegacia Seccional de Polícia de Sorocaba - é antigo. Ela foi
construída nos anos 70 nos fundos da delegacia de polícia do município,
como ocorria em tantas outras localidades. Sorocaba também teve cadeia
semelhante - de triste memória, diga-se de passagem - localizada nos
fundos da então Delegacia Seccional de Polícia, na avenida General
Carneiro.
A Cadeia de Sorocaba, para presos do sexo masculino, ficou famosa como
cenário de fugas constantes e rebeliões, em um ponto central da cidade
cercado por um hospital psiquiátrico e residências de um lado e uma
escola aos fundos. Felizmente esse local foi desativado com a construção
do Centro de Detenção Provisória no bairro de Aparecidinha, em local
mais adequado e com projeto apropriado, mas que poucos anos depois
também já dá sinais de superlotação.
Não é de hoje que a Cadeia de Votorantim apresenta problemas. Foi
construída para abrigar 48 detentas, mas não raramente abrigou perto de
uma centena e meia de presas em prédio com péssimas condições
estruturais e sempre com superlotação. Há que se destacar, durante todo
esse tempo, o trabalho do Ministério Público e do Judiciário que há anos
tenta pôr um ponto final nessa situação. Em 2003, quase dez anos atrás,
uma ação civil pública tratava sobre as péssimas condições do local e
recomendava sua interdição.
No ano passado, quando a cadeia abrigava quase 150 mulheres, a juíza
Karla Sotilo regulamentou, por meio de uma portaria, a interdição da
cadeia, determinando que a população carcerária não ultrapassasse 96
mulheres e deu um prazo de 60 dias para que a unidade se adequasse à
medida. Um entendimento firmado entre a Justiça e a Secretaria de
Segurança Pública (SSP), entretanto, prorrogou o prazo que venceria em
novembro de 2011 por mais 60 dias. Começou então um processo de
transferência de presas para outras localidades, minimizando a
superlotação, sem no entanto resolver o problema.
A questão do crescimento da população carcerária torna-se mais séria a
cada dia. No final do mês passado, o secretário da Administração
Carcerária, Lourival Gomes, que esteve visitando Sorocaba, admitiu à
reportagem do Cruzeiro do Sul que o sistema penitenciário cresce à razão
de 72 presos por dia. São 151 presídios administrados pela SAP que
acomodavam 188.500 presos no final de abril. É preciso, portanto, que o
Governo do Estado por meio da Secretaria da Administração Penitenciária
resolva essa situação que afeta toda a região de uma vez por todas, e
da maneira mais rápida possível. Os problemas com a construção do
presídio se arrastam desde 2010, o que provocou sucessivos adiamentos de
sua conclusão. A promessa inicial era que a penitenciária seria
inaugurada em outubro do ano passado.
O prazo foi posteriormente prorrogado para junho deste ano, e agora,
diante dessa nova situação, a conclusão do prédio só deverá ocorrer em
2014. Desde 2010 as obras tiveram pelo menos três paralisações e sempre
pelo mesmo motivo - a frágil situação financeira da empresa escolhida
para realizar a obra.
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