Folha de Votorantim
Valdinei Queiroz
Ex-funcionários da empreiteira contratada
para construir penitenciária feminima de Votorantim estão tendo problemas para
receber seus direitos trabalhistas
A empresa
responsável pela construção da Penitenciária Feminina de Votorantim, no Km 105
da rodovia SP-79, afirmou, durante reunião realizada segunda-feira à tarde com o
Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Sorocaba e região, não ter
recebido a verba necessária para executar a obra.
O diretor da
categoria, João Donizete Martins, disse que a construtura Marka não recebeu da
empreiteira MGV Engenharia e Construções que, por sua vez, não embolsou do
governo do Estado de São Paulo, que está financiando a obra.
Ao ouvir a
declaração dos responsáveis pela Marka, Martins agora quer marcar uma reunião
com o prefeito de Votorantim, Carlos Augusto Pivetta (PT). “Nossa intenção é
solucionar a situação trabalhista de todos os funcionários”, relata. A
reportagem não conseguiu falar com nenhum assessor do prefeito ontem no final
da tarde.
Em outra
conversa, essa realizada em 2 de maio, a MGV e o sindicato fizeram acordo para
sanar as dívidas dos funcionários em três parcelas. A primeira seria paga na
última sexta-feira (11), mas nenhum funcionário responsável compareceu na obra
para pagar. Roberto Vieira de Jesus, 36 anos, um dos ex-funcionários, conta
sobre sua indignação. “Vim de Tapiraí até Votorantim só para receber a primeira
parcela. Chego aqui na construção e não encontro ninguém”, lamentou, dizendo
que fez o exame demissional e outros procedimentos para receber a quantia. As
outras duas seriam depositadas em conta corrente dos trabalhadores.
Martins comenta
que a Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS), reponsável pela engenharia
elaborada para os órgãos da administração direta e indireta do governo de SP,
precisa rever o desenvolvimento do projeto da penitenciária.
Ex-funcionários na Câmara de Votorantim
Quatro
ex-funcionários da obra estiveram na última sexta-feira (11) no gabinete do
presidente da Câmara, o vereador Marcos Antonio Alves, para relatar em detalhes
as ocorrências no ambiente de trabalho, como por exemplo, o fato da obra ter
sido paralisada desde o dia 19 de abril e a demissão de 270 funcionários.
Eles foram procurar
o parlamentar, pois Marcão Papeleiro juntamente com outros vereadores se
mostrou interessado em solucionar os problemas que os trabalhadores estavam
enfrentando.
Um dos
ex-funcionários, que esteve presente na Câmara, Nivaldo Correa dos Santos, 63
anos, acredita que a empreiteira MGV não estava recebendo o valor que deveria
ser repassado pelo governo do Estado de SP, para que fosse encaminhado a Marka
Construtora.
Santos comenta
ainda que a empresa ainda não deu baixa na carteira de trabalho. “Como vou conseguiu
outro emprego formal?”, questiona ele. Residente no município de Tapiraí, 59
quilômetros de Votorantim, ele começou a trabalhar na construção da
penitenciária em 1° de agosto do ano passado. “Nos primeiros meses, tanto
salário quanto os materiais estavam em dia”, diz. Em março deste ano, começou a
reparar que o salário estava atrasado e alguns materiais importantes para a
execução da obra estavam em falta.
Sem haver nenhum
acordo concreto ainda, os trabalhadores estão correndo atrás de um novo emprego
formal. Vilmar Ramos do Nascimento, 48 anos, conta que, por enquanto, está
arrumando “bicos” (empregos temporários) para conseguir suprir as necessidades
de sua família. Ontem pela tarde, Nascimento havia conseguido um trabalho como
encanador. “Não posso ficar parado, tenho família para cuidar”, comenta.
A maioria dos
colaboradores residem nas cidades de Sorocaba, Piedade, Ibiúna Tapiraí e
Votorantim, e trabalham há aproximadamente nove meses a um ano na construtora.
Pelo direito do
trabalhador, o empregador que foi demitido sem justa causa, deve receber 13º
proporcional, férias proporcional, liberação do FGTS (Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço) acrescido de multa de 40%, saldo de salário (dias trabalhados
no mês) e seguro-desemprego se tiver mais de seis meses de trabalho. O
ex-funcionário Santos diz que o FGTS não está sendo depositado, embora esteja
sendo descontado em folha de pagamento.
Criação de Comissão
Depois de
fazerem uma visita surpresa e serem barrados na portaria da construção da penitenciária,
em 18 de abril, os vereadores Heber de Almeida Martins (PDT), Marcos Antonio
Alves (PT), Lázaro Alberto de Almeida (PMDB) e Solange de Oliveira Pedroso
(PMDB) entraram em consenso para a criação de uma comissão para averiguar todas
as irregularidades da obra.
Ontem pela
manhã, a comissão, representada pelos quatros vereadores, criou um relatório
retratando sobre a greve de trabalhadores, falta de matéria-prima, além de
outras questões.
Nos próximos
dias, a comissão encaminhará o relatório ao deputado estadual Enio Tatto (PT),
para que ele entre em contato com o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin
(PSDB), e mostre a situação da construção da penitenciária.
A obra, que
estava prevista para ser concluída em outubro do ano passado, recebeu nova data,
para junho deste ano. Pelo andamento, a construção não será feita neste último
prazo. O investimento é de R$ 49.693.238,67, financiado pelo governo do Estado
de SP.
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